terça-feira, 30 de novembro de 2021

Do Amor para a vida toda!

O meu pequeno príncipe é filho único. Esta fora uma decisão nossa, mesmo antes de ter engravidado. Além de ter sido mãe já com 35 anos, não me via (nem vejo) capaz de gerir uma vida com mais do que uma cria. Se com um já não tenho tempo para nada, com dois, três, quatro... enlouquecia.

A dada altura – e isso acontece com todas as crianças – o meu filho disse-nos que queria ter um irmão, para ter com quem brincar. Explicamos-lhe que não estava nos nossos planos ter mais do que um filho mas que percebíamos que lhe faria bem ter companhia.
Por conseguinte, prometemos-lhe um animal de estimação.
Tem um cão desde janeiro de 2020. E tratam-se como se fossem irmãos de verdade. São ciumentos um do outro, com arrufos e pequenas quizilas. Gostam-se, só que não. Uma espécie de: "je t'aime, moi non plus".

Com quem o meu rebento tem uma relação maravilhosa é com a prima. A minha querida e adorada sobrinha e afilhada.

Não creio que qualquer amor fraterno fosse superior ao amor que os une.
Eu tenho um irmão – o pai da minha sobrinha! – e a nossa relação nunca foi um quinto da relação dos nossos filhos. Entendem-se até no desentendimento.

O macho Alpha da relação é a menina. É mais velha um ano e sempre teve o ascendente sobre ele. Mas não, não é uma relação de submissão. É uma relação coordenada e harmoniosa, de carinho e respeito mútuo, de pura cumplicidade.

No passado domingo, e como já contei, fomos ver o meu filho cantar no concerto de Natal. A minha princesa (rainha, como ela tanto gosta de se auto-nomear), ainda não tinha ouvido o primo e já apregoava que ele era o melhor de todos e que ela é a sua maior fã. A fã número um! Quis gravar o concerto completo, fazendo “xiu” à audiência, para poder ouvir o seu Matias.

Isto é Amor!

Não são irmãos. Mas são família. E no núcleo duro da nossa família, vale o mesmo. Estamos cá uns para os outros. Sempre. 

Será um Amor para a vida toda. Tenho a certeza!

A três é que é bom!



segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Do peito inchado

Bem sei que estes últimos tempos tenho vincado mais os defeitos do que as qualidades do meu pequenito. O facto de não conseguir comportar-se convenientemente tem-me toldado o espirito, levando-me, por vezes, a concentrar a atenção no que faz de mal, esquecendo-me do quanto de bem que indiscutivelmente tem.

Mas não é porque tem “imperfeições” que deixa de ser um menino maravilhoso e com um coração bonito. É. E muito.

Neste ponto, concedo que preciso de me lembrar que, mesmo nas reprimendas, o meu príncipe tem de sentir o tamanho do meu Amor por ele e perceber que é a enorme preocupação que me obriga a ser mázona como ele tantas vezes me chama.

Mas ontem não foi dia de ser má. Ontem foi dia de inchar o peito de orgulho!

Explicando: sempre achei que o meu pequeno príncipe canta bem e duas das suas antigas professoras corroboraram o meu pensamento, ao sugerirem que o colocasse no canto. Propus-lhe e ele aceitou. Portanto, desde o inicio do ano letivo, frequenta o grupo coral da escola de música.

A sua primeira atuação em público aconteceu no mercado de Natal da nossa cidade, neste domingo.

A seu pedido, convidamos os padrinhos e primos para o concerto, ao qual se juntaram amigos. E foi tão bom!

Nos cerca de 30 minutos que durou o espetáculo, deleitaram-nos com musicas natalinas em todas as línguas. Se estavam muito afinados não sei, mas que formavam um quadro ternurento, formavam.

É claro que o mais lindo dos meninos era o meu. Lindo por fora e delicioso por dentro. Canta com o coração e isso vê-se.
Bem… também se viram os olhares ameaçadores ao papa, que só no final do concerto soube que estava à frente de um colega do filho, a tapar a visão – e daí as ameaças que lhe chegaram do palco.

Este meu filho é um pontinho. Um pontinho cheio, redondinho, daqueles bem plenos! Um pontinho que um dia desabrochara e, estou segura, se tornará numa versão melhorada do tudo o quanto quero para ele.

