quinta-feira, 30 de julho de 2020

Perspetivas da mesma realidade

Se me perguntarem se estou feliz na realidade atual, direi que não. De jeito nenhum. Perdi a liberdade de movimentos e nada me asfixia mais do que as asas presas. Sinto-me encurralada num mundo merdoso. Receio por mim e pelos que amo. Não vivo. Sobrevivo.

Mas se me questionarem se a pandemia trouxe alguma coisa positiva para a minha vida, direi, sem pensar duas vezes, que sim!

Trouxe, por um lado, a vida familiar que nunca tínhamos tido (contexto de férias não conta). Os quatro (o Mickey também faz parte da família) em casa, confinados, "obrigados" a uma convivência de 24h/24h revelou que, afinal, nos amamos e nos suportámos muito além do que imaginávamos. 

Por outro lado,  e apesar de ter estado em teletrabalho, o período durante o qual as escolas estiveram encerradas, permitiu-me acompanhar a escolaridade do meu pequeno príncipe a um nível que não seria possível em contexto escolar presencial. 

Os trabalhos, inicialmente enviados por email, passaram a ser descarregados na aplicação Teams - uma novidade à qual nos adaptamos. Tratando-se de planos semanais, a abordagem em casa dependia da vontade do aluno. Matemática, alemão ou francês, começava pelo que mais lhe aprouvesse. E, apesar de nem todos os dias terem sido dias fáceis (birras matinais, adiando a labuta diária), o certo é que na quinta-feira o cronograma estava cumprido, sem falhas. 

E não, nunca fui eu quem lhe fez os trabalhos. Não precisa disso. Demonstrou - não que eu já não o soubesse - que é inteligente, perspicaz, organizado e obstinado. 

A minha luta - e a minha vitória - foi incutir-lhe o gosto pela bonita apresentação. A letra, que no primeiro semestre lhe mereceu reparos, passou a valer-lhe elogios e nota máxima. Cadernos e exercícios limpos, letra direitinha. Até dá gosto.

No final do semestre, a reunião com a professora só podia revelar o que eu já sabia: ano concluído com sucesso. Orgulho!

A três é que é bom!