O título desta entrada tanto poderia ser este como: da ansiedade, do stress, da pressa, da sofreguidão, da precipitação. Basicamente são sinónimos e caracterizam bem o carácter urgente do meu filho.
Eu sei que já falei disto e que não é novidade o facto do
pequeno príncipe viver focado no que vem a seguir. Tem dificuldade em
aproveitar o presente, tal é a sua vontade de chegar ao futuro. Prefere a
incerteza do amanhã à garantia que o agora proporciona.
Esta agitação reflete-se nas grandes e nas pequenas coisas.
É tamanho o rebuliço da sua alma que até a dentição sai afetada: quando um
dente dá sinais de abanar, empenha-se, sem relaxe, no pobre coitado, até que
acabe por ceder à sua voracidade. Isso implica arranca-los quase à força, sem
que o dente definitivo esteja “à porta”.
Em fevereiro, e após uns dias de trabalho intensivo, conseguiu arrancar o incisivo central direito
superior. Empenhou-se de tal ordem em fazer saltar o dente que me vi obrigada a
ajudar a extraí-lo, para evitar que o comesse durante a noite.
A precipitação levou a que, volvidos meses, o dente definitivo continuasse sem dar
ares da sua graça. Em maio foi à dentista que, através de radiografia,
constatou que dente estava lá e que a dureza da gengiva estava a impedir que
brotasse. Sugeriu trincasse, durante 3 meses, cenouras cruas, para amaciar a pele
e ajudar o incisivo a crescer – sob pena de ter que efetuar um corte para
permitir a saída do dito cujo.
Foi engorgitando cenouras, mas acredito que a aspereza de as
trincar sem dente fosse de molde a desviar a mordida para outras paragens.
Certo é que ainda há uma semana nem sinal do dente definitivo. Precisamente no
dia em que marquei consulta na dentista para obviar ao problema, chegou-me a casa
com a novidade: já se sentia uma pontinha de marfim a despontar.
Levei-o, ainda assim, ver a médica que nada fez no dente a
crescer, aproveitando para lhe limpar os restantes e lhe relembrar duas coisas:
a importância de lavar os dentes e a necessidade de deixar a natureza fazer o
seu trabalho.
Que bom que seria se o meu pequenote conseguisse desacelerar
e saborear a vida, sem pressas.
A três é que é bom!
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