A três é que é bom!



segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Das medidas desesperadas

Em minha defesa começo por dizer que tudo o que faço é a pensar no melhor para o meu pequeno príncipe. Dentro dos limites da legalidade - podem acusar-me de muita coisa, mas não de ser uma fora da lei - não olho a meios para atingir os fins.

Contextualizando: o meu filho está renitente em acatar regras e não tem um comportamento exemplar na escola. Basicamente fala sem pedir licença e responde quando deveria estar caladinho. Não tive queixas do professor, mas sei pelo próprio faltoso que tem perdido estrelas por não saber controlar os seus ímpetos.

A sua noção de que se porta mal é tanta que, depois de andar a folhear os catálogos dos brinquedos há umas 3 semanas, não quis escrever nenhuma carta para o Saint Nicolas porque, segundo me disse, não tem hipótese de reconversão. Sabe que não se comporta bem e que merece receber um pau do Père Fouettard. Até sonhou que acordava a 6 de dezembro e tinha um chamiço debaixo da árvore.

Da minha parte já tentei de tudo e mais alguma coisa para o fazer ver que só se prejudica com esta mania de fazer como lhe apetece. Já dialogamos. Já gritámos. Já fiz promessas. Já fiz ameaças. Já o pus de castigo. Nada. Uns dias resulta, mas volta ao mesmo.

É de arrancar cabelos.

Há dias, recordando a nossa conversa e atenta a sua convicção de que já não vai a tempo para fazer as coisas bem, tive uma ideia desesperada. Recorrer às forças divinas. Apelar àqueles que fazem magia e convertem os mais cépticos. Pedir socorro ao São Nicolau em pessoa.

Atenção! Estou segura que isto não foi nenhuma usurpação de identidade e que foi o próprio Saint Nicolas que me soprou esta ideia ao ouvido! Ele perdoar-me-á por apregoar o seu nome, que foi tudo menos em vão.

Então eis o que sucedeu: o Saint Nicolas escreveu uma carta ao meu pequenino. Quando abriu o envelope e leu o seu teor, ficou com os olhos marejados de lágrimas. Não chorou, mas a mim deu-me muita vontade de o fazer.

Se este meu filho soubesse o quanto é espetacular! Só mesmo ele é que não vê!

Quanto ao meu plano, não faço ideia se vai resultar. Temo que não.
Na sua carta de resposta – sim! Finalmente escreveu ao Saint Nicolas – diz coisas bonitas, mas não se compromete a mudar. E foi intencionalmente que não colocou que se iria portar bem. Desconheço se por medo de falhar ou se por ter a certeza de que não vai cumprir…

Ser mãe é a profissão mais difícil do mundo. Mas é a única na qual eu me invisto com tudo e da qual não abro mão.

A três é que é bom!




quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Das “notas, castigos e prémios”

Este é o título da última crónica sobre dicas/educação -  da autoria de uma psicóloga e de uma professora -  com tiragem num conhecido jornal português aqui do sítio.

É que nem de propósito. Vem de encontro às minhas preocupações do momento.

Li, portanto, com toda a atenção a opinião das ilustres doutoras e recomendo.

No entanto, e se me permitem, a abordagem do tema peca por não ser suficientemente abrangente.

Quid das crianças que sabem perfeitamente a matéria mas estão com a cabeça sabe-se lá onde e fazem asneiras nos testes? Consecutivamente. E não, não estão a passar por nenhum episódio traumático que o justifique, nem tão pouco sofrem de ansiedade perante fichas de avaliação.

O meu querido e adorado filho, por quem tenho um amor e orgulho desmedidos, fez porcaria nos três últimos testes, por pura distração. Num momento escreve bem a palavra, na linha seguinte escreve com erros. Ao escrever o resultado de uma conta, coloca as dezenas e esquece as unidades… Isto é o quê? É coisa de deixar a mãe à beira de um ataque de nervos.

Eu sei – e assumo sem qualquer pudor – que sou muito exigente com o meu pequenote. Mas sou aquilo que ele fez de mim. Eu não posso deixar de me indignar com os resultados se sei que são fruto de uma cabeça de vento. Não é stress, não é medo de falhar, não é bloqueio mental… é pura e simplesmente fazer a correr para passar a outra coisa.

As senhoras doutoras não souberam/quiseram responder o que se faz nestas circunstâncias.

Em minha casa o que se passou foi o seguinte: ao terceiro teste com erros de palmatória (aqueles imperdoáveis, porque sabe a resposta – até porque faz a correção sem qualquer ajuda – mas responde errado), ficou de castigo.

