quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Da Nina

Não é a primeira vez que vos falo dela, embora tema vá ser a última. A Nina, a boa influência do meu filho, mudou de casa e, consequentemente, de escola. Foi uma notícia desoladora, tanto para o meu pequerrucho como para nós, os pais. De todos os miúdos que poderiam partir, a única que eu desejava ficasse por muito tempo na “nossa” vida era a Nina.

Conheceram-se na primeira classe e foram da mesma turma nos anos subsequentes. Até à passada sexta-feira.

Partilharam, durante uns tempos, a mesma mesa – tendo nascido entre eles um sentimento bonito, que a dada altura chamaram de amor e que nunca deixou de ser uma verdadeira amizade.

Sem andarem colados, tinham-se um ao outro e consideravam-se os beste Freunde.

A ligação de ambos era salutar para o meu rebento, que dado a extravagâncias e pantominas, encontrava na amiga um equilíbrio que o mantinha na ordem. Na sua ânsia de independência e afirmação, tem atitudes muitas vezes desajustadas que não só não são travadas como serão, pelo contrário, fomentadas e aguçadas pelos outros amigos que tem. Todos rapazes.  

Sem a Nina, fica despido.

É verdade que por razões diferentes, mas vamos todos sentir muitas saudades da melhor amiga do meu menino.

A três é que é bom!



sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Dos chiques - Steampunk

E eis a segunda parte daquele texto mal amanhado de há dias, que decidi dividir em dois - para os distraídos, informo que a entrada anterior sofreu fortes alterações 😅 

Se fosse vasculhar no passado saberia dizer quando fora a última vez, mas não sendo esse o elemento relevante, digo-vos apenas que no último fim de semana a Steampunk Convention voltou a acontecer no Fond-de-Gras e que nós fomos até lá!

Foi um sábado de agenda cheia, com as atividades extracurriculares do pequenote. Estivemos privados da ajuda paterna – benemérito extremoso foi ajudar uns desconhecidos a desmontar a casinha da Hera – e passamos uma grande parte do dia a correr de um lado para o outro. Ainda assim, não nos faltou a energia para, juntamente com o nosso Mickey, palmilhar o caminho que nos separava do mundo fabulástico do Steampunk.

Já tínhamos cruzado alguns participantes do evento, com as suas roupas extravagantes e os seus acessórios alucinantes. No entanto, o aglomerado de steampunkers associado ao cenário do Minett Park resultaram num quadro indescritível.

O meu filhote adorou o estilo, que qualificou de “os chiques”. Ficou deleitado com os vários elementos que os participantes exibiam, sobretudo os mais inventivos, como uns samurai.  
Havia vários stands com artigos à venda, os quais foi percorrendo em busca de uns acessórios – estava focado na compra de uns óculos de aviador. A mãe apoiou moral e financeiramente a compra dos ditos óculos e, ainda, de um chapéu alto – que lhe deram uma classe e elegância notáveis, como se pode ver pela foto 😄

Disse que da próxima vez quer vestir-se todo a rigor. Não me parece mal. Na verdade, no meu interior também anseio um dia envergar uma daquelas indumentárias loucas, subir para o comboio 1900 e viajar para um mundo paralelo.

Um pouco de fantasia nunca fez mal a ninguém.

A três é que é bom!




segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Do triste fadário

Para quem acompanha este blog, vai dar-se conta que esta entrada não é propriamente nova.
Leitora e crítica dos meus textos, apercebi-me que misturar assuntos não fazia sentido, pelo que separei a anterior publicação em dois, atribuindo a esta um novo título e remodelando a apresentação. 

Mas que considero eu de triste fadário? Considero a árdua tarefa de, dia após dia, explicar ao meu rebento que o valor das pessoas não está no que elas mostram exteriormente (roupas, calçado, joias, carros, casas) mas naquilo que elas são no seu coração. E dele nada reter desta ladainha. 

Vejamos um exemplo: em princípios de setembro, o meu filho foi apontado por outras crianças que frequentam a mesma estrutura de acolhimento por usar sapatilhas supostamente baratas. Ou seja, os colegas denegriram o que lhe viram nos pés, considerando-se eles próprios superiores e mais na moda, porque as suas sapatilhas teriam custado 300 €.
A atitude do meu rapaz foi, sem fazer ideia do valor das suas sapatilhas, assumir inequivocamente que as dos outros eram melhores. 
Sempre permeável às criticas alheias, veste na pele as "indignidades" que lhe atiram, inferiorizando-se. Não é capaz de questionar e perguntar-se: mas não serão as minhas coisas melhores do que as dos outros? Não serei eu o exemplo a seguir e não os outros? Ou melhor que isso: estou-me no penico! 

É claro que fico louca. E ponho-me a gritar aos quatro ventos que esta sociedade está podre e que não vamos a lado nenhum com pais a incutirem aos filhos os valores da ganância e das aparências. 

Mas de que me serve tanta indignação? Não é por isso que o mundo vai mudar. O que tenho de fazer é continuar no meu triste fadário de martelar na cabeça daquele que tenho em casa. 

Porque do meu amor maior eu nunca vou desistir. Por mais ameaças que faça 😬

A três é que é bom!





quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Dos gestos bonitos

O meu pequeno príncipe é daquele tipo de pessoa que tem mau acordar, exceção feita aos dias em que acorda cedo para fazer alguma coisa que seja do seu agrado. Quero com isto dizer que mesmo aos sábados, domingos e feriados pode despertar contrariado, se o programa não for de encontro aos seus interesses.

Embora ainda esteja de férias, o papa e eu estamos a trabalhar pelo que vai para a estrutura de acolhimento. Isso é fator mais do que suficiente para, logo ao abrir a pestana, me presentear com um humor de cão (o Mickey, como cachorro que é, está sempre contente, pelo que desconheço a origem desta expressão).

Ontem excedeu-se um pouquinho na sua bravura matinal.
Ainda antes de sairmos de casa, começou com o habitual circo de aborrecer o cão ao invés de se calçar e vestir o casaco. Disse-lhe, como sempre, para tratar dele e deixar que eu ponho a trela no Mickey – até porque se enrosca no bicho e fica com a roupa cheia de pêlo.  Foi o suficiente para me lançar olhares agressivos e murmurar impropérios, saindo disparado de casa, sem esperar por nós ou sequer olhar para trás.

Para uma atitude totalmente despropositada e parva, nada como outra que também deixa a desejar: não lhe falar.
Ou seja: quando a meio caminho se lembrou de abrandar o ritmo e chamar o famoso “mamã”, eu não lhe respondi. E continuei sem lhe responder durante uns minutos, até que me rogou lhe falasse e eu lhe perguntei se não me devia um pedido de desculpas. Assentiu que sim e pediu. E eu desculpei. Prontamente. Mas disse-lhe que deveria pensar melhor no que diz e faz porque as suas atitudes de palerma não refletem o menino maravilhoso que é. Trocamos os beijinhos de “até logo” e fomos trabalhar.

Não voltei a pensar no assunto, até porque é moeda corrente ter de o chamar à razão.

Foi para mim uma enorme surpresa encontra-lo ansioso, à minha espera, no meu regresso a casa. Tinha uma prenda para mim, que fez durante o dia no acolhimento. Fez-me uma pulseira, para reforçar o seu pedido de desculpas e dizer-me o quanto gosta de mim.
Que gesto bonito!
Mas bem mais lindo é o seu coração!
Que feliz fiquei por constatar que a nossa disputa matinal lhe ficou a martelar e que, nos seus pensamentos, reconheceu ter-se excedido e necessitar redimir-se.  

