Quando re-cheguei ao Luxemburgo, e numa tentativa vã de valorizar o meu CV, decidi inscrever-me num curso de alemão. A formação destinava-se a adultos analfabetos na língua germânica. Ou seja: nível para principiantes.
Num ano de formação, 90 minutos por semana, além das frases
elementares que nos ensinam quando aprendemos uma nova língua, decorei a
seguinte máxima: “Ich spreche nach ein bisschen Deutsch” (eu já falo um pouco
alemão). É mentira. Mas pelo menos essa frase não esqueci.
De entre as bases que assimilei em alemão, aprendi que
quando me perguntam “de onde é que vens”, a minha resposta é “ich komme aus
Portugal.”
Antes de ontem, enquanto revia os trabalhos de casa com o meu pequeno
príncipe, caí numa ficha que tinha feito na escola, cuja missão era responder a
algumas perguntas com vista à sua apresentação. E, curiosamente, à questão “wo
kommst du?” ele respondeu “ich komme aus Pétange”.
Hum... é verdade. Quando nasceu vivíamos naquela localidade, de
modo que a sua origem é, a bem dizer, ali. Mas a sua resposta soou-me estranha,
esquisita!
Fez-me refletir que as nossas origens não são propriamente o
sítio onde vimos a luz do dia pela primeira vez. Podem ser coincidentes, mas
muitas vezes não há nada que nos ligue ao local/país do nascimento.
O meu filho pode indicar Pétange como a terra natal, mas o
seu coração é todo luso. Independentemente de hoje ter duas nacionalidades, a
sua génese é toda portuguesa. É um português que não vem de Portugal. Um
português do mundo.
A três é que é bom!
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