Não fui severa como ele merecia. São apenas 3 dias sem ver televisão (a sua perdição).  

A minha relativa clemência deve-se ao conhecimento de que a época pré-natalícia o deixa em pulgas e ao meu receio de tornar os castigos contraproducentes. Mas tudo isto me deixa furibunda e baralhada e sem saber o que fazer para o ajudar.

Custa-me vê-lo desperdiçar as energias em futilidades. Centrar o seu pensamento em banalidades e relegar para segundo plano o fundamental.

Sei que quando não tem testes só de estrelas que fica furioso e desiludido consigo mesmo. Esta sua consciência de que é capaz de melhor dá-me esperança de que da próxima vez se concentre e os testes sejam o reflexo das suas capacidades, conhecimentos e competências.
Se pode ser excelente, porquê contentar-se com bom?

Este, como outros, é só mais um caminho tortuoso que vamos palmilhar juntos. Porque, por mais ameaças que faça, eu nunca vou desistir do meu pequeno príncipe e de o arrastar para o melhor de si.

A três é que é bom!





segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Do Amor

O título mais evidente para esta entrada seria “Do aniversário do papa”, mas optei por uma denominação que além de mais curta, é mais próxima da verdade. Neste fim de semana não celebramos apenas o aniversário do pai. Foi uma ode completa ao Amor.

A nossa prenda para o nosso rei foi toda germinada à volta do carinho, afeição, dedicação e entrega. Coisas que o dinheiro não compra e que a mentira não reproduz. Só quem as sente as consegue transmitir.  Fizemos do nosso melhor, o meu pequeno príncipe e eu, para que o papa sentisse o quanto é especial nas nossas vidas e o Amor enorme que temos por ele.

E como os homens se prendem pela barriga, também não faltou a parte gastronómica.

A receita do bolo foi o aniversariante que elegeu, tudo o resto foi pensado para proporcionar momentos de partilha. Escolhemos alguns dos pratos favoritos do papa, que confecionamos a várias mãos (os primos e padrinhos juntaram-se à festa) e aos quais juntamos sempre o ingrediente secreto, que faz com que todas as iguarias tenham um sabor inigualável: o Amor.

Que sortudos que somos de termo-nos uns aos outros.

A três é que é bom!



quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Da baba e ranho

Nesta entrada vou partilhar o que se chama um verdadeiro petit coup monté.

Estava tudo planeado. Não nos pormenores mas no resultado.

Então foi isto:
Já várias vezes contei que o meu pequeno príncipe tem uma relação ambígua com o nosso Mickey. A voltinha prevista é sempre demasiado longa, ou está demasiado frio, ou muito calor, ou seja lá o que for... levando-o a tentar reduzir ao máximo o tempo que passamos na rua com o bichinho. Mesmo em casa não posso dizer que seja um dono adorável. Tem momentos que demonstra um enorme carinho pelo cão mas noutros age como um totó ciumento e mal intencionado. Por mais pedagogia que tenha empregado ao longo destes, em breve, 2 anos que temos o nosso patudo, não almejei grandes progressos.

A dada altura tinha-lhe falado de um filme que vi há mais de uma década e que me tocou muito. Baseado num livro com o mesmo nome, retrata a vida de um cão de família. Disse-lhe que seria um excelente filme para ele ver, porque tinha a certeza que a sua visão do mundo seria alterada. Cheguei a procurar pela película nas plataformas streaming, sem sucesso. Qual não foi a minha surpresa quando vi, na semana passada, o Marley & me na Netflix?

Avisei logo em casa que, como o fim de semana se anunciava chuvoso, haveria sessão de cinema – para quem adora televisão, não poderia apregoar melhor programa. Também informei qual o filme que veríamos e expliquei ao meu filho que estava consciente que haveria muita baba e ranho no final, mas que era um mal necessário.

Obviamente não me enganei.

Segunda-feira, dia dos Finados, estávamos os três frente à televisão a descobrir as peripécias do pequeno e depois grande labrador e da sua família que passou de 2 para 3 elementos e mais tarde para 6 (com o nascimento dos 3 filhos), acompanhando a evolução das suas vidas. 
O cachorro, asneirento e com medo da trovoada, tem uma existência plena. Feliz. Numa família que o ama e a quem ele retribui o mesmo carinho. Contudo, e já numa idade avançadota, é-lhe diagnosticada uma doença incurável e os donos decidem pôr fim ao seu sofrimento.