Todos nós cometemos erros – errar é humano! – mas reconhecer as nossas falhas é uma demonstração de carácter apenas dos “grandes”. O meu menino é gigante e, bem amparado, tem um mundo à sua frente, à espera de ser conquistado.

A três é que é bom!

                                              Na falta de A, colocou os V. Engenhoso 😜


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Da promessa

A minha memória já não me permite garantir, com certeza, o ano em que me propus levar a um labirinto de milho o meu pequeno príncipe e a minha rainha. A minha cunhada diz que remonta ao nascimento do caçula da família, altura em que a mais velha passava mais tempo connosco (que lindas recordações que tenho desses dias!). Terá sido, portanto, há 5 anos.

Nessa altura, as condições meteorológicas adversas, associadas a desarranjos de tempo, culminaram no adiamento da iniciativa para o ano seguinte. O certo é que nos anos subsequentes não organizaram o dito labirinto.

Tal facto não seria grave, não fosse dar-se a circunstância de, há 5 anos e nos momentos mais inusitados, a minha querida afilhada me atirar à cara que não cumpri o que lhe prometi. Por mais que lhe explicasse que não voltaram a semear o milho, a conversa terminava sempre com um olhar furioso e frontal e com a acusação vil de ter falhado ao prometido.

Não sabe a serigaita que o meu desejo de não faltar à palavra é incontestável, e que todos os anos, por esta altura, procurei realizar o seu sonho.

Este foi o ano!

No meio das publicidades inúteis e execráveis que me aparecem pela frente, surgiu-me, há umas semanas, uma espetacular! O Park Sënnesräich criou um labirinto de milho, com zonas de experimentação, num terreno de 1,3 hectares.
Desta vez, nem que chovessem picaretas, haveria de levar a criançada a perder-se no milho e saldar a minha dívida. Sim, que se no futuro estes pirralhos não cumprirem o que prometerem, nunca poderão invocar o meu nome como exemplo. 

Desta feita, não a dois, mas a três – o piolho teve tempo de crescer e juntar-se à festa – partiram em largada na frente, à descoberta dos caminhos entre as canas altas, numa ânsia de chegar mais além.
Desembocando em impasses aqui e ali, percorreram os trilhos do labirinto, exploraram as barracas dos 5 sentidos, saltaram na palha, mimaram os espantalhos… tudo numa euforia e algazarra audível a 1 km.
Que bom que é o barulho de crianças felizes!

Garantidamente que: A três é que é bom!



quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Da impaciência

O título desta entrada tanto poderia ser este como: da ansiedade, do stress, da pressa, da sofreguidão, da precipitação. Basicamente são sinónimos e caracterizam bem o carácter urgente do meu filho.

Eu sei que já falei disto e que não é novidade o facto do pequeno príncipe viver focado no que vem a seguir. Tem dificuldade em aproveitar o presente, tal é a sua vontade de chegar ao futuro. Prefere a incerteza do amanhã à garantia que o agora proporciona.

Esta agitação reflete-se nas grandes e nas pequenas coisas.
É tamanho o rebuliço da sua alma que até a dentição sai afetada: quando um dente dá sinais de abanar, empenha-se, sem relaxe, no pobre coitado, até que acabe por ceder à sua voracidade. Isso implica arranca-los quase à força, sem que o dente definitivo esteja “à porta”.

Em fevereiro, e após uns dias de trabalho intensivo, conseguiu arrancar o incisivo central direito superior. Empenhou-se de tal ordem em fazer saltar o dente que me vi obrigada a ajudar a extraí-lo, para evitar que o comesse durante a noite.
A precipitação levou a que, volvidos meses, o dente definitivo continuasse sem dar ares da sua graça. Em maio foi à dentista que, através de radiografia, constatou que dente estava lá e que a dureza da gengiva estava a impedir que brotasse. Sugeriu trincasse, durante 3 meses, cenouras cruas, para amaciar a pele e ajudar o incisivo a crescer – sob pena de ter que efetuar um corte para permitir a saída do dito cujo.

Foi engorgitando cenouras, mas acredito que a aspereza de as trincar sem dente fosse de molde a desviar a mordida para outras paragens. Certo é que ainda há uma semana nem sinal do dente definitivo. Precisamente no dia em que marquei consulta na dentista para obviar ao problema, chegou-me a casa com a novidade: já se sentia uma pontinha de marfim a despontar.

Levei-o, ainda assim, ver a médica que nada fez no dente a crescer, aproveitando para lhe limpar os restantes e lhe relembrar duas coisas: a importância de lavar os dentes e a necessidade de deixar a natureza fazer o seu trabalho.

Que bom que seria se o meu pequenote conseguisse desacelerar e saborear a vida, sem pressas.

A três é que é bom!



segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Das emoções fortes

Schueberfouer é o nome da feira popular que, anualmente*, durante 20 dias, anima a capital deste país.

Jean l’Aveugle, rei de Bohème et Comte de Luxembourg, foi o responsável pela sua criação, em 1340, organizando o que na altura não passava de um pequeno mercado, mas que hoje, com mais de 650 edições, representa uma lufada de ar para a economia e diversão nacionais.

* O meu itálico na palavra “anualmente” quer ressalvar o interregno que a pandemia provocou nas nossas vidas – dois anos que voaram, não sei bem como – e durante o qual a maioria das “tradições” foi suspensa. A feira popular não foi exceção. Em 2020 foi cancelada e em 2021 quase inexistente.

Ontem foi o dia de voltar à Fouer de antigamente, com a família. E foi curioso constatar como algumas coisas mudaram neste “entretanto”.

Começando por aquilo que se mantém inalterado:
- o Gebake Fësch da Friture Armand não desilude. Aparentado do bacalhau fresco, é um peixe branco e saboroso, envolto em polme antes de fritar. Delicioso;
- O Kürtos, de origem (salvo erro) húngara, é um rolo oco, de bolo crocante por fora e fofo no interior. Com cobertura de coco, petitas de chocolate, noz, canela ou caramelizado, faz parte daquelas iguarias que nunca falham nas nossas incursões aos mercados.

As surpresas revelaram-se ao nível das atrações.
Na última edição da feira a que fomos, o pequeno príncipe tinha 6 anos e, em conivência com a sua idade, quis andar nos carroceis para criancinhas: o comboiinho insosso e o típico carrocel redondo, com aquela musica chata e repetitiva. Não faltou a pescaria de patos, trazendo para casa uma bugiganga qualquer que acabou no caixote do lixo por inoperante ou de qualidade duvidosa.   

Este ano o meu rebento surpreendeu-me com a sua audácia em experimentar coisas novas e potencialmente assustadoras.
Ainda antes de nos encontramos com os primos, arriscou-se numa viagem no Daemonium, que é o maior comboio fantasma itinerante do mundo. Foi com o papa e saiu de lá extasiado e trémulo, a relatar as realidades terríveis que cruzou pelo caminho, com especial enfoque no motosserra empunhado por um senhor de carne e osso.
Com as emoções a oscilar entre o espetacular e o aterrador, a experiência foi de molde a querer repetir a dose, pelo que mais tarde voltou à carga, mas desta vez a mamã também seguiu viagem com a prima – superamos a prova, sem gritos.

