quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Do Natal

O que é o Natal sem uma mesa farta, crianças barulhentas e família reunida? É um dia como outro qualquer, mas não é Natal.

Felizmente para nós -  e espero que por muitos anos! – nós pudemos passar o Natal todos reunidos, em família, com saúde.

Se foi tudo perfeito? Nunca é.
Se alguém foi para a cama enfartado? Acho que todos.
Se todos dormiram uma noite repousante? Acho que ninguém. Talvez o Mickey… E o Benny.  
Se houve crianças felizes? Mais do que três!

Leram bem. Foram mais do que três os miúdos deslumbrados, mesmo se menores de 10 anos eram (e são) só o meu pequeno príncipe e os dois primos (meus adorados sobrinhos e afilhados).

Apercebi-me que há adultos que voltam a crianças nesta altura: uns revelam o miúdo que há em si com os brinquedos dos filhos, outros nas atitudes infantis. Cada um exterioriza a felicidade que sente à sua maneira, mas desde que venha do interior, há sempre espaço para mais um louco.

O meu pequeno príncipe recebeu, neste Natal, o tão desejado lego que pedira ao São Nicolau. A prenda não veio do barbudo mas dos pais, em forma de reconhecimento pelo seu esforço em mudar o seu comportamento, de mérito pelas boas notas escolares e de gratidão, por ser o melhor filho do mundo.

O meu pequenito é uma criança plena que detém nele todas as características desta época: doce como uma cana de açúcar, cheiroso como um biscoito de gengibre, reconfortante como um chocolate quente, jovial como um boneco de neve, de alma leve como um floco de neve, generoso como o Pai Natal. Perfeito, como o Natal.

Em Família é que é bom!



quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Do brilhozinho nos olhos

Já foi há mais de uma semana mas ainda esta manhã o meu pequeno príncipe me perguntava: “Gostaste de ir ao marché de Noël mamã?” A minha resposta não poderia ser mais sincera: “Adorei filho. E tu?” “Eu também!”, diz ele, ainda a transbordar de emoções.

Sim, fomos ao mercado de Natal! E foi tão bom!

A espera na fila para podermos entrar foi compensada, mas largamente, pela alegria indiscritível do meu menino! Alegria não. Felicidade!

Combinamos que teria direito a uma atração e a uma atividade. Mas aquilo que fez primeiro foi comer o Kürtos. Comer não, devorar! Com tanta satisfação que só de o ver já tudo valeria a pena. “Sabes há quanto tempo eu não comia disto? Dois anos!”, diz ele de boca cheia e coração aos pulos.

Seguiu-se a sempre desejada pescaria – não de patos mas de bolas de Natal. Os prémios são uma bela treta, mas no meio das camelotas conseguiu escolher um peluche dragão, que não sendo de qualidade, tem o seu charme.

Das atrações propostas ainda tentou convencer-nos do trampolim, mas, com jeitinho, aceitou dar uma voltinha na árvore natalina – que além de bonita permitia acompanhamento. Fomos a três: príncipe, mamã e avó. O meu rebento já não se lembrava de ter andado naquele carrocel pelo que o aproveitou como se da primeira vez se tratasse.

Os pés frios e a barriga a roncar exigiam reconforto. Foi hora de atracarmos na barraca das salsichas. Não sendo nenhuma iguaria, são uma tradição. E nós adoramos tradições! O avô atirou-se ao vinho quente e nós ainda partilhamos um chocolate quente.

Mais um giro e a voltinha estava feita. Foi hora de voltar para casa.

Mas não sem antes inspirar os odores de Natal e gravar na memória as imagens deste momento.

O brilho nos olhos do meu menino são alimento para o meu coração de mãe. Regressei a casa de barriga cheia!

A três é que é bom!



quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Da partilha

Desde que tenho memória, sempre adorei o Natal.

E não, não é por causa dos presentes! Aliás, tenho ideia que em criança houve Natais que não recebi nada. Recordo-me de ter um Pai Natal de chocolate (daqueles que sabiam a sabonete) na bota, uma tangerina e camisolas de malha que a minha mãe tricotava… Mas brinquedos só me lembro a partir do momento em que o Luxemburgo passou a fazer parte do meu mapa. A minha última boneca recebi aos 12 anos e fui com os meus pais comprá-la. Um modelo último grito, que falava e andava. Acho que ainda a tenho no meu quarto na casa parental.

Mas como dizia: não são as prendas que me cativam nesta quadra. Nadinha. A ponto de após o nascimento do meu filho, ter sugerido (e convencido) mudássemos as regras das festividades e só os pequenitos é que passaram a receber prendas no Natal.

