segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Do triste fadário

Para quem acompanha este blog, vai dar-se conta que esta entrada não é propriamente nova.
Leitora e crítica dos meus textos, apercebi-me que misturar assuntos não fazia sentido, pelo que separei a anterior publicação em dois, atribuindo a esta um novo título e remodelando a apresentação. 

Mas que considero eu de triste fadário? Considero a árdua tarefa de, dia após dia, explicar ao meu rebento que o valor das pessoas não está no que elas mostram exteriormente (roupas, calçado, joias, carros, casas) mas naquilo que elas são no seu coração. E dele nada reter desta ladainha. 

Vejamos um exemplo: em princípios de setembro, o meu filho foi apontado por outras crianças que frequentam a mesma estrutura de acolhimento por usar sapatilhas supostamente baratas. Ou seja, os colegas denegriram o que lhe viram nos pés, considerando-se eles próprios superiores e mais na moda, porque as suas sapatilhas teriam custado 300 €.
A atitude do meu rapaz foi, sem fazer ideia do valor das suas sapatilhas, assumir inequivocamente que as dos outros eram melhores. 
Sempre permeável às criticas alheias, veste na pele as "indignidades" que lhe atiram, inferiorizando-se. Não é capaz de questionar e perguntar-se: mas não serão as minhas coisas melhores do que as dos outros? Não serei eu o exemplo a seguir e não os outros? Ou melhor que isso: estou-me no penico! 

É claro que fico louca. E ponho-me a gritar aos quatro ventos que esta sociedade está podre e que não vamos a lado nenhum com pais a incutirem aos filhos os valores da ganância e das aparências. 

Mas de que me serve tanta indignação? Não é por isso que o mundo vai mudar. O que tenho de fazer é continuar no meu triste fadário de martelar na cabeça daquele que tenho em casa. 

Porque do meu amor maior eu nunca vou desistir. Por mais ameaças que faça 😬

A três é que é bom!





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