quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Da prisão domiciliária

Felizmente que este pode ser o título desta entrada.

Agradeço aos céus por poder fazer uma piada parva com os dias de isolamento do meu pequeno príncipe, considerando-os como dias de prisão domiciliária e sem guardar uma recordação amarga da sua contaminação pelo coronavírus.

A taxa de contágio na sua turma e na estrutura de acolhimento era tal que não havia dúvidas que chegaria. Só não sabíamos quando.

Foi na quarta-feira, dia 26 de janeiro, às 7h e pouco da manhã. O meu pequenito acordou e queixou-se que lhe doía um pouco a cabeça. Os dois testes rápidos que fez (sim, que além da segunda linha ser muito ténue, não queríamos acreditar que o maldito bicho se tinha infiltrado em nossa casa e fizemos dois testes de enfiada) foram a revelação de que a “visita anunciada” chegara.

A dor de cabeça foi o único indício de que alguma coisa não estava bem no seu sistema. Não teve outros sintomas nem desarranjos.

Cada vez que lhe colocava a mão na testa era um alívio sentir a normalidade. Cada vez que lhe perguntava se se sentia bem e me dizia, sorridente, que sim, era um conforto desmedido.
Mas saber que o vírus circulava no seu corpo e que, a qualquer momento, poderia deixá-lo doente… deixava-me interiormente em pânico.

A impotência de uma mãe face à doença de um filho é a dor mais insuportável deste mundo.

Não sendo eu por natureza uma pessoa pessimista, mesmo agora que, supostamente já passou, não posso deixar de, lá no fundo da minha cabecinha, temer por eventuais sequelas que este malfadado vírus possa ter deixado no meu Amor Maior e que só o futuro poderá revelar. O medo do mal que lhe possa acontecer é tão grande que nenhum dado da ciência pode afastar.
Não obstante, sei que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para o proteger e tentar que não fosse contaminado. Mas tornou-se inevitável e aconteceu.

O que curiosamente não sucedeu foi um contágio coletivo em nossa casa. Não sou eu quem vai tecer considerações sobre o porquê e o porque não – até porque ninguém saberá dar uma resposta exata. Não aconteceu. E ainda bem.

Posso esclarecer, contudo, uma coisa: não foi por falta de contacto!

O meu menino, ainda não tinha sido apanhado nas malhas do vírus, e já perguntava: se eu apanhar o covid vocês vão-me isolar? É claro que não!

Embora o pai ainda tivesse questionado se não deveríamos pôr alguma distância entre nós (o que lhe valeu o ressentimento do filho durante uns dias), a mim jamais me passaria pela cabeça colocar o meu pequerrucho fechado no quarto – ou noutra peça qualquer da casa – longe dos meus braços e dos meus cuidados.

Senti outrossim, nestes dias, a sua enorme necessidade de conforto e de apoio. Procurava constantemente contacto físico, sentindo-se protegido no ninho do colinho da mamã. E, como sempre lhe digo, o meu colo será para sempre seu. É o lugar seguro para onde poderá/deverá sempre voltar, no matter what.

A três é que é bom!



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