Após uns primeiros anos de exagero completo com as crianças, voltamos a ajustar os nossos ímpetos consumistas e, além de identificar quem oferece as prendas (não são todas do Pai Natal – este só traz uma, se a criatura merecer…), estabelecemos que só há presentes da família no 24 de dezembro. Deixamos de oferecer por ocasião do Saint Nicolas.

E isto tudo porquê? Porque o Natal não pode ser sinónimo de resmas de presentes!

O Natal é Família, Amor, Amizade, Fraternidade, Solidariedade, Partilha!

Deveria ser assim o ano inteiro. Estamos de acordo.

Mas o certo é que a vida atarefada e atrapalhada muitas vezes não nos dá tréguas e vai-nos impulsionando para a frente, empurrados pela corrente, sem refletirmos no nosso caminho.

Mas em dezembro chega sempre o Natal.
E nesta altura damos por nós a reviver os últimos meses de correrias e a prometermo-nos que para o ano vai ser diferente. Damos por nós a querer parar e aproveitar o agora, com aqueles que amamos.

O Natal tem este poder: o poder de nos lembrar do que realmente importa. A Família. O Amor. A Amizade. A Fraternidade. A Solidariedade. A Partilha.

Para inculcar bem lá no fundo do coração do meu pequeno príncipe o verdadeiro sentido do Natal, há vários anos que replicamos uma iniciativa, que já se tornou uma tradição nossa: fazer bolachas natalinas para oferecer.

Não há nada mais precioso que possamos presentear aos outros que o nosso tempo. Por isso, para aqueles que nos são queridos, nós fazemos com todo o carinho estas bolachinhas, que além de kilos de manteiga e açúcar, levam o nosso ingrediente secreto: o Amor.

O nosso prazer em oferecer redobra pela satisfação que vemos em quem as recebe. São pedaços de afecto comestíveis.

Em abono da verdade, devo esclarecer que o meu pequenote tem uma motivação extra para tamanho empreendimento. É que as iguarias não são todas para oferecer. Além daquelas que ingere mal estão a sair do forno, guardamos sempre umas quantas numa latinha, para nos confortar os dias frios. Nhammm! Tão boas.

Isto sim, é Natal.

A três é que é bom!



terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Dos estereótipos

Comecemos por fazer a distinção entre estereótipo e preconceito.

No primeiro, o principio é o da categorização das pessoas por grupos, assumindo que determinados indivíduos são iguais só porque possuem algumas características semelhantes.
O preconceito implica não apenas uma categorização, mas, mais do que isso, um pré-juízo discriminatório sobre um determinado grupo. Tem, contrariamente ao estereótipo, uma conotação negativa e de desagregação.

Na verdade, o preconceito vem, muitas vezes, do medo do desconhecido. E eu não fujo à regra. Sou preconceituosa em relação a determinadas pessoas, assumindo, sem qualquer prova, que A ou B não se coaduna com os meus princípios e valores só porque é de origem X ou Y.

Estou errada. Sei disso. E quando me apercebo das barbaridades que digo e penso, recrimino-me e procuro focar-me nas pessoas. Mas reconheço que não é fácil.  

E isto vem a propósito de quê? - perguntam-se vocês. Vem no seguimento duma reação espontânea (e nada maldosa) duma querida amiga quando lhe disse que o meu pequeno príncipe anda no grupo coral da escola de música: “O Matias é menino de coro?”

Este é, claramente, um estereótipo que muitos temos. Imaginamos, nas nossas cabeças, que os meninos que andam no coro são uns santinhos, de óculos e roupas impecavelmente limpas.

Olhem que não!

O meu filho (como muitos dos meninos e meninas que fazem parte do grupo) não se enquadra nada neste estereótipo, mas canta lindamente. Tem uma voz doce e afinada e um gosto tremendo em cantar. Foi uma aposta acertada propor-lhe fazer parte do coro. Aceitou e diverte-se imenso.

Tenho a certeza que se soubesse que o grupo coral é conotado como um ajuntamento de totós não gostaria de fazer parte. E teria sido uma perda tremenda. Para si e para o grupo.

Foquemo-nos no que é realmente importante e deixemos de colocar etiquetas nas pessoas.

É importantíssimo educar os nossos filhos para a diversidade e a aceitação, na certeza que também eles são diferentes dos demais. Todos diferentes. Todos iguais.

Deixo-vos com uma foto do meu pequenito, todo aparaltado para a sua segunda atuação com a “Chorale”. Foi de arrepiar.

A três é que é bom!




quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Das nossas decorações natalinas

A expectativa dos grandes acontecimentos é que os torna tão especiais. Por isso, em nossa casa, começamos a preparar o Natal com alguma antecedência, para aproveitar cada momentinho e prolongar ao máximo a alegria desta quadra.

