segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Atacadores entrelaçados

Se é verdade que os nossos pequenos nem sempre estão disponíveis para aprender, não é menos verdade que, muitas vezes, nós também não estamos aptos a ensinar.

E, a falta de método aliada à falta de tacto, podem tornar um momento de transmissão de saberes um verdadeiro calvário.

Pois, mas não foi nada disto que aconteceu connosco.

Não tendo qualquer dom para desenho, arrisquei rabiscar uma sapatilha "apelativa" num cartão, perfurando e colocando o cordão - cuja inspiração me veio diretamente do Pinterest - e propus ao meu pequeno príncipe aprender a entrelaçar os cordões das sapatilhas, pondo um ponto final no facilitismo do calçado sem atacadores.

Ele aceitou imediatamente o desafio - primeiro passo para o sucesso.
No início achou que seria capaz de reproduzir a obra sem observação - único erro.
Depressa reconsiderou e concluiu que, se calhar, observando e copiando os gestos a coisa se dava... E assim foi. Não foram precisos mais de 5 minutos para que, orgulhoso, conseguisse o seu primeiro laço. 

Enche o coração de uma mãe poder partilhar estas pequenas vitórias com o seu Super Homem :)

A três é que é bom! 


sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Agora é a sério!

Hoje termina a segunda semana da nova etapa da vida do meu príncipe: escola, agora à séria

Não sei quem é que estava mais nervoso, naquela segunda-feira, 16 de setembro, se a minha meia leca de estudante, se eu. Aliás, até sei. Era eu!

O meu filhote estava ansioso pelo começo das aulas, ávido de novidade e de conhecimento. 
Eu estava apreensiva e com o coração apertado, de o ver tornar-se tão independente e cada vez menos meu. 

Bem sabendo que na cabecinha dele tudo se adquire do dia para a noite, preveni-o de que Roma e Pavia não se fizerem num dia e que a aprendizagem se faz por etapas. 
Não o entendeu de imediato, mas aos poucos vai percebendo que cada coisa tem o seu tempo. E que cada pormenor é fundamental para um conjunto. 

Expliquei-lhe e repito-lhe sempre que o vejo desanimado: um longo caminho acabou de começar. O final está lá longe. É com os olhos postos no futuro que caminhamos no presente. 
Eu - Nós! - estaremos sempre cá para o apoiar e aplaudir.

Meu amor, as tuas asas estão a crescer. Um dia voarás.

A três é que é bom!






quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Queremos voltar para a ilha!

Férias de verão - as ditas férias grandes! - para mim são sinónimo de sol (muito sol!), calor, mar, praia, dolce fare niente.
Para o meu príncipe equivalem a piscina, piscina, piscina e mais piscina.
O papá apenas deseja paz e sossego, que é assegurado se o filho e a esposa estiverem satisfeitos. Aquela premissa: mulher feliz = homem feliz, aqui é elevada ao quadrado: esposa e filho felizes = marido e papá feliz :)

Nessa perspectiva de satisfação generalizada, era necessário decidir um destino. 

Confesso que por diversas vezes já tinha namorado o hotel Riu Gran Canária - o nome já acusa a localização - na página do nosso operador/agência de eleição - Luxairtours. O preço e a distância (o marido não aprecia viagens aéreas) tinham-nos levado a outras paragens. Mas este ano, finalmente, concordámos em partir à descoberta daquele pedaço de terra ao largo de África, em pleno Atlântico. Fomos a 5. Nenhum de nós voltou decepcionado! Bem pelo contrário.

Os receios iniciais - previsão de vento (todos os dias!), céu encoberto à chegada ao aeroporto, paisagem lunar dos primeiros km percorridos - foram-se atenuando mal avançamos a caminho do hotel e completamente dissipados chegados ao destino. 

Ficamos a saber que as formações rochosas que dividem a ilha - uma espécie de Grand Canyon - são as responsáveis pela tão grande diferença de clima entre o norte (onde residem os locais) e o sul (invadido por turistas). Como bons turistas, fomos para onde o sol estava garantido, claro! Com 5 dias de chuva ao ano, só com muito azar não voltaríamos com um bela pele tostada. 

