quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Da impaciência

O título desta entrada tanto poderia ser este como: da ansiedade, do stress, da pressa, da sofreguidão, da precipitação. Basicamente são sinónimos e caracterizam bem o carácter urgente do meu filho.

Eu sei que já falei disto e que não é novidade o facto do pequeno príncipe viver focado no que vem a seguir. Tem dificuldade em aproveitar o presente, tal é a sua vontade de chegar ao futuro. Prefere a incerteza do amanhã à garantia que o agora proporciona.

Esta agitação reflete-se nas grandes e nas pequenas coisas.
É tamanho o rebuliço da sua alma que até a dentição sai afetada: quando um dente dá sinais de abanar, empenha-se, sem relaxe, no pobre coitado, até que acabe por ceder à sua voracidade. Isso implica arranca-los quase à força, sem que o dente definitivo esteja “à porta”.

Em fevereiro, e após uns dias de trabalho intensivo, conseguiu arrancar o incisivo central direito superior. Empenhou-se de tal ordem em fazer saltar o dente que me vi obrigada a ajudar a extraí-lo, para evitar que o comesse durante a noite.
A precipitação levou a que, volvidos meses, o dente definitivo continuasse sem dar ares da sua graça. Em maio foi à dentista que, através de radiografia, constatou que dente estava lá e que a dureza da gengiva estava a impedir que brotasse. Sugeriu trincasse, durante 3 meses, cenouras cruas, para amaciar a pele e ajudar o incisivo a crescer – sob pena de ter que efetuar um corte para permitir a saída do dito cujo.

Foi engorgitando cenouras, mas acredito que a aspereza de as trincar sem dente fosse de molde a desviar a mordida para outras paragens. Certo é que ainda há uma semana nem sinal do dente definitivo. Precisamente no dia em que marquei consulta na dentista para obviar ao problema, chegou-me a casa com a novidade: já se sentia uma pontinha de marfim a despontar.

Levei-o, ainda assim, ver a médica que nada fez no dente a crescer, aproveitando para lhe limpar os restantes e lhe relembrar duas coisas: a importância de lavar os dentes e a necessidade de deixar a natureza fazer o seu trabalho.

Que bom que seria se o meu pequenote conseguisse desacelerar e saborear a vida, sem pressas.

A três é que é bom!



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