Neste ponto, em nossa casa, um observador constataria o seguinte cenário:
- um adulto, que nunca chora, de olhos marejados;
- uma adulta, que já de si faz beicinho em filmes animados, a fungar e soluçar;
- uma criança, reconhecidamente sensível, em prantos, a chorar sofredora e ruidosamente.

O meu pequeno príncipe não aguentou ver quando o Marley estava para ser anestesiado e fugiu a abraçar o seu cão. Voltaram os dois, com o meu pequenote pendurado no pescoço do seu Mickey com promessas de nunca mais ser um dono desleixado.

Ninguém com o coração no sitio certo resiste a este filme sem que lhe escorra uma lágrima pela cara abaixo.

É claro que o facto de nos revermos nesta história - e anteciparmos a dor que será perder o nosso fofinho - ajudou ao diluvio que se viu.

Nessa mesma tarde, quando saí com meu filhote para passear o Mickey, olhou-me nos olhos e disse: "avec ce film tu m'as mis sur le bon chemin". 

A três é que é bom mas a quatro somos mais avariados!



terça-feira, 2 de novembro de 2021

Do Halloween

No dia 31 de outubro, no tempo da minha avó, as pessoas passavam a noite no cemitério, a garantir que as luzes das campas se mantinham vivas até ao amanhecer – iniciando, desta forma, a celebração do dia de todos os Santos.

No meu tempo já ninguém dormia no cemitério – aliás, estas histórias que a minha avó contava eram do mais parecido com filmes de terror reais: arrepiava-me toda só de pensar que alguém passava a noite entre os mortos.

Na minha juventude começou-se a ouvir falar do Halloween – nas aulas de inglês e nos desenhos animados. E recordo o dia em que, com o meu irmão, pegamos numa chila (a minha tia não nos deixou estragar nenhuma abóbora), lhe moldámos uns olhos, um nariz e uma boca e a colocamos no estradão debaixo de nossa casa (na parte mais escura), com uma vela acesa dentro. Boooo. Que medo! Consta que um dos nossos vizinhos ao passar na moto se borrou de medo.

Hoje em dia os miúdos vivem o Halloween como se toda a vida tivesse feito parte da nossa tradição. É um dos efeitos da globalização. Já nada é próprio. Tudo é de todos e perdem-se as raízes – convenhamos que é mais fácil aderir às celebrações do Halloween do que passar a noite no cemitério!

Vai daí, o meu pequeno príncipe andava em pulgas pela chegada do dia das bruxas.

Os fatos de anos passadas já não lhe servem pelo que este ano recebeu um de “dinossauro esqueleto”. Devo esclarecer que a escolha da indumentária teve que tomar em linha de conta o facto do meu pequenote ter medo dos disfarces mais horrendos. Aliás, no sábado fomos passear o Mickey e ele insistiu para passarmos frente a uma casa super decorada, com caveiras, abóboras, esqueletos, bruxas e até um Chucky! Conclusão: à noite não conseguiu dormir sozinho porque aquelas imagens não lhe saíam da cabeça.

Voltando aos festejos, no sábado foi dia de recortar a abóbora. O meu filho é muito bom nos trabalhos de equipa: ele escolheu a forma e a mãe fez o resto. Já me devo dar por feliz que não criticou a obra e ainda achou que ficou bem bonita. Eu também achei!

No domingo, embora a reunião familiar fosse para celebrar o aniversário da madrinha (que faz anos a 30), o dia ficou marcado pela euforia do Halloween. Com os primos vestiram-se e pintaram-se a rigor (tenho dotes escondidos que se revelam de acordo com as necessidades) e passaram o dia a ansiar o escurecer para irem tocar às portas da vizinhança.
As restrições que ainda marcam estes tempos limitaram a incursão a 5 casas, mas se só nestas encheram 3 sacos de doces e receberam 20 €, não sei o que seria se dessem a volta à localidade. Divertiram-se imenso e comeram muitas porcarias. Um dia pleno, portanto.

Da minha parte, que não aprecio por aí além o Halloween só tenho uma coisa a dizer: estou pronta para começar nos filmes de Natal. E nas músicas de Natal. E nas bolachas de Natal. E nas decorações de Natal. 😊

Ah! Para que conste: o meu filho dizia-me ontem que o Halloween é a sua terceira festa favorita. O seu aniversário está em segundo lugar. Em primeiro chega quem? Pois claro! O Natal! 😄

A três é que é bom!