O sol brilhou num céu azul celeste todos os dias. Só numa manhã tivemos neblina que rapidamente dispersou. E a brisa suave agradecia-se, pois na sua ausência as temperaturas subiam, mas sem atingir picos insuportáveis. 

A estadia de 15 dias passou num ápice. Mas ainda deu para muita coisa: 
- milhentos mergulhos na piscina - o príncipe já consegue nadar debaixo de água e à superfície nada à cão;
- Cirque du Soleil - oportunidade imperdível para assistir a um espetáculo grandioso e memorável;
- passeio de carrinha pela ilha - marcado, entre outras coisas que não vale a pena referir, pela visita da Igreja de São Matias (onde, na semana seguinte à nossa passagem, começou um incêndio enormíssimo que já desalojou centenas de pessoas);
- visita a Porto de Mógan - localidade encantadora, onde chove 2 vezes por ano!;
- passeio pelas Dunas de Maspalomas - com incursão pela praia de nudistas, que muito excitou os pirralhos;
- Jeep Safari pelas montanhas, com saltos e sobressaltos, ravinas e estradas estreitas, culminando com um passeio de dromedário - recomendamos! a Cátia (guia em francês, que descobrimos ser portuguesa), o Joaquim (motorista) e o Isaak (câmara man) não esquecerão tão cedo aquele grupinho, especialmente o miúdo que mal via a câmara se punha a dançar fortnite :)

No que respeita o hotel: é espetacular! As fotografias não enganam mas não mostram a ótima qualidade das refeições e a simpatia generalizada dos empregados, além da vista deslumbrante do Restaurante Atlântico (todos os dias - ou quase - pequeno-almoço com vista mar), da piscina infinita e do Purple Bar, com os seus cocktails sem álcool :) A localização é excelente, com um calçadão junto ao mar, para desgastar as calorias e, ao mesmo tempo, apreciar o pôr do sol. Adoramos. 

Voltamos a casa com um desejo de regressar. Seguramente o faremos. 

A 3 é que é bom! 





sexta-feira, 5 de julho de 2019

E vão 6!

Parece que foi ontem. Com uma barriga e um coração a transbordar, dirigi-me para a maternidade para que me provocassem o parto daquele que, desde o primeiro segundo em que soube que vivia em mim, se tornou o grande amor da minha vida.

Mas não foi ontem... já fez na semana passada 6 anos! Seis!

Dou comigo, volta e meia, a namorar fotografias de quando o meu príncipe era bebé e a sentir umas saudades tremendas daquele bebezinho fofinho.
 
Não que não seja um rapazinho adorável - que é! É um miúdo pleno de vida, com um coração grande, sempre disponível, amigo!  

A minha melancolia deve-se a reflexões mais pesarosas... sinto saudades do passado mas também do presente, ao pensar no futuro e nesse mundo que o vai levar para longe de mim... 

I will always love you! ❤️

A três é que é bom!


sexta-feira, 10 de maio de 2019

Da vulnerabilidade

No dia a dia uso muito provérbios e lengalengas, lugares comuns e frases ditas. Uma delas é: ninguém diga que está bem... E é bem verdade.

No dia 14 de abril, estava o meu rebento sentadinho a ver os desenhos animados com o papá, quando este me chamou para ir rápido ver o que era aquilo. No meio do cabelo do pequenote, quase no centro da cabeça, estava uma coisa redonda, com uma coloração preta. Sem pensar, agarrei aquilo e fiquei a olhar para a mão. Fui analisar à luz, deixei cair, não se mexeu, peguei novamente na mão e fiz explodir aquele saco cheio de sangue da cabeça do meu príncipe. Sim, era uma carraça! Só podia ser uma carraça. Sem a cor esverdeada das ervilhas - de que tenho memória de ver nas orelhas dos cães - mas nenhum outro bicho suga sangue daquela forma. 

A seguir veio o pânico das terríveis consequências duma picada de carraça e as interrogações de onde é que ele apanhou aquilo e há quanto tempo estava aquela besta agarrada à sua cabeça (perguntas que ficaram, obviamente, sem resposta...).

