Comecei esta entrada pelo título, tendo escrito “das férias grandes”. Reli e não me soou bem. É que longe vai o tempo em que as férias de verão eram efetivamente grandes. Os 3 meses do antigamente encolheram e converteram-se em 3 semanas. Que informação dramática!
A este propósito vou-vos confidenciar que o meu maior sonho, neste momento, era
poder ter tantas férias quanto o meu rebento e passar todos os meses quentes
numa casinha junto ao mar. Isto sim, seria qualidade de vida.
Mas avancemos.
Se o tempo é curto, há que o aproveitar ao máximo. E foi
mais ou menos isso que fizemos!
A primeira semana de férias, em Islantilla – Espanha, com os
compadres e os primos emprestados, foi espetacular. Os dias, divididos entre
praia, mar, caminhadas, conchas, castelos de areia, piscina, mergulhos,
gelados, ainda mais gelados, almoços e jantares demorados… passaram a voar.
O diário de bordo regista dois acontecimentos fora de série: a picada de
alforreca/medusa do meu pequeno príncipe e a tentativa de agressão da minha
afilhadinha à miúda do biquíni amarelo que destruiu a tartaruga de areia.
Priceless.
Se é verdade que não se recupera o tempo passado – a vida
colocou-nos em países diferentes, não nos permitindo uma convivência mais
amiúde – o certo é que quando estamos juntos estreitamos ainda mais os laços que
nos unem e criámos memórias.
Gostamos muito uns dos outros e apreciámo-nos mutuamente.
A amizade das mães encontrou prolongamento nos filhos, que se entendem e se dão
como se crescessem juntos. São dois autênticos índios, com brincadeiras tontas
e gargalhadas barulhentas. Ainda que muitas vezes os tenha chamado à ordem,
admito que amizade que é amizade, é para viver estrondosamente.
Finda a estadia por terras de nuestros
hermanos, seguimos em direção à capital portuguesa.
Na tarde do dia que chegamos visitamos o Oceanário – o peixe-lua é um ser muito
estranho e aquele tubarão dentuço tinha alguma coisa contra mim – e demos a
voltinha na telecabine. As vistas sobre a ponte Vasco da Gama justificam o
preço.
No dia seguinte seguimos rumo a Belém, tendo abandonado o autocarro perto da
ponte 25 de Abril, por estar irrespirável lá dentro. O passeio junto ao Tejo é
muito agradável e dado a belas fotos – só comprometido pela má disposição da
criança. Vimos, por fora, o Padrão dos Descobrimentos, a Torre de Belém e o
Mosteiro dos Jerónimos. As filas intermináveis são um travão à vontade de
qualquer um.
Ali junto aos Pasteis de Belém – onde só uma gravidez justificaria a espera –
encontramos um casal amigo que, após nos mostrar o chão salgado onde um dia
fora a casa dos Távora, nos levou para a baixa da cidade e nos fez descobrir
pequenas maravilhas que passam despercebidas aos turistas menos atentos. Não
saberei identificar todas as ruas e monumentos que vimos, mas lembro-me do
Marquês de Pombal, Fernando Pessoa, Camões, Praça do Comércio, elevador de
Santa Justa, elevador da Graça e das vistas maravilhosas sobre a cidade, com o
Castelo de S. Jorge, a Sé e o Tejo em destaque. Fica para a memória o majestoso
jantar no Bairro do Avilez. Divinal. O espaço, a comida e, sobretudo, a
companhia.
No caminho rumo ao norte fizemos desvio pela Gafanha da
Nazaré porque, nas pequenas loucuras que se me acometem, queria visitar um
farol. Embora fosse o dia e hora indicados, não foi possível levar avante o
projeto. A desorganização da visita – não cheguei a perceber se era viável –
aliada à frequência hostil e à falta de lugares de estacionamento empurrou-nos
dali para o destino final: a santa terrinha.
Atracamos na casa dos avós até ao regresso à nossa, embora
com algumas saídas pelo meio:
- Tivemos o jantar no palácio dos compadres com a nossa grávida, que está
maravilhosa! As correrias dos dois índios com a Sky e o banho que se impôs após
aquele percalço na quinta ficarão na memória de quem lá esteve;
- Fomos, com a querida Sónia e o Francisco (que além de filho da minha amiga, é amigo do meu filho), à Feira Medieval de Santa Maria da Feira – vale a
pena e voltaremos;
- Ainda demos um pulo a Vila Real, para cinema e jantar com os compadres e as
nossas criaturas – as nossas saídas conjuntas são sempre animadas;
- E no demais foram passeios de mota do pequeno príncipe com o avô – ganhou uma
queimadura de grau desconhecido, mas de aspeto horroroso numa perna – idas ao
café emborcar mais gelados, brincadeiras com os primos, correrias pelos quelhos
atrás da bola, escapadelas para ir ver os gatos bebés na casa velha e voltar
cheio de pulgas ou lá o que era aquilo, algumas tentativas de passar horas a
jogar na tablete… e ajudar a mamã a fazer espanta espíritos com o sacalhão de
conchas que trouxemos de Espanha (eram tantas e tão lindas, que não pude resistir).
Se é verdade que o meu filhote demonstrou manter umas
arestas para limar (é teimoso e anda particularmente provocador, dizendo e
fazendo o contrário daquilo que sabe que esperam dele), no computo geral foram
dias prazerosos, de merecido descanso.
O pequeno príncipe divertiu-se imenso, permitindo-se
desfrutar de uma liberdade que não é possível no resto do ano. Fez amigos na
praia, fez amigos na piscina, fez amigos no tasco da terra e voltou convicto de
que metade da aldeia é família (o que não é verdade).
Com energias renovadas e marcas de guerra, regressamos ao doce lar, já com saudades
do mar e da dolce vita.
A três é que é bom!
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