segunda-feira, 11 de março de 2019

Do 8 ao 80

A vida é cheia de cor. Está longe de ser a preto e branco - e ainda bem - e mesmo naquelas coisinhas que deveriam ser ou pretas ou brancas, está fragmentada em espaços cinzentos, de todas as tonalidades.

Onde é que eu quero chegar com isto? 
Ao ponto em que se passa de bestial a besta num picar de olhos. 

Na semana passada o pequeno príncipe soube mostrar o quanto é francamente inteligente ao criar, de raiz e sem qualquer inspiração que não fossem as imagens gravadas na sua cabecinha, um pirata de missangas ("hama perles"). 
Rico em pormenores e cor, surpreendeu-nos com o resultado final - um pirata, com perna de pau, uma mão de gancho, pistola na outra, papagaio no ombro e chapéu com caveira. Disse que não colocou a pala nos olhos porque teria que lhe alongar a cabeça e não ficava bem. 
Foi sobejamente elogiado, por pais inchados de orgulho.

Alguns dias depois, e porque preferiu a companhia de terceiros à dos pais, foi criticado e marginalizado, com palavras duras e, a meu ver, impronunciáveis.

Há coisas que não se dizem. 
E não precisarei de transcrever aqui o que foi dito, para que seja recordado para sempre. Espero que apenas por quem as disse e não por quem as ouviu.

Uma criança de 5 anos tem "o direito"  de chamar a mãe de méchante sorcière quando esta o contraria. Mas um pai não pode deixar que a frustração lhe mine a razão e deixar-se dizer barbaridades e, teimosamente, manter-se numa posição defensiva e agressiva para com o filho que lhe feriu os sentimentos.

Fica o registo. 
Porque este blog não é feito de coisas bonitas, mas de momentos que marcam.