E quem fala em gritos, fala em guinchos, berros, ganidos e outros ais. Isto foi o que se ouviu do alto da montanha russa Wild Mouse quando os “meus” mais velhos, com os respetivos pais, foram dar uma voltinha.
O pequerrucho e a prima não imaginavam no que se estavam a meter, quando, todos gaiteiros, subiram para a carruagem. Os sorrisos e excitação iniciais transformaram-se em olhos esbugalhados e dentes serrados, o retrato do medo. Muito bom!

Não, não estou a ser cruel ao rir-me do pavor que sentiram. Tenho a certeza que apesar do pânico, viveram um momento único de adrenalina e que vão recordar, com saudade, aquela primeira experiência.
É bom superar-se e enfrentar o próprio medo.
A vida é para os audazes.
E o que seria da vida sem um pouquinho de pimenta?

A três é que é bom!




quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Das dúvidas existenciais

Com o crescimento as crianças tornam-se não só mais curiosas como as suas associações de ideias os levam a ter pensamentos mais complexos que requerem, muitas vezes, esclarecimentos e elucidações. É a idade das perguntas difíceis – ou por outra, das respostas espinhosas. Os seus questionamentos são legítimos e naturais. As explicações é que nem sempre são obvias e obrigam-nos a um trabalho mental rápido e coerente.

A pergunta típica “de onde vêm os bebés?” já foi formulada há muito tempo. Não me lembro quando, mas há tempo suficiente para que uma resposta baseada nas sementinhas fosse suficiente para satisfazer a curiosidade.

Entretanto, no ano letivo precedente, um dos temas abordados nas aulas de ciências foi a reprodução dos sapos. O pequeno príncipe contou-nos, com entusiamo, o que aprendera e falou-nos do comportamento dos sapos que, por quererem tanto ter bebés, chegam a ponto de afogar as parceiras.  

Esta partilha serviu-me para me safar de um momento delicado, quando, do nada, o meu pequerrunho me perguntou o que significava o gesto de fazer um circulo com o polegar e o indicador e de passar no seu interior, para a frente e para trás, o dedo indicador da outra mão (não preciso ser mais explicita para perceberem, certo?). A pergunta apanhou-me de surpresa e para tentar alinhavar uma resposta – é sempre preciso dar resposta – que fosse razoável, pedi me dissesse onde tinha visto tal coisa. Fora uma das colegas da turma.
A minha explicação foi o mais concisa e simples que consegui - porque informação a mais conduz a questionamentos acrescidos.
Relembrei-o que tal como os sapos, todos os animais (racionais e irracionais) se relacionam para fazerem bebés e que esse gesto simboliza o ato de um macho e uma fêmea conceberem os filhos, mas que é uma representação muito ordinária e feia. Disse-lhe que não deveria repetir tal mímica, que era de má educação.

Se é verdade que no momento o meu esclarecimento satisfez o seu interesse, não demorou muito para que voltasse à carga com mais dúvidas. Passamos da teoria à prática: como é que a sementinha do homem se encontra com a sementinha da mulher. Eh pá! Agora é que a porca torce o rabo! Esta sim, ia ser difícil de explicar.
A pergunta surgiu ainda antes das férias, mas a complexidade do tema exigiu que lhe pedíssemos um tempo de reflexão.
As suas alusões à questão mostraram-nos a urgência de lhe satisfazer a curiosidade – porque se não obtivesse um esclarecimento nosso, procuraria noutras fontes e sabe-se lá o que daí adviria.

Tínhamos pensado que a série “Era uma vez a vida” poderia ser de utilidade, mas não peca por não ser demonstrativa. Acabamos por optar por um vídeo, adequadamente explicito, no qual a narradora acompanha as suas explicações com as imagens de um livro infantil sobre o tema. Fomos fazendo pausas na narrativa, para esclarecimentos adicionais e para reforçar que é um ato praticado por gente grande e nunca por crianças. Pareceu-nos que a sua curiosidade ficou saciada. A única pergunta embaraçosa que dali adveio foi: vocês fizeram isso para me fazerem a mim? Todos nus?

Eu sei. Todos achamos que os nossos pais não fazem aquelas coisas. Viemos no bico da cegonha 😁

A três é que é bom!



quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Das grandes férias

Comecei esta entrada pelo título, tendo escrito “das férias grandes”. Reli e não me soou bem. É que longe vai o tempo em que as férias de verão eram efetivamente grandes. Os 3 meses do antigamente encolheram e converteram-se em 3 semanas. Que informação dramática!

A este propósito vou-vos confidenciar que o meu maior sonho, neste momento, era poder ter tantas férias quanto o meu rebento e passar todos os meses quentes numa casinha junto ao mar. Isto sim, seria qualidade de vida.

Mas avancemos.    

Se o tempo é curto, há que o aproveitar ao máximo. E foi mais ou menos isso que fizemos!

A primeira semana de férias, em Islantilla – Espanha, com os compadres e os primos emprestados, foi espetacular. Os dias, divididos entre praia, mar, caminhadas, conchas, castelos de areia, piscina, mergulhos, gelados, ainda mais gelados, almoços e jantares demorados… passaram a voar.
O diário de bordo regista dois acontecimentos fora de série: a picada de alforreca/medusa do meu pequeno príncipe e a tentativa de agressão da minha afilhadinha à miúda do biquíni amarelo que destruiu a tartaruga de areia. Priceless. 

Se é verdade que não se recupera o tempo passado – a vida colocou-nos em países diferentes, não nos permitindo uma convivência mais amiúde – o certo é que quando estamos juntos estreitamos ainda mais os laços que nos unem e criámos memórias.
Gostamos muito uns dos outros e apreciámo-nos mutuamente.
A amizade das mães encontrou prolongamento nos filhos, que se entendem e se dão como se crescessem juntos. São dois autênticos índios, com brincadeiras tontas e gargalhadas barulhentas. Ainda que muitas vezes os tenha chamado à ordem, admito que amizade que é amizade, é para viver estrondosamente.
 
Finda a estadia por terras de nuestros hermanos, seguimos em direção à capital portuguesa.
Na tarde do dia que chegamos visitamos o Oceanário – o peixe-lua é um ser muito estranho e aquele tubarão dentuço tinha alguma coisa contra mim – e demos a voltinha na telecabine. As vistas sobre a ponte Vasco da Gama justificam o preço.
No dia seguinte seguimos rumo a Belém, tendo abandonado o autocarro perto da ponte 25 de Abril, por estar irrespirável lá dentro. O passeio junto ao Tejo é muito agradável e dado a belas fotos – só comprometido pela má disposição da criança. Vimos, por fora, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos. As filas intermináveis são um travão à vontade de qualquer um.
Ali junto aos Pasteis de Belém – onde só uma gravidez justificaria a espera – encontramos um casal amigo que, após nos mostrar o chão salgado onde um dia fora a casa dos Távora, nos levou para a baixa da cidade e nos fez descobrir pequenas maravilhas que passam despercebidas aos turistas menos atentos. Não saberei identificar todas as ruas e monumentos que vimos, mas lembro-me do Marquês de Pombal, Fernando Pessoa, Camões, Praça do Comércio, elevador de Santa Justa, elevador da Graça e das vistas maravilhosas sobre a cidade, com o Castelo de S. Jorge, a Sé e o Tejo em destaque. Fica para a memória o majestoso jantar no Bairro do Avilez. Divinal. O espaço, a comida e, sobretudo, a companhia.

