Recordo, sem precisão do momento, quando, em conversa com o papa, concordávamos que para fazer crescer o nosso filho era necessário habituá-lo ao sentimento de frustração e permitir-lhe aprender a lidar com ela. Deixá-lo perder nos jogos e brincadeiras. Não lhe dar tudo o que quer. Dar-lhe, até, o que não quer.
É claro que isto já foi há anos.
Até então ainda não aprendeu.
A título de exemplo, ainda ontem me aborreci com ele quando,
tendo perdido contra o pai a jogar na consola, se pôs a chorar baba e ranho e a
protestar como um desmiolado.
É certo que esta dificuldade em lidar com a frustração não é
um problema só das crianças. Há por aí muitos adultos que também não sabem
gerir a raiva que sentem quando os seus desejos são contrariados.
Não invalida que a aceitação de que nem tudo vai correr a contento seja uma questão fundamental para o crescimento saudável.
Voltando ao episódio da consola, eu compreendo que o meu pequenote não goste de perder –
aparentemente este é mais um dado genético que lhe foi transmitido pela mamã,
que também não aprecia perder, nem a feijões – contudo, mais do que espernear e
fazer uma crise, importa refletir no que correu mal e no que pode fazer para
melhorar.
Perante a adversidade, importa assumir que, se não tem
solução, solucionado está.
Importa aceitar que na vida não vamos conseguir sempre tudo o que queremos nem
como desejamos.
Bem pelo contrário.
E ainda bem. Porque, convenhamos, muitas vezes não sabemos o que é melhor para
nós e se a vida nos coloca noutro caminho, será por alguma razão.
Estou convencida que, nos momentos de contrariedade,
desapontamento e desencanto, ter cimentado em nós que a frustração faz parte da
vida e saber aceitá-la é meio caminho andado para não deixar fugir a
oportunidade de fazer, se não melhor, pelo menos diferente.
Em modo de conclusão diria que, nesta dura profissão que é
ser mãe/pai, cabe-nos a estranha obrigação de frustrar os nossos filhos, para
que a frustração deixe de ser frustrante. Que belo trocadilho.
"Pedras no caminho, guardo-as todas. Um dia vou construir um
castelo." (citação sem fonte inequivocamente conhecida).
A três é que é bom!
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