terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Ainda dos genes

Quem nos conhece nem desconfia qual é esse outro gene que passou de mãe para filho. Não desconfia porque sabe! É que, em certas coisas, somos duas gotinhas de água. Iguais.

Posto isto, cá vai a segunda característica genética a que fiz alusão no meu post anterior: o meu pequeno príncipe, tal como a sua mamã querida, gosta de cantar. (Sim, isto também são heranças da avó materna).

Se esta entrada se resumisse a isto, estava tudo ok. O problema é que o meu pequerrucho acha que canta bem (ok, é verdade!) e, não contente de cantarolar pela casa fora e no coro, anda a moer-me o juízo com a ideia de participar no The Voice Kids.

A culpa disto tudo é dos avós. Foram eles que lhe mostraram o formato do programa para adultos e que lhe disseram que existe um para crianças.  

Eu sou a primeira pessoa a dizer que ele canta bem, mas daí a… vai alguma distância. Tem uma voz doce, de menino de 8 anos. Afinada. Mas a ideia de o expor a criticas e em competição com vozeirões, não me passa pela cabeça.

Pensei que estava a chutar o assunto para canto dizendo-lhe: “a pessoa indicada para te aconselhar nesse assunto, é a tua professora de canto”. Sugeri consultasse a professora do grupo coral porque não me senti capaz de lhe matar um sonho à nascença. Expliquei-lhe que poderíamos coloca-lo em aulas particulares de canto caso a profissional achasse que ele tinha potencial (acreditando, secretamente, que a professora o desencantaria e que ele acabaria por tirar daí o sentido).

Fiquei surpresa quando voltou a casa depois do ensaio e me contou a conversa que teve com a docente. Embora lhe tenha dito que as aulas individuais na escola de musica são só para miúdos a partir dos 14 anos e que não tinha tempo para lhe dar aulas privadas, disse-lhe que sim, que ele tinha capacidades para participar.

Acredito tenha sido uma resposta sincera.
Mas não me ajudou.
É que agora não me fala de outra coisa.
E eu não estou a conseguir descalçar esta bota.

Mentalmente na minha cabeça decidi: cada coisa a seu tempo.
Um dia de cada vez.
Se surgir alguma oportunidade de participar num concurso de canto, logo se vê.
Se o sonho da mãe de ser cantora se vai realizar na pessoa do filho, só o futuro dirá!

Enquanto isso, continuamos a ter concertos hilariantes todos os dias. É que cantar numa língua que se desconhece, e ainda por cima sem a letra para acompanhar, não é para qualquer um. Só os verdadeiros artistas e, mais que isso, destemidos aventureiros. 

A três é que é bom!



segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Dos genes

Para que fique desde já bem claro: nenhuma das observações que venha a tecer sobre genética tem carácter científico. Eu não percebo patavina do assunto e as minhas considerações são fruto da minha observação limitada a um único espécimen.

Agora que estamos esclarecidos, posso prosseguir afirmando: o meu pequeno príncipe herdou os genes da mãe, se não em mais, em duas coisinhas.

Um: na gulodice. É um guloso de primeira. Não vira as costas a nenhum docinho e derrete-se todo por um bolinho acabado de sair do forno.

Nas tardes que passamos em família em casa pergunta sempre se não fazemos um bolinho para o lanche. Normalmente diz-me: mamã, vamos fazer um bolinho? O que ele quer dizer é: mamã, não queres fazer um lanchinho daqueles que eu tanto gosto enquanto eu fico ali a ver televisão, sossegadinho? 

Seria hipócrita da minha parte estar a apresentar estes momentos como um fardo para mim. Eu gosto de fazer bolos, bolinhos e bolachas. A pastelaria é uma espécie de escape e dou por mim a consumir horas de internet só a ver receitas. Por isso, ter alguém que aprecia o que faço é só mais um motivo para me desgraçar nas horas vazias.

Neste fim de semana desgraçamo-nos duplamente.

No sábado houve gauffres de Liège, daquelas que nem precisam de cobertura, porque são tão doces que quase enjoam. Quentinhas, acompanhadas por um chazinho… Nhammm. Que delícia.

Ontem foi dia de experimentar mais uma receita da La Dolce Rita (de quem somos híper mega fãs) – muffins de chocolate americanos. São muito bons! Sabor extremo a chocolate, como gostamos. E ainda morninhos, são de comer e chorar por mais.

É claro que este pendente para as coisinhas açucaradas tem de ser controlado e há um limite que não pode ser ultrapassado. Volta e meia (hoje de manhã, por exemplo) o meu pequenote fica com dores de barriga, fruto dos excessos cometidos.

A culpa é minha! Eu sei. Deveria, como mãe, ter uma atitude responsável e cortar-lhe nos doces. Mas que culpa temos se nos está nos genes este penchant para as coisas boas? Sim, que eu também fiquei com este legado da minha mãe. Somos vitimas da genética :P

Eu sei que com esta conversa de gulosos vocês até se esqueceram que são duas as heranças genéticas da mamã. Mas da segunda falarei num outro dia ;)

Por hoje ficamos com as fotos do meu menino, a deleitar-se de prazer. Dá gosto só de ver.

A três é que é bom!



terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Das prioridades

O meu pequeno príncipe recebeu dos primos de coração uma bola decorativa, recheada de bombons, cada um deles com uma palavra inscrita representando os desejos para o Natal.

Quando abriu o presente, espalhou os docinhos na mesa e leu cada um deles. Sugeri-lhe que os ordenasse pela importância que cada um tem para si.