No caminho rumo ao norte fizemos desvio pela Gafanha da Nazaré porque, nas pequenas loucuras que se me acometem, queria visitar um farol. Embora fosse o dia e hora indicados, não foi possível levar avante o projeto. A desorganização da visita – não cheguei a perceber se era viável – aliada à frequência hostil e à falta de lugares de estacionamento empurrou-nos dali para o destino final: a santa terrinha.

Atracamos na casa dos avós até ao regresso à nossa, embora com algumas saídas pelo meio:
- Tivemos o jantar no palácio dos compadres com a nossa grávida, que está maravilhosa! As correrias dos dois índios com a Sky e o banho que se impôs após aquele percalço na quinta ficarão na memória de quem lá esteve;
- Fomos, com a querida Sónia e o Francisco (que além de filho da minha amiga, é amigo do meu filho), à Feira Medieval de Santa Maria da Feira – vale a pena e voltaremos;
- Ainda demos um pulo a Vila Real, para cinema e jantar com os compadres e as nossas criaturas – as nossas saídas conjuntas são sempre animadas;
- E no demais foram passeios de mota do pequeno príncipe com o avô – ganhou uma queimadura de grau desconhecido, mas de aspeto horroroso numa perna – idas ao café emborcar mais gelados, brincadeiras com os primos, correrias pelos quelhos atrás da bola, escapadelas para ir ver os gatos bebés na casa velha e voltar cheio de pulgas ou lá o que era aquilo, algumas tentativas de passar horas a jogar na tablete… e ajudar a mamã a fazer espanta espíritos com o sacalhão de conchas que trouxemos de Espanha (eram tantas e tão lindas, que não pude resistir).  

Se é verdade que o meu filhote demonstrou manter umas arestas para limar (é teimoso e anda particularmente provocador, dizendo e fazendo o contrário daquilo que sabe que esperam dele), no computo geral foram dias prazerosos, de merecido descanso.

O pequeno príncipe divertiu-se imenso, permitindo-se desfrutar de uma liberdade que não é possível no resto do ano. Fez amigos na praia, fez amigos na piscina, fez amigos no tasco da terra e voltou convicto de que metade da aldeia é família (o que não é verdade).
Com energias renovadas e marcas de guerra, regressamos ao doce lar, já com saudades do mar e da dolce vita.

A três é que é bom!



segunda-feira, 25 de julho de 2022

Da cabeça dura

Como mãe de filho único, não tenho experiência nem termo de comparação para saber distinguir o trigo do joio. Quero com isto dizer que, sem desvalorizar as capacidades e inteligência do meu pequenote, não sei até que ponto se destaca ou se assemelha aos demais.

Quando ele era mais pequenino, eu, além de partilhar com as mães à minha volta, procurava muita informação em blogs e sites de parentalidade para tentar descortinar se o pequerrucho estava a desenvolver-se conforme o esperado. As consultas à pediatra confirmavam que estava a crescer e as leituras e conversas com outras mães e com as educadoras da creche tranquilizavam-me quanto ao resto.

Cada etapa do seu crescimento correspondeu perfeitamente às expectativas, sendo um bebé e uma criança muito perspicaz e intuitivo, de raciocínio e compreensão rápidos.  

Hoje, com 9 anos de idade, já não há “manuais” que me possam guiar nesta minha árdua tarefa que é ser mamã. Restam-me as conversas/troca de experiências com outras mães e, em certa medida, a perceção dos profissionais à sua volta – que, no caso concreto, se resume ao professor. Os educadores e afins da estrutura de acolhimento são tão incompetentes que me dispenso de lhes pedir opinião.

Na reunião de fim de ano escolar debatemos o facto de o meu filho ser muito casmurro e procurar incessantemente levar a sua adiante – mesmo sabendo que não lhe adianta de nada ser teimoso. O professor explicava-me que nesta idade os miúdos estão a formar a sua personalidade e que o fazem, muitas vezes, pela via da provocação. Ou seja: é uma característica mais ou menos comum e transversal à sua geração.

Pois não sei. Imagino que tenha razão. E que estas guerras (a meu ver desnecessárias) que travamos quase diariamente sejam o caminho que o meu príncipe terá de trilhar para chegar à etapa seguinte.

O que sei é que não vou desistir de lhe incutir os bons valores e zelar para que se torne um ser humano de coração gigante e alma limpa.

Nem tão pouco vou desistir de coisas mais simples como seja obriga-lo a palmilhar o caminho até ao Fond-de-Gras para ver uma exposição de carros antigos, que afinal lhe agradou e lhe fez melhor ao cérebro do que ficar sentado à frente da televisão.

Nota final: ontem, enquanto regressávamos a casa, o meu menino perguntou-me se ia escrever no blog sobre os carros. Disse-lhe que não, que talvez fosse escrever sobre ele ser um cabeça dura. Não gostou da ideia e ameaçou apagar o meu blog. Se isto não é irreverência e muita prepotência, não sei o que seja. Esta entrada é para ti meu amor 😜

A três é que é bom!



quinta-feira, 14 de julho de 2022

Do bandolim


Tive de recorrer ao suporte de papel para me localizar no tempo e, com rabiscos acima e abaixo, conseguir descortinar há quantos anos é que o meu pequeno príncipe anda a aprender música. Bem feitas as contas, constatei que já acumulou uns anitos de experiência musical.

Tudo começou em 2018, com o “éveil musical” (despertar para a música)  tendo, no ano letivo seguinte, complementado a formação musical com a aprendizagem de um instrumento.
Tal como vos contei em janeiro de 2020, o destino colocou-lhe o bandolim na frente. Felizmente, diria eu. Pois não vejo que outra pessoa além da professora de bandolim teria paciência para ensinar um mandrião desta estirpe. Diz de boca cheia que gosta de tocar bandolim, mas quando lhe dizemos para treinar, nunca é o momento certo. Posto isto, há 3 anos que toca 30 minutos por semana, fora férias escolares em que não pratica nada.

Partindo eu do princípio que nada chega sem esforço (o qual o meu pequerrucho não faz), não foi sem espanto que no passado sábado o ouvi tocar tão afinadinho e quase sem falhas, na audição pública organizada pela docente.

De regresso à sala de 2020 – após um interregno de vida por causa da pandemia – pude constatar com os meus próprios olhos (e ouvidos) que o meu pequenote fez uma progressão enorme.

Acompanhado ao piano pela professora, encheu a sala de musicalidade.
A primeira música, com acordes harmoniosos e a puxar para a melancolia, seria a banda sonora perfeita para uma despedida, com laivos de esperança no final. Linda. (Deixo-vos um excerto infra - que sistema não me permite carregar o video completo, que fará dois).
A segunda música transportou-me, não sei porquê, para a Irlanda e para os seus acordes festivos. É alegre e de celebração. Muito bonita também.

Foi uma atuação conseguida, que me encheu de orgulho.

É claro, como não poderia deixar de ser, que lhe dei os parabéns pela magnífica prestação, mas frisando que, se calhar com um pouquinho de treino extra, as pequeninas falhas seriam dissipadas.

Estes conselhos entram-lhe por um ouvido e saem pelo outro.

A música, pelo contrário, entra-lhe pelos ouvidos, percorre-lhe o corpo todo e alojasse-lhe na alma. Genes. Está nos genes 😅😁😊

A três é que é bom!


sexta-feira, 8 de julho de 2022

Do alto dos seus 9 anos

Comecemos pela parte factual: o meu pequeno príncipe já tem 9 anos. NOVE!

