sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Ich komme aus...

Quando re-cheguei ao Luxemburgo, e numa tentativa vã de valorizar o meu CV, decidi inscrever-me num curso de alemão. A formação destinava-se a adultos analfabetos na língua germânica. Ou seja: nível para principiantes.

Num ano de formação, 90 minutos por semana, além das frases elementares que nos ensinam quando aprendemos uma nova língua, decorei a seguinte máxima: “Ich spreche nach ein bisschen Deutsch” (eu já falo um pouco alemão). É mentira. Mas pelo menos essa frase não esqueci.

De entre as bases que assimilei em alemão, aprendi que quando me perguntam “de onde é que vens”, a minha resposta é “ich komme aus Portugal.”

Antes de ontem, enquanto revia os trabalhos de casa com o meu pequeno príncipe, caí numa ficha que tinha feito na escola, cuja missão era responder a algumas perguntas com vista à sua apresentação. E, curiosamente, à questão “wo kommst du?” ele respondeu “ich komme aus Pétange”.

Hum... é verdade. Quando nasceu vivíamos naquela localidade, de modo que a sua origem é, a bem dizer, ali. Mas a sua resposta soou-me estranha, esquisita!

Fez-me refletir que as nossas origens não são propriamente o sítio onde vimos a luz do dia pela primeira vez. Podem ser coincidentes, mas muitas vezes não há nada que nos ligue ao local/país do nascimento.

O meu filho pode indicar Pétange como a terra natal, mas o seu coração é todo luso. Independentemente de hoje ter duas nacionalidades, a sua génese é toda portuguesa. É um português que não vem de Portugal. Um português do mundo. 

A três é que é bom!



Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.