No dia 31 de outubro, no tempo da minha avó, as pessoas passavam a noite no cemitério, a garantir que as luzes das campas se mantinham vivas até ao amanhecer – iniciando, desta forma, a celebração do dia de todos os Santos.
No meu tempo já ninguém dormia no cemitério – aliás, estas
histórias que a minha avó contava eram do mais parecido com filmes de terror
reais: arrepiava-me toda só de pensar que alguém passava a noite entre os
mortos.
Na minha juventude começou-se a ouvir falar do Halloween –
nas aulas de inglês e nos desenhos animados. E recordo o dia em que, com o meu
irmão, pegamos numa chila (a minha tia não nos deixou estragar nenhuma
abóbora), lhe moldámos uns olhos, um nariz e uma boca e a colocamos no estradão
debaixo de nossa casa (na parte mais escura), com uma vela acesa dentro. Boooo.
Que medo! Consta que um dos nossos vizinhos ao passar na moto se borrou de
medo.
Hoje em dia os miúdos vivem o Halloween como se toda a vida
tivesse feito parte da nossa tradição. É um dos efeitos da globalização. Já
nada é próprio. Tudo é de todos e perdem-se as raízes – convenhamos que é mais
fácil aderir às celebrações do Halloween do que passar a noite no cemitério!
Vai daí, o meu pequeno príncipe andava em pulgas pela chegada
do dia das bruxas.
Os fatos de anos passadas já não lhe servem pelo que este
ano recebeu um de “dinossauro esqueleto”. Devo esclarecer que a escolha da
indumentária teve que tomar em linha de conta o facto do meu pequenote ter medo
dos disfarces mais horrendos. Aliás, no sábado fomos passear o Mickey e ele insistiu
para passarmos frente a uma casa super decorada, com caveiras, abóboras, esqueletos,
bruxas e até um Chucky! Conclusão: à noite não conseguiu dormir sozinho porque
aquelas imagens não lhe saíam da cabeça.
Voltando aos festejos, no sábado foi dia de recortar a
abóbora. O meu filho é muito bom nos trabalhos de equipa: ele escolheu a forma
e a mãe fez o resto. Já me devo dar por feliz que não criticou a obra e ainda
achou que ficou bem bonita. Eu também achei!
No domingo, embora a reunião familiar fosse para celebrar o
aniversário da madrinha (que faz anos a 30), o dia ficou marcado pela euforia
do Halloween. Com os primos vestiram-se e pintaram-se a rigor (tenho dotes
escondidos que se revelam de acordo com as necessidades) e passaram o dia a
ansiar o escurecer para irem tocar às portas da vizinhança.
As restrições que ainda marcam estes tempos limitaram a incursão a 5 casas, mas
se só nestas encheram 3 sacos de doces e receberam 20 €, não sei o que seria se
dessem a volta à localidade. Divertiram-se imenso e comeram muitas porcarias.
Um dia pleno, portanto.
Da minha parte, que não aprecio por aí além o Halloween só
tenho uma coisa a dizer: estou pronta para começar nos filmes de Natal. E nas
músicas de Natal. E nas bolachas de Natal. E nas decorações de Natal. 😊
Ah! Para que conste: o meu filho dizia-me ontem que o
Halloween é a sua terceira festa favorita. O seu aniversário está em segundo
lugar. Em primeiro chega quem? Pois claro! O Natal! 😄
A três é que é bom!
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