segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Das medidas desesperadas

Em minha defesa começo por dizer que tudo o que faço é a pensar no melhor para o meu pequeno príncipe. Dentro dos limites da legalidade - podem acusar-me de muita coisa, mas não de ser uma fora da lei - não olho a meios para atingir os fins.

Contextualizando: o meu filho está renitente em acatar regras e não tem um comportamento exemplar na escola. Basicamente fala sem pedir licença e responde quando deveria estar caladinho. Não tive queixas do professor, mas sei pelo próprio faltoso que tem perdido estrelas por não saber controlar os seus ímpetos.

A sua noção de que se porta mal é tanta que, depois de andar a folhear os catálogos dos brinquedos há umas 3 semanas, não quis escrever nenhuma carta para o Saint Nicolas porque, segundo me disse, não tem hipótese de reconversão. Sabe que não se comporta bem e que merece receber um pau do Père Fouettard. Até sonhou que acordava a 6 de dezembro e tinha um chamiço debaixo da árvore.

Da minha parte já tentei de tudo e mais alguma coisa para o fazer ver que só se prejudica com esta mania de fazer como lhe apetece. Já dialogamos. Já gritámos. Já fiz promessas. Já fiz ameaças. Já o pus de castigo. Nada. Uns dias resulta, mas volta ao mesmo.

É de arrancar cabelos.

Há dias, recordando a nossa conversa e atenta a sua convicção de que já não vai a tempo para fazer as coisas bem, tive uma ideia desesperada. Recorrer às forças divinas. Apelar àqueles que fazem magia e convertem os mais cépticos. Pedir socorro ao São Nicolau em pessoa.

Atenção! Estou segura que isto não foi nenhuma usurpação de identidade e que foi o próprio Saint Nicolas que me soprou esta ideia ao ouvido! Ele perdoar-me-á por apregoar o seu nome, que foi tudo menos em vão.

Então eis o que sucedeu: o Saint Nicolas escreveu uma carta ao meu pequenino. Quando abriu o envelope e leu o seu teor, ficou com os olhos marejados de lágrimas. Não chorou, mas a mim deu-me muita vontade de o fazer.

Se este meu filho soubesse o quanto é espetacular! Só mesmo ele é que não vê!

Quanto ao meu plano, não faço ideia se vai resultar. Temo que não.
Na sua carta de resposta – sim! Finalmente escreveu ao Saint Nicolas – diz coisas bonitas, mas não se compromete a mudar. E foi intencionalmente que não colocou que se iria portar bem. Desconheço se por medo de falhar ou se por ter a certeza de que não vai cumprir…

Ser mãe é a profissão mais difícil do mundo. Mas é a única na qual eu me invisto com tudo e da qual não abro mão.

A três é que é bom!




Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.