Ao invés de correr para as urgências (num domingo) com o menino sem qualquer sintoma além da picada, procuramos saber o que fazer nestes casos. O ministério da saúde local publicou um cartaz informativo e fácil foi concluir que, no imediato, nada havia a fazer a não ser desinfetar a picada e ficar alerta a possíveis sinais de febre ou manchas na pele (na ferida ou noutro local do corpo). As complicações possíveis: doença de Lyme e febre da carraça. 

Claro que liguei à pediatra (disponível só no dia seguinte) para saber o que fazer mas os conselhos foram os mesmos. Desinfetar e observar.

Passado quase um mês sobre o sucedido, a febre da carraça aparecer é altamente improvável. Quanto à doença de Lyme, uns dizem que surge em 48h mas de acordo com alguns sites há a possibilidade de se manifestar até 3 meses - infelizmente na internet encontra-se de tudo... para o bem e para o mal.

É inacreditável como de um momento para o outro o nosso mundo pode desabar! Felizmente, neste caso, (e quero muito acreditar nisso!) apenas nos ameaçou de derrocada.

À terrível vulnerabilidade do ser humano no geral, acresce, numa mãe, a inultrapassável fraqueza de não poder trocar de lugar com o filho, sempre que este está em perigo. 

Amo-te meu amor.

A três é que é bom!


segunda-feira, 11 de março de 2019

Do 8 ao 80

A vida é cheia de cor. Está longe de ser a preto e branco - e ainda bem - e mesmo naquelas coisinhas que deveriam ser ou pretas ou brancas, está fragmentada em espaços cinzentos, de todas as tonalidades.

Onde é que eu quero chegar com isto? 
Ao ponto em que se passa de bestial a besta num picar de olhos. 

Na semana passada o pequeno príncipe soube mostrar o quanto é francamente inteligente ao criar, de raiz e sem qualquer inspiração que não fossem as imagens gravadas na sua cabecinha, um pirata de missangas ("hama perles"). 
Rico em pormenores e cor, surpreendeu-nos com o resultado final - um pirata, com perna de pau, uma mão de gancho, pistola na outra, papagaio no ombro e chapéu com caveira. Disse que não colocou a pala nos olhos porque teria que lhe alongar a cabeça e não ficava bem. 
Foi sobejamente elogiado, por pais inchados de orgulho.

Alguns dias depois, e porque preferiu a companhia de terceiros à dos pais, foi criticado e marginalizado, com palavras duras e, a meu ver, impronunciáveis.

Há coisas que não se dizem. 
E não precisarei de transcrever aqui o que foi dito, para que seja recordado para sempre. Espero que apenas por quem as disse e não por quem as ouviu.

Uma criança de 5 anos tem "o direito"  de chamar a mãe de méchante sorcière quando esta o contraria. Mas um pai não pode deixar que a frustração lhe mine a razão e deixar-se dizer barbaridades e, teimosamente, manter-se numa posição defensiva e agressiva para com o filho que lhe feriu os sentimentos.

Fica o registo. 
Porque este blog não é feito de coisas bonitas, mas de momentos que marcam. 




terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Do Amor e da Saudade

Longe de mim querer dizer que nos anos anteriores faltou, mas o último Natal foi repleto de Amor e harmonia, em família - como todos os Natais deveriam ser. Não me recordo de outras quadras natalinas tão serenas e tão genuinamente felizes.

Os avós estiveram cá durante 10 dias, e foram 10 dias em nossa casa - 24h/24h.

O pequeno príncipe aproveitou cada minuto, acordando de madrugada - grande parte das vezes no meio deles - e esticando o serão até ao máximo. Não os largou de um segundo, exigindo toda a atenção e sugando todo o carinho que não tinha desde setembro. 

No dia em que se foram embora, estava já deitado para dormir quando largou num pranto inconsolável. Acorremos, preocupados, a saber o que tinha. A resposta foi inesperada: tinha saudades dos avós. 
Foi a primeira (e, para já, única) vez que o vi chorar de saudade. Ohhhhhh. Tem tanto de doloroso como de adorável. A manifestação palpável e inegável do seu enorme Amor pelos avós. 

Fazem-lhe muita falta.E a mim também. 

Em família é que é bom!