segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

São Nicolau

Estou muito preocupada! Os anos estão a passar muito rápido e já começo a vislumbrar o dia em que o meu pequeno príncipe me vai olhar de frente e dizer: "tu andaste-me a enganar estes anos todos!"

É claro que já tenho a conversa toda preparadinha na minha cabeça e dir-lhe-ei, com a maior honestidade, que o Pai Natal existe, só que num registo ligeiramente diferente. Existe no coração de quem acredita. E eu, com a minha idade avançadota, acredito!

Mas a que propósito vem isto? Muito simples: fruto das circunstâncias da vida, viemos parar a um país onde quem traz os brinquedos aos meninos bem comportados é o São Nicolau, na noite de 5 para 6 de dezembro. E, naturalmente, o rebento tira proveito de ambas as tradições, a local e a portuguesa - com certeza já falei disto, em anos passados. 

Assim, a grande dúvida do meu pequenote no passado fim de semana era: será que o Kleeschen me vai trazer um brinquedo ou vou receber uma vergasta do Houseker? 

A excitação era tanta que adormeceu com os notívagos e acordou com as galinhas!

Devo dizer, em abono da mais pura das verdades, que se tem portado bem e não merecia, de todo, receber um pau na sua botinha. No entanto, eu sei que estes Senhores de Vermelho que nos visitam em dezembro têm um poder de persuasão que me escapa e por isso aproveito sempre as suas visitas para passar uns recadinhos ao meu querido e adorado filho... Vai daí, além do comboio da Lego que pediu e que o deixou extasiado de felicidade, o Kleeschen deixou-lhe um livro de boas maneiras e uma cartinha, com umas recomendaçõezinhas 😁

Dos pais recebeu uma Nerf, que desejava desde os primórdios mas que nós achávamos que ainda era cedo. Chegou o dia.

Que alegria que é, ver o brilho nos seus olhos e a felicidade estampada no rosto. 

A três é que é bom!



terça-feira, 27 de outubro de 2020

Influencers

Consta que o novo mundo está a abarrotar de "influencers", embora não haja grandes conclusões sobre a utilidade dos mesmos. Eu diria que na sua esmagadora maioria não servem para rigorosamente nada, a não ser para mostrar o quanto a sociedade está oca. 

Convenhamos que a ideia das influências não é, obviamente, nova. As designações é que mudaram, bem como o alcance. No meu tempo não havia cá destes estrangeirismos para apontar do dedo os mais seguidos mas já se dizia: "diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és".

Posto isto, e chegando ao que aqui me trouxe - até porque reconheço a força magnética das companhias -  a única coisa que eu desejo para o meu pequeno príncipe é que saiba escolher as pessoas que o rodeiam e consiga discernir entre as boas e as más influências. 

Tendencialmente, é propenso a seguir o mau exemplo. Admira os "badboys", porque são cool e toda a gente quer brincar com eles, ao que diz. Fico podre. E sou obrigada a encarnar a mãe que faz lavagens cerebrais para lhe demonstrar que correto é respeitar o próximo, as regras (em casa e na escola), ser educado com todos e ter, essencialmente, um bom coração. 

Quando já lá não vamos com falinhas mansas, faço uso daquele truque mágico (que, receio, venha a perder o efeito daqui a alguns anos) que é: O pai Natal vê tudo o que tu fazes 😜

Este ano letivo, e ao contrário de todos os anos precedentes, não tenho nenhuma razão de queixa do seu comportamento (na escola...)! A professora avalia diariamente o comportamento dos alunos, sendo que todos começam no sol, podendo baixar progressivamente na escala para a nuvem, a chuva e a trovoada. Em quase 7 semanas de aulas terminou o dia sempre no sol. Muito bem!

Que motivações/influências tem ele para este comportamento exemplar, questionam vocês? Identifico três:

1- a sua grande vontade de agradar à professora (fica danado quando dá erros, estando decido a ser o melhor da classe);

2- a promessa dos pais de que receberá um brinquedo nas férias escolares (se ficar sempre no sol) - sim, eu sei, isto é chantagem, mas "a mother's gotta do what a mother's gotta do" 😄

3 - o amor 😊. Sim, o meu menino voltou a apaixonar-se. A colega de carteira passou de uma grande amiga a amiga especial. E se é verdade que às vezes se distrai um pouquinho nas aulas porque estão na converseta (já troquei umas impressões com a professora sobre isto), não é menos verdade que vai para a escola com outro humor e disposição. Feliz! 

