quarta-feira, 29 de abril de 2020

Mickey

A história da chegada do Mickey à nossa casa não chega para um filme, mas daria claramente um pequeno livro de aventuras.

Tudo começou há uns 2 anos e tal, 3,  quando um rapazinho, não conseguindo convencer os pais a darem-lhe um irmão, desejou ter um cão  (e isto depois de, aos 2 anos, ter tido um gato a quem fez a vida negra - não fosse o felino preto e branco - acabando o bichinho adoptado pelos avós).

O certo é que os filhos únicos, não tendo "rivais" diretos com quem são diariamente obrigados a partilhar, tornam-se muitas vezes egoístas... e um animal pode (diz-se...) ajudar a moldar esse mundinho tão egocentrico da criança que se sente rainha em casa.

Vai daí, nessa altura, ficou a promessa que no dia que tivessemos um jardim, poderíamos adoptar um cão.

O jardim chegou em julho de 2018. 

A cobrança de promessas feitas não se fez tardar. Volta e meia, com aquela voz melosa e sofrida atirava-nos à cara que lhe havíamos prometido um cão e nada... que não tinha com quem brincar. Nem irmãos, nem cão, ninguém... Pobre criancinha... :p

O certo é que o prometido é devido. 

Assim, e depois de escolhida a raça do animal - e que me desculpem todos os bichinhos rafeiros e abandonados que procuram um dono e que não dúvido serão otimos cães de companhia, mas, com um miúdo travesso em casa, não quisemos arriscar adoptar um cão qualquer, sem algumas garantias de amabilidade e obediência - lançamo-nos numa rede de contactos com criadores para arranjar um golden retriever para adopção.

Desengane-se quem achar que é fácil. Sim,  é muito simples ser enganado e comprar gato por lebre. Mas encontrar criadores, conseguir uma reserva e receber o pequenote em casa é tudo um processo. 
E em negociações infrutíferas seguia o ano de 2019, quando, inesperadamente, e quando desabafava as minhas dificuldades com um amigo, este me diz: a minha sobrinha é veterinária e conhece um criador... Costuma-se dizer que quem tem amigos não morre na cadeia, e foi precisamente o que aconteceu. 

Em novembro recebia a notícia que o cachorrinho tinha nascido. Em dezembro que poderia vir para casa em janeiro.

Neste momento começa o capítulo mais empolgante deste livro de aventuras: o cão, nascido em Portugal, teria de viajar para o Luxembrugo, para a sua futura casa. Os avós, mais desocupados e sempre disponíveis para ajudar, foram convocados para acompanhar o "neto" mais novo. 
A chegada - o grande dia! - estava prevista para dia 21 de janeiro.
Chegaram a 23!

Seria longo e moroso contar-vos:
- como a companhia aérea se recusou a embarcar um cachorro de 10 semanas, sem vacina da raiva, quando funcionária da mesma companhia me havia garantido que não haveria qualquer obstáculo; 
- como movi mundos e fundos para tentar reverter a situação, sem sucesso;
- contar-vos o desalento do meu pequenote, ao saber que cão não chegaria no dia previsto;
- como meus pais marcaram viagem noutra companhia para dali a dois dias, para que netinho não se afogasse em lágrimas;
- como afinal a primeira companhia aérea assumiu o erro e prometeu reembolso dos bilhetes...

Tudo está bem quando acaba bem e, felizmente, todo o stress desses dois dias se dissipou com a chegada ao cachorro, são e salvo, a casa. 

A primeira vez que o vi, num vídeo que a veterinária me enviou, disse ao meu marido: "até tenho medo que mo roubem" - quando o vi, ao vivo e a cores, conquistou imediatamente o meu coração. 

É um cão adorável!

Da relação com o principe falarei noutro dia. 

Quase me sinto tentada a dizer:
A quatro é que é bom :p 


                                                               Foto com 10 semanas