Onde é que eu quero chegar com isto?
Ao ponto em que se passa de bestial a besta num picar de olhos.
Na semana passada o pequeno príncipe soube mostrar o quanto é francamente inteligente ao criar, de raiz e sem qualquer inspiração que não fossem as imagens gravadas na sua cabecinha, um pirata de missangas ("hama perles").
Rico em pormenores e cor, surpreendeu-nos com o resultado final - um pirata, com perna de pau, uma mão de gancho, pistola na outra, papagaio no ombro e chapéu com caveira. Disse que não colocou a pala nos olhos porque teria que lhe alongar a cabeça e não ficava bem.
Foi sobejamente elogiado, por pais inchados de orgulho.
Alguns dias depois, e porque preferiu a companhia de terceiros à dos pais, foi criticado e marginalizado, com palavras duras e, a meu ver, impronunciáveis.
Há coisas que não se dizem.
E não precisarei de transcrever aqui o que foi dito, para que seja recordado para sempre. Espero que apenas por quem as disse e não por quem as ouviu.
Uma criança de 5 anos tem "o direito" de chamar a mãe de méchante sorcière quando esta o contraria. Mas um pai não pode deixar que a frustração lhe mine a razão e deixar-se dizer barbaridades e, teimosamente, manter-se numa posição defensiva e agressiva para com o filho que lhe feriu os sentimentos.
Fica o registo.
Porque este blog não é feito de coisas bonitas, mas de momentos que marcam.
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