Uns dias antes da data do seu aniversário tive uma reflexão que além de aterradora, me deixou à beira da depressão: 9+9=18. Ou seja, outro tanto de vida do meu filho (que a mim me parece que nasceu ontem) e atingirá a maioridade.

Se isto não é avassalador, não sei o que seja. Esta consciência de que está cada vez mais perto de ficar longe, esta projeção num futuro próximo em que o meu rebento aparece mais alto do que eu (e já falta tão pouco!), de voz grossa e barba é-me insuportável.

Que saudades que eu tenho do meu bebé!

É claro que na caixinha das recordações desses primeiros tempos, só guardei a lembrança do aconchego gostoso, do bom que é ter um bebezinho nos braços e sentir o seu calor e o seu cheiro, o olhar penetrante e o seu sorriso doce e ternurento. As cólicas, as mastites, o vomitado, as horas ao colinho antes de adormecer… nada disso me lembro.

A realidade atual é menos idílica e mais pungente.

Nestes últimos tempos, partilho a vida com o que qualificaria como uma espécie de pré-adolescente que, além de teimoso como uma burra, demonstra uma enorme incapacidade de discernir o que é bom para si.

As ideias de jerico afluem com vivacidade, os interesses são determinados pela coletividade (gosta daquilo que os outros gostam, independentemente do que seja) e vive obcecado pelo que está para vir.
Neste quadro, é fácil colidirmos e chocarmos, tal é o enfoque do meu filho em caminhos tortuosos e perigosos.
Bem sei que tenho de o deixar cair e bater com a cabeça – para que retire o ensinamento dos próprios erros e para que possa aprender a levantar-se. Mas, até onde posso e devo tolerar que vá? Onde está o limite? Quando é que na minha tentativa de o proteger deixo de vestir a pele de mãe galinha, e passo para a pele de mãe manipuladora e restritiva?
Não é evidente.
E coloco-me muitas vezes em causa, no desejo de ser para o meu menino um pilar firme onde se apoiar toda a vida e não um cadeado do qual deseja libertar-se.

Comunicação, compreensão, tolerância, empatia e muito Amor serão, certamente, as chaves para levar este barco a bom porto. O vento nem sempre é favorável, mas ajustando as velas, havemos de chegar. Muss! 

Nunca ninguém disse que seria fácil, apenas que valeria a pena (autor desconhecido).

A três é que é bom!



terça-feira, 31 de maio de 2022

Das férias a dois

A ideia inicial, de tirar férias aquando ao meu pequerrucho no mês de maio, era que pudéssemos aproveitar uns dias em família, algures. O papa viu-se negado o pedido de férias pelo que o plano original, de partirmos os 3 (ou os 4) foi por água abaixo.

A verdade é que a perspetiva de passar toda uma semana por casa com o rebento não correspondia minimamente às minhas expectativas de repouso e proveito. Tirar dias para ficar em casa não são férias. São, de certa maneira, dias perdidos.

Assim, e tendo em conta que nunca tinha viajado sozinha com o meu pequeno príncipe, começamos a explorar uma série de alternativas, por forma a poder partir com algum suporte. Excluídas as opções que mais nos teriam agradado, acabamos por nos associar ao grupo de uma pessoa que nos é muito querida e partimos rumo à Calábria.

O hotel era simpático mas bastante isolado. Como a época balnear só abre em meados de junho, ainda não havia animação e nos arredores estava tudo fechado.
Valeu-nos o facto de o grupo contar com 8 menores, dos 6 aos 17 anos, e de todos se entenderem relativamente bem. Brincaram na piscina, no mar, no areal, nos vastos jardins relvados. Não houve escaramuças nem amuos. Conseguiram conciliar interesses e aproveitar a presença uns dos outros para tornar as férias mais animadas.

O meu filho passou praticamente os dias mergulhado na água, ora doce, ora salgada. Saía obrigado, quando as horas das refeições o impunham. E contava os minutos da digestão, para poder voltar a saltar para a piscina ou para entrar no mar e ver os peixes nas águas límpidas em vários tons de azul.  

Com muita dificuldade o persuadi a passear um pouco à beira mar (ficamos desiludidos com a quantidade de lixo na praia) e a acompanhar-me numa caminhada de 25 minutos, que nos levou à paisagem mais bonita da semana. Chegados ao cimo da escadaria concordou que valeu a pena. Concorda sempre. Mas a luta para o convencer a seguir-nos é por vezes desgastante.

Se tivesse que apostar no ponto alto da nossa estadia em Itália, diria que foi o passeio de barco de Tropea a Capo Vaticano. Não para mim, que enjoei e quase virava o barco. Para o meu pequenote.
Desde que chegamos até ao dia da excursão andou a moer-me o juízo a dizer que queria mergulhar em alto mar – porque, de acordo com a descrição da atividade, haveria essa possibilidade. Disse-lhe que só poderia lançar-se à água se tivesse colete salva-vidas. Pois bem… havia coletes. E o prometido é devido. Não sei qual de nós estava mais nervoso, mas sei que ele se encheu de coragem e se atirou para as águas fundas por duas vezes. Eu fiquei com o coração numa mão e o telemóvel na outra – para registar o momento – a perguntar-me se tinha perdido a cabeça ou se estava apenas a permitir ao meu menino criar memórias. Não excluo a primeira possibilidade, mas confirmo em absoluto a segunda. O orgulho de ter superado o medo e a satisfação de ter nadado em águas profundas eram palpáveis.

Foi uma semana intensa.
Intensa em emoções.
Intensa em sensações.
Intensa em tensões.

O balanço final destas férias mãe e filho é definitivamente positivo e, a fazer, faria de novo. Mas tive uma dificuldade maluca em relaxar – sempre de olho no rebento, a seguir-lhe os passos por todo o lado e a senti-lo ao meu lado na cama – pelo que regressei a casa com umas saudades bárbaras do meu marido e da segurança que ele me dá.

A dois foi bom, mas a três é melhor!



quinta-feira, 19 de maio de 2022

A menina que desenhava corações

O meu pequeno príncipe pediu-nos se podia frequentar o curso de língua e cultura portuguesa (ensino paralelo), do qual teve conhecimento nos derradeiros dias da segunda classe.

Explicamos-lhe que, tal como as demais atividades extracurriculares, quando se começa é para seguir, no mínimo, até ao final do ano letivo. Assentiu que sim, garantiu que gostaria muito e foi assim que em setembro iniciou as aulas da língua materna.

O interesse pela formação é mitigado. Há temas que lhe interessam muito – a Revolução dos Cravos – e colegas que lhe interessam ainda mais: uma tal de Ana.
Assim, e apesar da motivação ter sido mais de ordem sentimental do que intelectual, disse-nos que desejava renovar a inscrição para o próximo ano, o que já está feito.

Pois bem, foi precisamente por organização da Coordenação do Ensino e no âmbito das celebrações do dia mundial da língua portuguesa que decorreu a apresentação do livro cujo nome é o assunto desta entrada: “A menina que desenhava corações”, escrito e encenado por Sónia Sousa.

Pela sua autora, não poderia deixar de vos falar disto.

