O meu pequeno príncipe pediu-nos se podia frequentar o curso de língua e cultura portuguesa (ensino paralelo), do qual teve conhecimento nos derradeiros dias da segunda classe.
Explicamos-lhe que, tal como as demais atividades
extracurriculares, quando se começa é para seguir, no mínimo, até ao final do
ano letivo. Assentiu que sim, garantiu que gostaria muito e foi assim que em
setembro iniciou as aulas da língua materna.
O interesse pela formação é mitigado. Há temas que lhe
interessam muito – a Revolução dos Cravos – e colegas que lhe interessam ainda
mais: uma tal de Ana.
Assim, e apesar da motivação ter sido mais de ordem sentimental do que
intelectual, disse-nos que desejava renovar a inscrição para o próximo ano, o
que já está feito.
Pois bem, foi precisamente por organização da Coordenação do
Ensino e no âmbito das celebrações do dia mundial da língua portuguesa que
decorreu a apresentação do livro cujo nome é o assunto desta entrada: “A menina
que desenhava corações”, escrito e encenado por Sónia Sousa.
Pela sua autora, não poderia deixar de vos falar disto.
O livro é todo uma lição, mas a apresentação da Sónia Sousa
dá-lhe um alcance que só quem assiste pode testemunhar. Ri e chorei. Chorei e
ri. Eu, e a maioria dos pais que ali acompanharam os rebentos e que ficaram para a encenação. Gostei imenso. Obrigada Sónia Sousa.
O meu filho, ladeado da dita Ana – fervorosa entusiasta e
participativa – e do colega de turma – que parece viver a vida como um
frete – teve de ser alertado que se não se permitisse gostar, teríamos de
abandonar a sala antecipadamente.
A chamada de atenção teve os seus frutos, mas não deixou de
nublar um pouquinho o dia. Lamento tanto quando se deixa levar pelas emoções
dos outros, privando-se das que lhe são próprias e genuínas.
No regresso a casa tentou-me convencer que no início não
estava a achar muita graça às piadas da escritora – que trocava corações por
croissants e apelidava toda a plateia de Serafim ou Serafina.
Pode enganar muita gente. Mas a mim não me atira areia para os olhos.
Pela centésima vez expliquei-lhe que ele é livre de gostar do que quiser e que
a opinião dos outros vale zero, no que respeita os seus gostos pessoais.
Inclusive a minha. Eu não decido o que ele pode ou não gostar. Mas, ao
contrário desses outros, eu conheço-o. E sei quando está a ser outro Matias que
não o meu. O meu Matias é expansivo e alegre. Participativo e entusiasta.
Emotivo e vivo. É maravilhoso. E eu amo-o à exaustão.
A três é que é bom!
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