Concluo com seguinte pensamento: deixemo-nos influenciar apenas por aqueles que trazem algo de positivo para a nossa vida! 💗

A três é que é bom!

                                Foto do primeiro dia de aulas: 15-09-2020




sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Vakanz Doheem

Por causa da pandemia - que mudou os nossos hábitos de vida e que teima em nos manter nesta nova normalidade de distanciamento social e uso constante de máscara - decidimos que o melhor (o mais sensato, vá), seria não nos afastarmos muito do nosso ninho. 

Assim, as super férias do príncipe este ano foram um pouquinho menos super. Foram Vakanz Doheem. Não, não vamos traduzir à letra por férias em casa, outrossim: vá para fora cá dentro (como o slogan bem português).

Para começar, conseguimos convencer os avós a virem passar as férias grandes connosco, protegendo o nosso rebento da convivência alargada nas estruturas de acolhimento. Durante mais de 2 meses, o meu pequenote aproveitou - umas vezes com mais outras com menos entusiasmo - a presença constante dos avós, com quem já não estava desde janeiro. E foi tão bom que na hora da despedida (regressaram a Portugal quando a escola recomeçou) chorou baba e ranho durante minutos intermináveis, soluçando e redobrando o choro, com a saudade a esganar-lhe o pescoço. 

Os dias que mais se assemelharam a verdadeiras férias foram partilhados também com a mamã (o pai decidiu adiar os seus dias de repouso para futuras férias escolares). 

Portanto, durante as primeiras 3 semanas de agosto (com temperaturas historicamente elevadas) aproveitamos da melhor maneira o que a nossa casa e a nossa região nos oferece: 
- muitos passeios na montanha - sempre acompanhados pelo nosso Mickey -, ora a pé, ora de trotinete, ora de bicicleta; 
- "mergulhos" na micro piscina; 
- visitas aos primos no norte, com direito a pernoitar; 
- fomos ver, alimentar e dar mimos aos animais no Parc Merveilleux; 
- explorar a fauna e a flora em Haff Réimech;
- apreciar os comboios antigos no Fond de Gras;
- ver a barragem e o rio circundante em Boulaide; 
- fizemos piqueniques;
- colhemos flores; 
- comemos muitos gelados; 
- bebemos muitos Ice Tee... 
Programas simples mas dias prazerosos. 

O ponto alto - literalmente - das férias do meu filhote foi a sua primeira experiencia de voo na Luxfly. Fica para a história o seu comentário ao sair da câmara de voo: "J'ai eu la peur de ma vie!" - achei tão adorável a sua expressão que não pude conter o riso ao ouvi-lo. Jamais um riso de maldade, mas de adoração pelo primeiro pico de adrenalina e pela coragem em experimentar. Ainda no carro, estava pendurado no puxador por cima da porta. Pergunto: "Então? Estás bem? Ainda não sinto bem as pernas". 😍 Que descarga! 💣💥

Estes dias passaram muito rápido e deixaram saudades. 

Não, não soube às férias de praia e mar, mas fomos conscientes e responsáveis. Fizemos a nossa parte.

A três é que é bom!



quinta-feira, 27 de agosto de 2020

La petite histoire

Esta poderia ser uma entrada com um título diferente, tipo: "as primeiras análises", "a borboleta devoradora de sangue", "o menino corajoso"... mas não. Ficamo-nos pela "pequena história" - porque, como se verá, foi um episódio que merece ser contado. 

Comecemos pelo princípio: 
O pequeno príncipe, como a maioria das crianças e muitos adultos, é dado a tiques. E um dos recentes é tossir. Uma tosse seca e sem critério. Essencialmente a ver desenhos animados ou quando brinca no jardim.
O meu pai, paranóico que está por causa da pandemia, não descansou enquanto não levei o neto à pediatra. Prognóstico: eventuais alergias - porque no demais nada havia a declarar e porque, além do pólen e dos ácaros que afetam muitas almas, temos um cão e um gato (este temporariamente) em casa, o que poderia justificar aquela tossiqueira. 
Lá viemos nós com duas folhas: análises hematológicas e despistagem de alergias. As primeiras da vida do meu menino. 

