Eu não sou consumidora de televisão – no sentido abrangente, que inclui cinema, internet e plataformas de streaming. Sou quase uma espécie de info excluída, porque não acompanho (por falta de tempo e pachorra) as séries e filmes que toda a gente vê.
Não vejo, mas oiço falar.
O problema é que, não raras vezes, é o meu filho quem chega
a casa a falar-me dessas novidades.
Aconteceu com a Casa de Papel - cantarolava a “Bela Ciao” com 5 anos, porque
ouvia a musica na Maison Relais (nota: o seu grupo era dos 4-6 anos).
Aconteceu com o Naruto, aos 6 anos, porque dois colegas de
escola tinham “cartas” e o educador da Maison Relais os deixava ver a série do
portátil.
Ainda não aconteceu com Squid Game. Ou pelo menos ele nega
andar a jogar a brincadeiras violentas inspiradas em séries da Netflix. Fruto
de todas as notícias que correm sobre esta nova série, o meu marido tem-no
bombardeado com questionamentos e, ao que parece, ainda não se expandiu pelo
seu ciclo de contactos.
Estamos de olho!
Que ele me chegue a casa a falar do Spiderman, do Pokemon e
do Dragonball, eu até compreendo. São desenhos animados que ele não vê – porque
considero que daí não tira nenhum proveito – mas que são mais ou menos para a
sua idade.
O que eu não entendo é: como é que os outros miúdos chegaram
ao conhecimento de séries para maiores de 16 ou 18 anos? Não me venham com a
história de que vêm por causa dos irmãos mais velhos. Em minha casa não há irmãos
mais velhos, mas há controlo parental – não apenas na aplicação, mas na
presença e acompanhamento. Controlamos o que o nosso filho vê na televisão.
Nunca tem acesso livre à tablete, computador ou smartphone.
Se ele aprecia as restrições? Não, não aprecia. Pede muitas
vezes para ver desenhos animados sem conteúdo. Mas a resposta é inequívoca: ou vês
o que é adequado para a tua idade ou apagas a televisão. Tão simples.
Nós fazemos o nosso trabalho. Outros pais não. E por culpa
deles, sofrem todos. Porque na escola e no acolhimento os maus exemplos
espalham-se como rastilho de pólvora.
Quase me apetece dizer: que bom que seria voltar à idade da
pedra.
A três é que é bom!
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