O livro é todo uma lição, mas a apresentação da Sónia Sousa dá-lhe um alcance que só quem assiste pode testemunhar. Ri e chorei. Chorei e ri. Eu, e a maioria dos pais que ali acompanharam os rebentos e que ficaram para a encenação. Gostei imenso. Obrigada Sónia Sousa. 

O meu filho, ladeado da dita Ana – fervorosa entusiasta e participativa – e do colega de turma – que parece viver a vida como um frete – teve de ser alertado que se não se permitisse gostar, teríamos de abandonar a sala antecipadamente.

A chamada de atenção teve os seus frutos, mas não deixou de nublar um pouquinho o dia. Lamento tanto quando se deixa levar pelas emoções dos outros, privando-se das que lhe são próprias e genuínas.

No regresso a casa tentou-me convencer que no início não estava a achar muita graça às piadas da escritora – que trocava corações por croissants e apelidava toda a plateia de Serafim ou Serafina.
Pode enganar muita gente. Mas a mim não me atira areia para os olhos.
Pela centésima vez expliquei-lhe que ele é livre de gostar do que quiser e que a opinião dos outros vale zero, no que respeita os seus gostos pessoais. Inclusive a minha. Eu não decido o que ele pode ou não gostar. Mas, ao contrário desses outros, eu conheço-o. E sei quando está a ser outro Matias que não o meu. O meu Matias é expansivo e alegre. Participativo e entusiasta. Emotivo e vivo. É maravilhoso. E eu amo-o à exaustão.

A três é que é bom!



terça-feira, 10 de maio de 2022

Dos dias felizes

Dizer que vivemos uma era de paz e amor é tudo menos verdade. Os tempos são estranhos, como o são a maioria das pessoas, conhecidas ou anónimas, com quem, de uma forma ou de outra, nos cruzamos.

Os discursos de ódio são moeda corrente. As notícias de tragédia sucedem-se. E o mundo parece virado do avesso.

No meio desta bestialidade que é o dia-a-dia, conseguir fazer abstração e focarmo-nos no essencial, não é evidente. Mas foi precisamente o que fizemos.

No domingo passado agarramos em nós e no nosso Mickey e fomos ao Parque Maravilhoso. O nome é excessivo para as instalações daquela pequena reserva, mas é perfeito para descrever o dia que passámos: foi verdadeiramente maravilhoso.

O nosso cão estava excitadíssimo com as novidades daquele espaço, onde nunca tinha ido: tantas pessoas, tantos amiguinhos de todos os formatos com quem confraternizar… Cheirou, saltou, puxou e até latiu. Apesar disso, consideramos que se portou bem e que poderá voltar.

O nosso pequeno príncipe estava ao rubro. Solto. Excitado. Alegre. Feliz.
É certo que tem de refrear a sua sede louca do que vem a seguir e aprender a viver o agora. Mas a vida é um caminho. E com as palavras certas no momento exato chega lá.

Sou tão feliz por o ter na minha vida.
A ele e ao pai dele. Que neste momento está de queixo caído, a pensar que devo ter batido com a cabeça.
Je vous aime.

A três é que é bom!


                                               Fotos com créditos do papa. Finalmente descobriu como tirar fotos giras.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Do inexplicável

Costuma-se dizer que aquilo que não tem remédio, remediado está.

Esta máxima não é, infelizmente, extensível ao inexplicável. Não podemos dizer que “o que não tem explicação, explicado está” e muito menos podemos ignorar os questionamentos das nossas crianças, respondendo “porque sim”, furtando-nos a satisfazer a sua curiosidade nos temas mais diversos.

Mas o que responder à pergunta: mamã, porque é que há uma guerra? Gostaria de poder dizer ao meu pequeno príncipe que sonhou com isso, que são fake news e que no mundo reina a paz e o amor. Mas não posso.

Não ignoro o que se está a passar.
Não faço ideia sobre o que estará por vir.
E tudo isto é terrivelmente assustador!

Para tentar acalmar o coração do meu menino – e o meu! – digo-lhe que os problemas não se resolvem com guerras mas a conversar. Tal como nós fazemos na nossa vida de todos os dias, os representantes dos dois países envolvidos neste conflito vão ter que se sentar à mesma mesa e, civilizadamente, procurar um entendimento.
As guerras só trazem desgraça e destruição. Não acrescentam valor. Mostram o que de pior as pessoas têm dentro de si.

Num mundo perfeito, não existiriam armas.

Num mundo perfeito cada um respeitaria a individualidade do outro.

Num mundo perfeito a Rússia metia a viola no saco e deixava a Ucrânia, livre e independente.

Quando acreditamos muito numa coisa, com muita muita força, ela torna-se realidade.

Eu acredito.

Acredito na humanidade e na justiça. Acredito que no meio da podridão, vozes se levantarão para acabar com esta insanidade.

Enquanto o fim não chega, não posso deixar de lamentar pelas vidas já perdidas, pelas famílias desfeitas e pelos futuros irremediavelmente embargados.

E ao fim do dia, quando dou um beijo de boa noite ao meu filho, agradeço aos céus por mo ter dado e peço-lhe que jamais mo tire.

A três é que é bom!



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Das coisas simples

Costuma-se dizer que o Natal é quando o Homem quer. Aproveitando essa flexibilidade das coisas, o Ministério da Educação cá do sitio entendeu que as férias de Carnaval seriam, este ano, duas semanas antes do entrudo.

Compreendo que se trata de uma medida que visa equilibrar os períodos de aulas e de repouso dos miúdos e elogio esse cuidado. Porque vejo no meu filho o quanto as paragens são importantes para recarregar energias.

Não obstante, nem todos os alunos têm reais períodos de férias, podendo ficar em casa ou, melhor ainda, sair e viajar. Alguns, como o meu, têm, apenas, períodos sem aulas – porque como os pais trabalham, levantam-se cedo igual e passam o dia nas estruturas de acolhimento.

Eu sei que o meu pequeno príncipe não aprecia ir para a maison relais. Mas não há muito que possamos fazer para remediar isso. O que está ao nosso alcance é valorizar o tempo que passámos juntos e tentar, nesses períodos, criar memórias felizes.

Foi nesse intuito que programamos uma coisa tão simples quanto ir ao cinema, ver o Sing 2 – filme que ele andava ansioso por ver. Já não íamos há anos! Nunca fomos muito, mas desde que eclodiu a pandemia nunca mais lá pusemos os pés. E sabe bem, sobretudo em dias de inverno.

Assim, disse ao meu pequenito que para sábado tínhamos agendada uma saída. Na sua ânsia do que está por vir tentou, por várias vezes, saber o que seria. Para o sossegar e o impedir de delirar nas expectativas (e sair frustrado), disse-lhe que era um programa bem simples, sem sair do país e que tinha a certeza que ele ia gostar.

E é claro que gostou. Gostou muito! Do filme, principalmente. Mas também das pipocas e dos M&Ms. De sair de casa e fazer alguma coisa de diferente. De criar memórias.

E na vida devemos guardar memória apenas dos bons momentos. Dos maus devemos tirar o devido ensinamento e prosseguir.

A três é que é bom!



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Da frustração

Recordo, sem precisão do momento, quando, em conversa com o papa, concordávamos que para fazer crescer o nosso filho era necessário habituá-lo ao sentimento de frustração e permitir-lhe aprender a lidar com ela. Deixá-lo perder nos jogos e brincadeiras. Não lhe dar tudo o que quer. Dar-lhe, até, o que não quer.

É claro que isto já foi há anos.

Até então ainda não aprendeu.