Expliquei-lhe o procedimento, reforçando que não custa mais do que uma picada de insecto, e lá fomos os dois - eu com mais medo do que ele - ao laboratório.

A técnica que nos recebeu, percebendo que se tratava de uma primeira experiência, foi muito atenciosa e simpática, tendo-lhe mostrado a agulha e a suposta borboleta, deixando-o o mais à vontade possível. Pediu reforço de uma colega (deve ter percebido que eu poderia ser a primeira a quebrar), para garantir que não mexeria o braço durante a intervenção. E procedeu à recolha do sangue. O meu pequerrucho gemeu com a entrada da agulha mas não mais que isso. Depois quis olhar e assustou-se um pouquinho. Lembrei-o que poderia olhar para o outro lado - o que eu sempre faço - e relaxou.
Já depois da agulha retirada, a técnica pergunta-lhe: estás bem? E vejo-o, por uma fração de segundo, com o olhar fixo e vazio. "Il est parti" diz-me a senhora. Mas já ali estava de volta. Deitaram-no para trás um pouquinho e bebeu água. Estava tudo bem. Quase nem se notou. Mas sim, desmaiou. Coitadinho! O stress e o calor daquele cubículo, acrescido da máscara, foram demais para ele. Mas portou-se como um grande!  Melhor ainda, porque conheço alguns que desmaiam à séria :)

Os resultados seriam enviados à pediatra, com cópia para casa. A carta tardou a chegar (normalmente chegam em dois dias - levou mais de uma semana), e quando a abri pareceu-me incompleta. Reportava-se à análise hematológica, apenas. Aguardei uns dias pelo resultado das alergias. Nada. Contactei o secretariado da pediatra - não fosse ter falhado o envio da cópia ao paciente. A secretária informou não ter recebido essa parte dos resultados, dizendo que interrogaria o laboratório e que pediatra me contactaria. No dia seguinte recebo a chamada da médica que, confirmando que a análise das alergias não fora efetuada, me propõe a administração de aerossóis à criança, a título preventivo.

Oi? Quê? Não sei quem é mais incompetente nesta história: o laboratório que não procede em conformidade com os pedidos ou a pediatra que quer medicar paciente sem ter confirmação de alergias. Até porque a tosse é tão esporádica que mesmo um quadro alérgico comprovado não justificaria a tomada de medicamentos... Não, deixe lá isso, disse eu. Aguardemos evolução.

Ainda não acabou.

Portanto, a pediatra não me propôs refazer a análise. E a mim também não me parece necessário submeter o meu filhote a nova recolha, em tão pouco tempo, por uma tosse que nem sequer se tem manifestado. Ainda assim fiquei curiosa de saber se tem reação alérgica ao cão, pelo que contactei o laboratório e expus falha na elaboração da análise. Diz-me a fulana: vamos pegar nos dados que temos e fazer a análise em falta. Receberá os resultados em casa. Ok, porreiro, pensei eu. Não imaginava possível "aproveitar" o sangue retirado em 3 de agosto para, mais de 3 semanas depois, analisar a componente alérgica. Mas está bem. De toda a maneira, o que é que eu percebo disso!
Qual não foi o meu espanto quando recebo nova correspondência, repetindo primeiros resultados e com uma folha adicional dizendo que análise de alergias foi anulada por fora de prazo. 

Não vale a pena. A existir alguma componente alérgica é tão ténue que não lhe muda a vida.
Fica a primeira experiência de recolha de sangue e "la petite histoire".

A três é que é bom!



 

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Perspetivas da mesma realidade

Se me perguntarem se estou feliz na realidade atual, direi que não. De jeito nenhum. Perdi a liberdade de movimentos e nada me asfixia mais do que as asas presas. Sinto-me encurralada num mundo merdoso. Receio por mim e pelos que amo. Não vivo. Sobrevivo.

Mas se me questionarem se a pandemia trouxe alguma coisa positiva para a minha vida, direi, sem pensar duas vezes, que sim!

