sexta-feira, 8 de julho de 2022

Do alto dos seus 9 anos

Comecemos pela parte factual: o meu pequeno príncipe já tem 9 anos. NOVE!

Uns dias antes da data do seu aniversário tive uma reflexão que além de aterradora, me deixou à beira da depressão: 9+9=18. Ou seja, outro tanto de vida do meu filho (que a mim me parece que nasceu ontem) e atingirá a maioridade.

Se isto não é avassalador, não sei o que seja. Esta consciência de que está cada vez mais perto de ficar longe, esta projeção num futuro próximo em que o meu rebento aparece mais alto do que eu (e já falta tão pouco!), de voz grossa e barba é-me insuportável.

Que saudades que eu tenho do meu bebé!

É claro que na caixinha das recordações desses primeiros tempos, só guardei a lembrança do aconchego gostoso, do bom que é ter um bebezinho nos braços e sentir o seu calor e o seu cheiro, o olhar penetrante e o seu sorriso doce e ternurento. As cólicas, as mastites, o vomitado, as horas ao colinho antes de adormecer… nada disso me lembro.

A realidade atual é menos idílica e mais pungente.

Nestes últimos tempos, partilho a vida com o que qualificaria como uma espécie de pré-adolescente que, além de teimoso como uma burra, demonstra uma enorme incapacidade de discernir o que é bom para si.

As ideias de jerico afluem com vivacidade, os interesses são determinados pela coletividade (gosta daquilo que os outros gostam, independentemente do que seja) e vive obcecado pelo que está para vir.
Neste quadro, é fácil colidirmos e chocarmos, tal é o enfoque do meu filho em caminhos tortuosos e perigosos.
Bem sei que tenho de o deixar cair e bater com a cabeça – para que retire o ensinamento dos próprios erros e para que possa aprender a levantar-se. Mas, até onde posso e devo tolerar que vá? Onde está o limite? Quando é que na minha tentativa de o proteger deixo de vestir a pele de mãe galinha, e passo para a pele de mãe manipuladora e restritiva?
Não é evidente.
E coloco-me muitas vezes em causa, no desejo de ser para o meu menino um pilar firme onde se apoiar toda a vida e não um cadeado do qual deseja libertar-se.

Comunicação, compreensão, tolerância, empatia e muito Amor serão, certamente, as chaves para levar este barco a bom porto. O vento nem sempre é favorável, mas ajustando as velas, havemos de chegar. Muss! 

Nunca ninguém disse que seria fácil, apenas que valeria a pena (autor desconhecido).

A três é que é bom!



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