Resistimos, ainda assim, à tentação de começar cedo demais. Finais de novembro já começa a cheirar a Natal, mas só iniciamos a época depois de dezembro começar.

No passado fim de semana metemos mãos à obra e fizemos o nosso pinheirinho. Já há alguns anos que optamos por uma árvore de verdade. O cheiro e a textura são inigualáveis. E as agulhas que vai largando não são de natureza a fazer-me desistir.

Coloca-se a questão ambiental: será audacioso comprar um pinheiro que mataram em pleno crescimento? Tendo em conta que são árvores plantadas propositadamente para venda nesta altura e que no lugar de cada uma decepada, crescerá outra, não é pior que todo o plástico das árvores artificiais.

E, como todos os anos, o nosso pinheiro de Natal ficou lindo!

O pequeno príncipe e eu temos um prazer desmedido a montar o pinheiro. Ao som de músicas de Natal, é com esmero que colocamos cada bola. É com satisfação que revemos as nossas decorações e recordamos o quanto gostamos desta ou daquela. É um momento mágico que não troco por nada.

O culminar é quando o papa pega no pequenote às costas para que coloque a estrela bem lá no cimo e ficamos os três a admirar a nossa obra, suspirando de satisfação.  

Além das decorações para a árvore, não temos uma panóplia assim tão grande de material. Todos os anos sinto que me falta alguma coisa, e, a cada Natal, vou adicionando uma coisita ou outra. A nossa nova paixão são as bolas de neve. Comprei uma a pilhas, que tem luz e projeta a neve numa paisagem idílica de inverno. Não é suficientemente natalina, mas é muito gira.

Ao longo dos anos também tenho insistido com o meu filhote para que coloque mãos à obra e façamos qualquer coisa de único. Temos várias peças feitas de “perlen” – que fizemos em natais passados – e às quais já demos usos variados: uma árvore na parede, como decoração numa árvore feita de paus… Desta vez colocamo-las na coroa de Natal. Tão maravilhosa que ficou.

São momentos destes que me enchem o coração.

All I want for Christmas is this: Love & Family.

A três é que é bom!




terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Das agruras da vida

Independentemente desta ter sido uma conclusão de génio que fez avançar o mundo, tenho para mim que não era preciso ter uma cabeça excecional para descobrir que as nossas ações desencadeiam consequências. Boas ações, boas consequências. E o contrário também se aplica.

E na manhã de ontem, foi dia de ver esta sentença a acontecer…

Como já tinha partilhado, o meu pequeno príncipe tem sido rei na sua determinação em fazer o que lhe apetece e como lhe apetece. Mesmo tendo recebido alertas de que poderia vir a colher tempestades, decidiu semear ventos.

Conclusão: não foi com espanto que descobriu que o Saint Nicolas não lhe trouxe o lego que lhe tinha pedido. Disse-me que não ficou triste por ter recebido um livro (um livro personalizado – A magia do meu nome Matias, com mensagem do Saint Nicolas) porque recebeu alguma coisa, e que isso era o fundamental. Relembrou que temia receber um pau, pelo que ter um presente debaixo do pinheiro fora uma boa surpresa.

Apesar das suas palavras, partiu-me o coração ver a tristeza e desilusão estampadas no seu rosto. E, podem acreditar, não lhe custou mais a ele do que a mim.

Nestes últimos dias, por mais de uma vez tive de resistir (e obrigar o papa a resistir também) à tentação de lhe comprar uma prenda que correspondesse um pouquinho às suas expectativas e o deixasse feliz.

Mas o nosso papel de pais obrigou-nos a mostrar-lhe que os seus atos trazem consequências. Se o Saint Nicolas premeia os meninos que se portam bem, não pode trazer presentes para as crianças que não sabem ter tento na língua e respeitar as regras.

Devo confessar que a dada altura tinha planeado dar-lhe o castigo máximo e deixar um pau na árvore… Mas, além do pai não concordar – e a educação de um filho é a dois que se conjuga – temi que o choque fosse demasiado e lhe criasse revolta.
E também sei que seria demasiado.
Por mais mal que se comporte, está muito longe de ser um bandalho.

O meu filhote é um menino cheio de vida e que tem sempre muita coisa para dizer. A boca é muitas vezes mais rápida do que o pensamento, e, tal como o peixe, acaba por ser a sua perdição.

Espero, sinceramente, retire a lição do que sucedeu este ano e possa desfrutar plenamente dos barbudos desta quadra nos anos vindouros… até que a magia desvaneça.

Bom… Se puxar à mãe, terá 90 anos e continuará a ver trenós no céu…

Amo-te meu Amor.

A três é que é bom!