Trouxe, por um lado, a vida familiar que nunca tínhamos tido (contexto de férias não conta). Os quatro (o Mickey também faz parte da família) em casa, confinados, "obrigados" a uma convivência de 24h/24h revelou que, afinal, nos amamos e nos suportámos muito além do que imaginávamos. 

Por outro lado,  e apesar de ter estado em teletrabalho, o período durante o qual as escolas estiveram encerradas, permitiu-me acompanhar a escolaridade do meu pequeno príncipe a um nível que não seria possível em contexto escolar presencial. 

Os trabalhos, inicialmente enviados por email, passaram a ser descarregados na aplicação Teams - uma novidade à qual nos adaptamos. Tratando-se de planos semanais, a abordagem em casa dependia da vontade do aluno. Matemática, alemão ou francês, começava pelo que mais lhe aprouvesse. E, apesar de nem todos os dias terem sido dias fáceis (birras matinais, adiando a labuta diária), o certo é que na quinta-feira o cronograma estava cumprido, sem falhas. 

E não, nunca fui eu quem lhe fez os trabalhos. Não precisa disso. Demonstrou - não que eu já não o soubesse - que é inteligente, perspicaz, organizado e obstinado. 

A minha luta - e a minha vitória - foi incutir-lhe o gosto pela bonita apresentação. A letra, que no primeiro semestre lhe mereceu reparos, passou a valer-lhe elogios e nota máxima. Cadernos e exercícios limpos, letra direitinha. Até dá gosto.

No final do semestre, a reunião com a professora só podia revelar o que eu já sabia: ano concluído com sucesso. Orgulho!

A três é que é bom!


segunda-feira, 29 de junho de 2020

7 anos

Uma imagem vale mais do que mil palavras. 

Partilho a felicidade do meu príncipe pelos seus 7 anos. 

Pensa que está um menino crescido (e está!), emancipado. A alegria dele é, em parte, a minha tristeza. É claro que me enternece vê-lo tão independente, tão senhor de si, tão rapazinho. Mas, bem lá no fundo, eu queria que o mundo parasse um pouquinho - como nos tempos do confinamento, mas sem a parte merdosa do virus e sem envelhecer - só para o poder aproveitar mais e mais e mais e mais...

É um menino maravilhoso. Gosto tanto de o ver feliz, a cantar, a dançar, a rir, a gargalhar, a inventar histórias e músicas. É extrovertido e engraçado.Um pouco tolinho e palhacinho. Tem vida! E isso é tudo o que eu desejo para ele. Que viva. Que aproveite cada instante. Que seja como lhe apetecer. Que seja feliz. 

Amo-te meu amor! 💗


sexta-feira, 1 de maio de 2020

A queda de um... dente!

Desesperado que andava, por causa dos dentes que não lhe caíam, foi com uma enorme satisfação que, há uns 15 dias, o pequeno príncipe me disse: "mamã, tenho um dente a abanar, ó toca..." 
Sendo esta uma conversa recorrente nos últimos tempos, septicamente toquei no dente que me indicava... e, ainda que infimamente, confirmei que perdia firmeza. 

Nos dois dias seguintes agarrava com tanto afinco no malfadado dente que o ameacei de lhos fazer cair todos de uma vez, com um murro bem assente ahahahah

Paciência não é, claramente, o forte deste meu filho. Quer tudo para agora, de preferência para ontem. E por mais que lhe tentemos explicar que o prazer das coisas está, muitas vezes, na expectativa da espera, não serve de nada...

Mas voltando ao que hoje aqui nos trouxe: nos últimos dias o dente, provavelmente de tanto ser forçado, estava cada vez mais solto e visivelmente para cair.
Ontem, enquanto víamos a história da noite, começou a sangrar um pouco. Disse-lhe para estar quieto, sob pena de, por tanto mexericar, fazer o dente difinitivo crescer torto. Mais uma vez as minhas palavras caíram em saco roto: 5 minutos depois de se ter deitado: mamãaaaaaaaaaaa, o dente caíu! 

Quanto alegria por ficar desdentado!
Mas porque é que queres perder os dentes, perguntei eu? Para a fada dos dentes me trazer uma moeda! Só por isso?! Ainda me senti tentada a desmascarar essa traficante de marfim... Mas eu sei que lá no fundo é porque os amigos e colegas já todos andam a mudar a dentuça e ele ainda os tinha todos.

