Em minha defesa começo por dizer que tudo o que faço é a pensar no melhor para o meu pequeno príncipe. Dentro dos limites da legalidade - podem acusar-me de muita coisa, mas não de ser uma fora da lei - não olho a meios para atingir os fins.
Contextualizando: o meu filho está renitente em acatar
regras e não tem um comportamento exemplar na escola. Basicamente fala sem pedir
licença e responde quando deveria estar caladinho. Não tive queixas do
professor, mas sei pelo próprio faltoso que tem perdido estrelas por não saber
controlar os seus ímpetos.
A sua noção de que se porta mal é tanta que, depois de andar
a folhear os catálogos dos brinquedos há umas 3 semanas, não quis escrever
nenhuma carta para o Saint Nicolas porque, segundo me disse, não tem hipótese
de reconversão. Sabe que não se comporta bem e que merece receber um pau do Père
Fouettard. Até sonhou que acordava a 6 de dezembro e tinha um chamiço debaixo
da árvore.
Da minha parte já tentei de tudo e mais alguma coisa para o fazer ver que só se prejudica com esta mania de fazer como lhe apetece. Já dialogamos. Já gritámos. Já fiz promessas. Já fiz ameaças. Já o pus de castigo. Nada. Uns dias resulta, mas volta ao mesmo.
É de arrancar cabelos.
Há dias, recordando a nossa conversa e atenta a sua
convicção de que já não vai a tempo para fazer as coisas bem, tive uma ideia
desesperada. Recorrer às forças divinas. Apelar àqueles que fazem magia e
convertem os mais cépticos. Pedir socorro ao São Nicolau em pessoa.
Atenção! Estou segura que isto não foi nenhuma usurpação de
identidade e que foi o próprio Saint Nicolas que me soprou esta ideia ao
ouvido! Ele perdoar-me-á por apregoar o seu nome, que foi tudo menos em vão.
Então eis o que sucedeu: o Saint Nicolas escreveu uma carta
ao meu pequenino. Quando abriu o envelope e leu o seu teor, ficou com os olhos
marejados de lágrimas. Não chorou, mas a mim deu-me muita vontade de o fazer.
Se este meu filho soubesse o quanto é espetacular! Só mesmo
ele é que não vê!
Quanto ao meu plano, não faço ideia se vai resultar. Temo
que não.
Na sua carta de resposta – sim! Finalmente escreveu ao Saint Nicolas – diz coisas
bonitas, mas não se compromete a mudar. E foi intencionalmente que não colocou
que se iria portar bem. Desconheço se por medo de falhar ou se por ter a
certeza de que não vai cumprir…
Ser mãe é a profissão mais difícil do mundo. Mas é a única
na qual eu me invisto com tudo e da qual não abro mão.
A três é que é bom!
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