A título de exemplo, ainda ontem me aborreci com ele quando, tendo perdido contra o pai a jogar na consola, se pôs a chorar baba e ranho e a protestar como um desmiolado.

É certo que esta dificuldade em lidar com a frustração não é um problema só das crianças. Há por aí muitos adultos que também não sabem gerir a raiva que sentem quando os seus desejos são contrariados.
Não invalida que a aceitação de que nem tudo vai correr a contento seja uma questão fundamental para o crescimento saudável.

Voltando ao episódio da consola, eu compreendo que o meu pequenote não goste de perder – aparentemente este é mais um dado genético que lhe foi transmitido pela mamã, que também não aprecia perder, nem a feijões – contudo, mais do que espernear e fazer uma crise, importa refletir no que correu mal e no que pode fazer para melhorar.

Perante a adversidade, importa assumir que, se não tem solução, solucionado está.
Importa aceitar que na vida não vamos conseguir sempre tudo o que queremos nem como desejamos.
Bem pelo contrário.
E ainda bem. Porque, convenhamos, muitas vezes não sabemos o que é melhor para nós e se a vida nos coloca noutro caminho, será por alguma razão.

Estou convencida que, nos momentos de contrariedade, desapontamento e desencanto, ter cimentado em nós que a frustração faz parte da vida e saber aceitá-la é meio caminho andado para não deixar fugir a oportunidade de fazer, se não melhor, pelo menos diferente.  

Em modo de conclusão diria que, nesta dura profissão que é ser mãe/pai, cabe-nos a estranha obrigação de frustrar os nossos filhos, para que a frustração deixe de ser frustrante. Que belo trocadilho. 

"Pedras no caminho, guardo-as todas. Um dia vou construir um castelo." (citação sem fonte inequivocamente conhecida).

A três é que é bom!  



terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Eu, pelos olhos dele

Na entrada anterior falei-vos do contágio do meu pequenino e da prisão domiciliária. Do medo e da angústia da potencial evolução do vírus. E de como, no final, apenas ele esteve contaminado, apesar dos beijos e abraços e amassos.

Não vos falei da outra face da moeda. De como é ter um miúdo em forma fechado em casa, com a obrigação de acompanhar os trabalhos escolares, mas sem os prazeres do recreio e das brincadeiras com os amigos.

Foi duro. Foi muito duro!

Começávamos, todas as manhãs, com o plano do dia, escolhido de entre as atividades daquele que era o plano semanal preparado pelo professor. O meu rebento estava consciente, portanto, da meta a alcançar, embora tivesse a possibilidade de escolher os caminhos para lá chegar.
Mas nem essa relativa liberdade foi bastante para o motivar. Fez birras, protestou, barafustou, procrastinou.

De nada lhe valeu.

No final, todos os trabalhos foram feitos e toda a matéria foi vista. Como não podia deixar de ser.

Nesta guerra constante que é convencer o meu filho de que tem de se aplicar na escola, as lutas são sempre mais acesas quando se trata de fazer os exercícios de alemão. Não que tenha propriamente dificuldades. Tem um repudio natural que o impede de apreciar a língua e a sua simplicidade na escrita. É claro que nem tudo é simples e que a gramática é meio estranha, mas o que seria da vida sem um pouco de pimenta?

Como o pilar central da matéria, na disciplina de alemão, para a semana em que estivemos encerrados em casa era aprender os adjetivos, um dos exercícios previstos para contexto de aula era a descrição (oral) de alguém.
Mas o professor não poderia corrigir e avaliar a descrição do meu filho, a não ser que a escrevesse. Sua reação: “Escrever?!? Não! Isso é que não! Escrever é uma coisa terrível, que deveria ser proibido nas escolas… “

Pois bem! Não escrever não foi opção.
Talvez para se vingar um pouquinho do “mal” que lhe fiz, decidiu descrever a mamã.

Na sua primeira versão disse que eu era chata, má e feia. Eu li, não estranhei nem me descompus. Aceitei que aquela era a sua visão sobre mim, naquele momento de pós-guerra, chateado e contrariado por tê-lo obrigado a escrever meia dúzia de palavras.
Na versão final, transcrita no caderno minutos depois, alterou o feia por bonita, mas manteve que sou má e chata.

Acho que aceitava melhor ser feia – até porque tenho espelhos em casa.
Ver-me como uma mãe que é má e chata entristece-me um pouquinho. Não porque me reveja nas suas palavras, mas porque constato que ele não compreende o alcance do meu amor. Não percebe que quando passo “horas” a aborrecê-lo com a história de que deve esforçar-se por dar o seu melhor e concentrar-se nos trabalhos, é apenas e só porque quero o melhor para a sua vida.
Não percebe agora.
Mas um dia vai perceber.
Porque uma coisa eu sei: vou continuar a ser má e chata e a puxar por si até pôr a nu toda a sua grandiosidade.

O mais hilariante na descrição que faz de mim é o cabelo laranja. Não sei de onde lhe vem essa convicção. Há anos que me o diz. Será premonitório? Será que vou acordar com as brancas todas alaranjadas? Isso é que era!

A três é que é bom!




quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Da prisão domiciliária

Felizmente que este pode ser o título desta entrada.

Agradeço aos céus por poder fazer uma piada parva com os dias de isolamento do meu pequeno príncipe, considerando-os como dias de prisão domiciliária e sem guardar uma recordação amarga da sua contaminação pelo coronavírus.

A taxa de contágio na sua turma e na estrutura de acolhimento era tal que não havia dúvidas que chegaria. Só não sabíamos quando.

Foi na quarta-feira, dia 26 de janeiro, às 7h e pouco da manhã. O meu pequenito acordou e queixou-se que lhe doía um pouco a cabeça. Os dois testes rápidos que fez (sim, que além da segunda linha ser muito ténue, não queríamos acreditar que o maldito bicho se tinha infiltrado em nossa casa e fizemos dois testes de enfiada) foram a revelação de que a “visita anunciada” chegara.

A dor de cabeça foi o único indício de que alguma coisa não estava bem no seu sistema. Não teve outros sintomas nem desarranjos.

Cada vez que lhe colocava a mão na testa era um alívio sentir a normalidade. Cada vez que lhe perguntava se se sentia bem e me dizia, sorridente, que sim, era um conforto desmedido.
Mas saber que o vírus circulava no seu corpo e que, a qualquer momento, poderia deixá-lo doente… deixava-me interiormente em pânico.

A impotência de uma mãe face à doença de um filho é a dor mais insuportável deste mundo.

Não sendo eu por natureza uma pessoa pessimista, mesmo agora que, supostamente já passou, não posso deixar de, lá no fundo da minha cabecinha, temer por eventuais sequelas que este malfadado vírus possa ter deixado no meu Amor Maior e que só o futuro poderá revelar. O medo do mal que lhe possa acontecer é tão grande que nenhum dado da ciência pode afastar.
Não obstante, sei que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para o proteger e tentar que não fosse contaminado. Mas tornou-se inevitável e aconteceu.

O que curiosamente não sucedeu foi um contágio coletivo em nossa casa. Não sou eu quem vai tecer considerações sobre o porquê e o porque não – até porque ninguém saberá dar uma resposta exata. Não aconteceu. E ainda bem.

Posso esclarecer, contudo, uma coisa: não foi por falta de contacto!

O meu menino, ainda não tinha sido apanhado nas malhas do vírus, e já perguntava: se eu apanhar o covid vocês vão-me isolar? É claro que não!