Moral da história: um dente a menos, 2 € a mais e o dente, esse ficou, para recordação (porque a mamã pediu gentilmente à fada dos dentes para não o levar...).

A três é que é bom!







quarta-feira, 29 de abril de 2020

Mickey

A história da chegada do Mickey à nossa casa não chega para um filme, mas daria claramente um pequeno livro de aventuras.

Tudo começou há uns 2 anos e tal, 3,  quando um rapazinho, não conseguindo convencer os pais a darem-lhe um irmão, desejou ter um cão  (e isto depois de, aos 2 anos, ter tido um gato a quem fez a vida negra - não fosse o felino preto e branco - acabando o bichinho adoptado pelos avós).

O certo é que os filhos únicos, não tendo "rivais" diretos com quem são diariamente obrigados a partilhar, tornam-se muitas vezes egoístas... e um animal pode (diz-se...) ajudar a moldar esse mundinho tão egocentrico da criança que se sente rainha em casa.

Vai daí, nessa altura, ficou a promessa que no dia que tivessemos um jardim, poderíamos adoptar um cão.

O jardim chegou em julho de 2018. 

A cobrança de promessas feitas não se fez tardar. Volta e meia, com aquela voz melosa e sofrida atirava-nos à cara que lhe havíamos prometido um cão e nada... que não tinha com quem brincar. Nem irmãos, nem cão, ninguém... Pobre criancinha... :p

O certo é que o prometido é devido. 

Assim, e depois de escolhida a raça do animal - e que me desculpem todos os bichinhos rafeiros e abandonados que procuram um dono e que não dúvido serão otimos cães de companhia, mas, com um miúdo travesso em casa, não quisemos arriscar adoptar um cão qualquer, sem algumas garantias de amabilidade e obediência - lançamo-nos numa rede de contactos com criadores para arranjar um golden retriever para adopção.

Desengane-se quem achar que é fácil. Sim,  é muito simples ser enganado e comprar gato por lebre. Mas encontrar criadores, conseguir uma reserva e receber o pequenote em casa é tudo um processo. 
E em negociações infrutíferas seguia o ano de 2019, quando, inesperadamente, e quando desabafava as minhas dificuldades com um amigo, este me diz: a minha sobrinha é veterinária e conhece um criador... Costuma-se dizer que quem tem amigos não morre na cadeia, e foi precisamente o que aconteceu. 

Em novembro recebia a notícia que o cachorrinho tinha nascido. Em dezembro que poderia vir para casa em janeiro.

Neste momento começa o capítulo mais empolgante deste livro de aventuras: o cão, nascido em Portugal, teria de viajar para o Luxembrugo, para a sua futura casa. Os avós, mais desocupados e sempre disponíveis para ajudar, foram convocados para acompanhar o "neto" mais novo. 
A chegada - o grande dia! - estava prevista para dia 21 de janeiro.
Chegaram a 23!

Seria longo e moroso contar-vos:
- como a companhia aérea se recusou a embarcar um cachorro de 10 semanas, sem vacina da raiva, quando funcionária da mesma companhia me havia garantido que não haveria qualquer obstáculo; 
- como movi mundos e fundos para tentar reverter a situação, sem sucesso;
- contar-vos o desalento do meu pequenote, ao saber que cão não chegaria no dia previsto;
- como meus pais marcaram viagem noutra companhia para dali a dois dias, para que netinho não se afogasse em lágrimas;
- como afinal a primeira companhia aérea assumiu o erro e prometeu reembolso dos bilhetes...

Tudo está bem quando acaba bem e, felizmente, todo o stress desses dois dias se dissipou com a chegada ao cachorro, são e salvo, a casa. 

A primeira vez que o vi, num vídeo que a veterinária me enviou, disse ao meu marido: "até tenho medo que mo roubem" - quando o vi, ao vivo e a cores, conquistou imediatamente o meu coração. 

É um cão adorável!

Da relação com o principe falarei noutro dia. 