O resultado está representado na foto infra, com transcrição no final deste post.
E não poderia ter ficado mais orgulhosa das suas escolhas. A sua ordem de prioridades revela o seu interior e a grandeza da pessoa que é.

Não hesitou nem um segundo na primeira escolha: Família.

A sua ligação à Família – sobretudo ao núcleo duro que constituem pais, avós, padrinhos e primos – é tão forte que a ideia de os perder lhe é insustentável.

Esta manhã, após se ter despedido dos avós que regressaram a casa, dizia-me: “mamã, consegui não chorar”. “Conseguiste sim filho”.
Não sei se isso é bom ou mau…. O que sei é que não o quero a sofrer, contendo a dor da ausência.
Expliquei-lhe, entrelaçando-o num abraço, que mais importante que a saudade que vamos ter dos avós, é saber que aproveitamos cada instante sempre que os temos por perto.

A vida é fugaz e foge-nos debaixo dos pés. Por isso, façamos cada momento valer a pena.

Família. Saúde. Amor. União. Amizade. Esperança. Felicidade. Gratidão. Fé. Paz. Alegria. Luz.
Que nada disto nunca te falte meu Amor.

A três é que é bom!



quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Do buraco negro

Para iniciar esta entrada quase me apetece repescar a minha citação da anterior e reiterar: não faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti.

A mim, em criança, fizeram-me algumas patifarias que ainda recordo. Uma das que mais me marcou está associada ao meu físico e poderá ser uma das causas pelas quais, ainda hoje, olho para o espelho e não gosto do que vejo.

Concretizando: quando mudei os dentes, nasceram-me, como a toda a gente, duas favolas de adulto que, naturalmente, eram grandes demais para a minha cara.
Hoje eu sei que isto acontece com todos. Naquela altura não sabia. E, portanto, quando me chamavam dentolas, isso significava muito para mim.

O recalcamento é de tal ordem que o meu filho já conhece esta história, tendo acusado a responsável de tal judiaria de ter sido má para a sua mamã querida.

Isto vem a propósito do primeiro grande acontecimento do ano do meu pequeno príncipe: caiu-lhe o terceiro dente. Caiu não. Foi arrancado.

Os incisivos centrais superiores estavam a abanar há uns dias. A impaciência e vontade de ter um sorriso novo não deram descanso aos pobres dentes, tendo o esquerdo acabado por ficar pendurado por um cantinho. Receosa que o seu destino fosse o mesmo do segundo dente que mudou (o seu estômago), perguntei se queria que lho arrancasse. Assentiu e em menos de 5 segundos estava com um belo buraco negro no seu lugar.

Que orgulhoso que ficou, ansioso por mostrar a toda a gente.

Na escola, os colegas disseram-lhe que está estranho.
É um comentário relativamente isento, mas que já o faz duvidar de si. Perguntou-me, inseguro: achas que estou bonito mamã? É claro que estás meu amor! És o menino mais lindo do mundo!

E é!
Lindo por fora e perfeito por dentro.

A três é que é bom!



terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Do reset

Se é verdade que objetivamente a passagem de ano é um dia como outro qualquer, muitos de nós aproveitam a viragem para fazer um balanço do que foram os últimos 12 meses e procuram definir metas e objetivos a concretizar ao longo do ano que está à porta.

São tantas as folhinhas em branco e podem ser escritas de tantas cores, que o difícil é, muitas vezes, concretizar.

É comum as pessoas dizerem: eu este ano só quero ser feliz.

A mim parece-me bem. Muito bem, aliás.
Mas este desejo congrega em si uma imensidão de tantos outros que o torna pouco objetivo. Mas é, sem dúvida, o desejo que todos temos. A felicidade.

Sabendo que a felicidade é um caminho e não uma meta, se calhar importa também definir outras aspirações.

Neste sentido, se queremos:
- saúde, devemos zelar por ela;
- paz, devemos promovê-la, relativizando;
- amor, devemos partilhá-lo – quanto mais se dá, mais se tem;
- harmonia, devemos fomentá-la;
- dinheiro, devemos trabalhar;
- conhecer novos lugares, devemos partir à aventura;
- aprender alguma coisa nova, devemos investir no conhecimento.

Ao meu pequeno príncipe há uma coisa que eu repito vezes sem conta e que acho que diz tudo sobre a forma como nos devemos posicionar perante o mundo e aqueles que nos rodeiam: nunca faças aos outros aquilo que não gostavas que te fizessem a ti.
É válido para cada dia, para cada recomeço. É válido sempre que metemos o pé na poça e nos queremos melhorar como pessoas. É válido para toda a gente.
Vestir a pele dos outros e tentar trilhar os seus caminhos torna-nos menos críticos e mais condescendentes. Afinal de contas, não temos todos as mesmas oportunidades nem as mesmas ambições.

O primeiro dos dois desejos do meu pequenino para este Novo Ano está, tenho a certeza, na lista das 12 passas de muitos: que o covid acabe.
Tão generoso que é! Afinal de contas seria um presente para a humanidade.

O seu segundo pedido foi saber tocar melhor bandolim. Ora, parece-me mais facilmente realizável, na medida em que depende unicamente de si. Querer é poder! E capacidades é que não lhe faltam. 
No que depender de mim, não o deixarei esquecer esta resolução. 

Uma coisa é certa: não poderíamos ter iniciado 2022 de melhor forma! A família reunida, com saúde e bem-disposta, são os ingredientes certos para uma noite perfeita.

Venham lá esses 365 dias, novinhos em folha. Estou ansiosa por neles imprimir o nosso rasto.

A três é que é bom!