Embora o pai ainda tivesse questionado se não deveríamos pôr alguma distância entre nós (o que lhe valeu o ressentimento do filho durante uns dias), a mim jamais me passaria pela cabeça colocar o meu pequerrucho fechado no quarto – ou noutra peça qualquer da casa – longe dos meus braços e dos meus cuidados.

Senti outrossim, nestes dias, a sua enorme necessidade de conforto e de apoio. Procurava constantemente contacto físico, sentindo-se protegido no ninho do colinho da mamã. E, como sempre lhe digo, o meu colo será para sempre seu. É o lugar seguro para onde poderá/deverá sempre voltar, no matter what.

A três é que é bom!



terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Ainda dos genes

Quem nos conhece nem desconfia qual é esse outro gene que passou de mãe para filho. Não desconfia porque sabe! É que, em certas coisas, somos duas gotinhas de água. Iguais.

Posto isto, cá vai a segunda característica genética a que fiz alusão no meu post anterior: o meu pequeno príncipe, tal como a sua mamã querida, gosta de cantar. (Sim, isto também são heranças da avó materna).

Se esta entrada se resumisse a isto, estava tudo ok. O problema é que o meu pequerrucho acha que canta bem (ok, é verdade!) e, não contente de cantarolar pela casa fora e no coro, anda a moer-me o juízo com a ideia de participar no The Voice Kids.

A culpa disto tudo é dos avós. Foram eles que lhe mostraram o formato do programa para adultos e que lhe disseram que existe um para crianças.  

Eu sou a primeira pessoa a dizer que ele canta bem, mas daí a… vai alguma distância. Tem uma voz doce, de menino de 8 anos. Afinada. Mas a ideia de o expor a criticas e em competição com vozeirões, não me passa pela cabeça.

Pensei que estava a chutar o assunto para canto dizendo-lhe: “a pessoa indicada para te aconselhar nesse assunto, é a tua professora de canto”. Sugeri consultasse a professora do grupo coral porque não me senti capaz de lhe matar um sonho à nascença. Expliquei-lhe que poderíamos coloca-lo em aulas particulares de canto caso a profissional achasse que ele tinha potencial (acreditando, secretamente, que a professora o desencantaria e que ele acabaria por tirar daí o sentido).

Fiquei surpresa quando voltou a casa depois do ensaio e me contou a conversa que teve com a docente. Embora lhe tenha dito que as aulas individuais na escola de musica são só para miúdos a partir dos 14 anos e que não tinha tempo para lhe dar aulas privadas, disse-lhe que sim, que ele tinha capacidades para participar.

Acredito tenha sido uma resposta sincera.
Mas não me ajudou.
É que agora não me fala de outra coisa.
E eu não estou a conseguir descalçar esta bota.

Mentalmente na minha cabeça decidi: cada coisa a seu tempo.
Um dia de cada vez.
Se surgir alguma oportunidade de participar num concurso de canto, logo se vê.
Se o sonho da mãe de ser cantora se vai realizar na pessoa do filho, só o futuro dirá!

Enquanto isso, continuamos a ter concertos hilariantes todos os dias. É que cantar numa língua que se desconhece, e ainda por cima sem a letra para acompanhar, não é para qualquer um. Só os verdadeiros artistas e, mais que isso, destemidos aventureiros. 

A três é que é bom!



segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Dos genes

Para que fique desde já bem claro: nenhuma das observações que venha a tecer sobre genética tem carácter científico. Eu não percebo patavina do assunto e as minhas considerações são fruto da minha observação limitada a um único espécimen.

Agora que estamos esclarecidos, posso prosseguir afirmando: o meu pequeno príncipe herdou os genes da mãe, se não em mais, em duas coisinhas.

Um: na gulodice. É um guloso de primeira. Não vira as costas a nenhum docinho e derrete-se todo por um bolinho acabado de sair do forno.

Nas tardes que passamos em família em casa pergunta sempre se não fazemos um bolinho para o lanche. Normalmente diz-me: mamã, vamos fazer um bolinho? O que ele quer dizer é: mamã, não queres fazer um lanchinho daqueles que eu tanto gosto enquanto eu fico ali a ver televisão, sossegadinho? 

Seria hipócrita da minha parte estar a apresentar estes momentos como um fardo para mim. Eu gosto de fazer bolos, bolinhos e bolachas. A pastelaria é uma espécie de escape e dou por mim a consumir horas de internet só a ver receitas. Por isso, ter alguém que aprecia o que faço é só mais um motivo para me desgraçar nas horas vazias.

Neste fim de semana desgraçamo-nos duplamente.

No sábado houve gauffres de Liège, daquelas que nem precisam de cobertura, porque são tão doces que quase enjoam. Quentinhas, acompanhadas por um chazinho… Nhammm. Que delícia.

Ontem foi dia de experimentar mais uma receita da La Dolce Rita (de quem somos híper mega fãs) – muffins de chocolate americanos. São muito bons! Sabor extremo a chocolate, como gostamos. E ainda morninhos, são de comer e chorar por mais.

É claro que este pendente para as coisinhas açucaradas tem de ser controlado e há um limite que não pode ser ultrapassado. Volta e meia (hoje de manhã, por exemplo) o meu pequenote fica com dores de barriga, fruto dos excessos cometidos.

A culpa é minha! Eu sei. Deveria, como mãe, ter uma atitude responsável e cortar-lhe nos doces. Mas que culpa temos se nos está nos genes este penchant para as coisas boas? Sim, que eu também fiquei com este legado da minha mãe. Somos vitimas da genética :P

Eu sei que com esta conversa de gulosos vocês até se esqueceram que são duas as heranças genéticas da mamã. Mas da segunda falarei num outro dia ;)

Por hoje ficamos com as fotos do meu menino, a deleitar-se de prazer. Dá gosto só de ver.

A três é que é bom!



terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Das prioridades

O meu pequeno príncipe recebeu dos primos de coração uma bola decorativa, recheada de bombons, cada um deles com uma palavra inscrita representando os desejos para o Natal.

Quando abriu o presente, espalhou os docinhos na mesa e leu cada um deles. Sugeri-lhe que os ordenasse pela importância que cada um tem para si.

O resultado está representado na foto infra, com transcrição no final deste post.
E não poderia ter ficado mais orgulhosa das suas escolhas. A sua ordem de prioridades revela o seu interior e a grandeza da pessoa que é.

Não hesitou nem um segundo na primeira escolha: Família.

A sua ligação à Família – sobretudo ao núcleo duro que constituem pais, avós, padrinhos e primos – é tão forte que a ideia de os perder lhe é insustentável.

Esta manhã, após se ter despedido dos avós que regressaram a casa, dizia-me: “mamã, consegui não chorar”. “Conseguiste sim filho”.
Não sei se isso é bom ou mau…. O que sei é que não o quero a sofrer, contendo a dor da ausência.
Expliquei-lhe, entrelaçando-o num abraço, que mais importante que a saudade que vamos ter dos avós, é saber que aproveitamos cada instante sempre que os temos por perto.

A vida é fugaz e foge-nos debaixo dos pés. Por isso, façamos cada momento valer a pena.

Família. Saúde. Amor. União. Amizade. Esperança. Felicidade. Gratidão. Fé. Paz. Alegria. Luz.
Que nada disto nunca te falte meu Amor.

A três é que é bom!