Quase me sinto tentada a dizer:
A quatro é que é bom :p 


                                                               Foto com 10 semanas



quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Uma espécie de primeiro concerto

Nunca tive oportunidade de aprender música. O que lamento. Sempre ouvi/ li que a aprendizagem musical estimula partes do cérebro que de outra forma não se desenvolvem, ajudando, assim, não apenas na concentração mas também na percepção e apreensão de conhecimentos. Torna-nos mais inteligentes, diria eu :)

Ainda que tais estudos sejam, eventualmente, desprovidos de carácter científico, de uma coisa eu tenho a certeza: aprender música enriquece a alma. 

Vai daí, e acumulando com o curso de "despertar para a música" que frequenta desde o segundo ano do pré-escolar, de setembro para cá o pequeno príncipe anda a aprender a tocar bandolim.

Como é que chegou a este instrumento? Não, não foi por influencia minha (eu teria escolhido o piano ou o saxofone). Foi por mero acaso: fomos, ambos, ao dia das "Portas Abertas" da escola de música para descobrir as possibilidades. Numa das salas estava a acontecer uma pequena apresentação do bandolim. Ficamos a ouvir - o som faz-me lembrar as férias em países do sul, com sol e mar :) 
A professora, vendo o meu piolho na sala, propôs-lhe experimentar tocar. Aceitou, gostou, ficou.

E como o tempo passa a correr, esta passada segunda-feira teve a primeira atuação em público. A professora organiza pequenas audições para que, desde cedo, se habituem a atuar perante estranhos.
Na plateia estavam os outros alunos de bandolim (diferentes níveis) e respectivos acompanhantes. Nós fomos a 4. Pais e avós, para o aplaudir. 

E foi delicioso. 

Nos momentos antes de começar (foi o terceiro a apresentar as suas 2 musicas) diz-me: "j'ai le trac". Tadinho :)

É claro que não fez nenhum brilharete - até porque raramente quer treinar em casa, limitando-se aos 30 minutos de aula semanais. Mas deu o seu melhor. E encheu-nos de orgulho. 

As suas caretas quando a nota saía ao lado são puro deleite :) 

A três é que é bom!


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

O Castor foi de fim de semana

O pequeno príncipe está a crescer e precisa enveredar por caminhos seguros que lhe facilitem o desenvolvimento e o ajudem a encarar o futuro.

Nesse sentido, e com a entrada na escola primária, propusemos-lhe algumas atividades extracurriculares que, pensamos, poderiam corresponder às expectativas de ambas as partes - dele e nossas. 

Das outras atividades falarei noutra altura (que, espero, seja em breve). Hoje vou contar-vos do ingresso no escutismo.

Do pouco que sabia sobre os escuteiros e das pesquisas que fiz, tinha compreendido que só a partir dos 6 anos os miúdos poderiam ingressar num agrupamento, começando como lobitos.
Estava equivocada. 
Desde setembro de 2019 que o meu pequerrucho é Castor - Lëtzebuerger Guiden a Scouten, estando o grupo aberto a crianças a partir dos 5 anos.

E porque tudo se torna mais divertido quando levamos os amigos connosco, partilhamos a boa experiência com o amiguinho M. que, não sem alguma relutância, se juntou ao grupo, arrastando a prima consigo :)

Reúnem uma vez por semana e fazem pequenas coisas giras. Aos poucos vão cimentando os princípios e valores do escutismo. 

O primeiro grande acontecimento estava agendado para os dias 18 e 19 de janeiro: o fim de semana com o grupo, para oficializar a pertença e atribuição do lenço. 
Uns dias dizia-me que sim - que queria dormir com o agrupamento - outros dias que não... A nossa posição foi sempre franca: nós vamos te inscrever e passas o fim de semana com o grupo. Quanto a dormir, decidirás na hora. Se quiseres ficas, se não te sentires seguro, nós vamos buscar-te.
Os nossos amigos tiveram a mesma postura.

Portanto, no dia e hora marcados, lá estavam eles com a mochila às costas, o saco cama na mão e o coração apertadinho.
Vimos partir o nosso rebento lacrimoso - o que, além de nos surpreender, nos levou a apostar que a chamada para o ir buscar não falharia.
Pois bem, surpreendendo-nos a todos, só voltamos a vê-los no dia seguinte - com o lenço ao pescoço, super felizes e muito orgulhosos por terem superado o medo de dormir fora de casa.
Que contente que fiquei por eles. 
São experiências fantásticas. Duram uma vida. 

A três é que é bom!