Educar uma criança é uma responsabilidade incrível. Todos os dias me questiono se estou a fazer o que é certo. E todos os mesmos dias me censuro por não ter sabido/conseguido ser aquela mãe idealizada que eu tenho em mente.
Almejo ser aquele tipo de mulher que consegue dar vazão a
tudo, que está sempre sorridente e bem-disposta, que nunca grita com os filhos,
que é compreensiva, meiga, presente… E não sou nada disso.
De entre todas essas coisas que não sou, o que mais me afeta
ainda é ser uma mãe que passa o dia fora, que demora séculos a chegar a casa.
Sofro pelo tão pouco tempo que passo com o meu pequeno príncipe.
Sofro por mim. E sofro por ele.
Eu sei que o meu filho gostaria que um dos pais tivesse mais
tempo para ele, para não ter que ir para o acolhimento e poder vir para casa
ver televisão. Estou bem ciente disso.
Mas não é por essa razão que eu lamento não ter mais tempo.
É porque passar tempo com ele me permitiria aproveitá-lo ao máximo e evitar-me-ia
todo o trabalho extra que me exige a sua educação pelo facto de estar tanto
tempo exposto a influências nefastas.
A esmagadora maioria dos miúdos de hoje é tão mal-educada –
não falo de dizer palavrões (alguns também!), mas da falta de empatia,
camaradagem, amizade, cumplicidade, solidariedade – que todos os dias tenho de
fazer uma lavagem cerebral ao meu filho para lhe limpar a alma das crueldades/atrocidades
que vê, ouve e sente.
Ontem, por exemplo, quando estávamos ambos no chuveiro para
lhe dar banho, enche o peito e vira-se para mim, naquela atitude de rambo, de
quem é grande e forte. Não me encostou nem pronunciou nada. Mas aquela atitude
não é sua e logo perguntei: onde viste isso? Na maison relais? Os “grandes”
fazem-te isso? Claro que a resposta foi a que eu já adivinhava. É empurrado, abalroado
pelos miúdos mais velhos só porque sim. Disse-me que fez queixa à responsável e
que esta ralhou com os malfeitores – veremos se fica por aqui.
Mas uma coisa já ficou: o mau exemplo! Por isso, lá lhe expliquei que só porque
somos maiores e mais fortes isso não nos dá o direito de ameaçar ou atacar os
mais pequeninos. “Eu sei mamã!” – disse ele. Eu sei que ele sabe, mas não o
impediu de replicar a atitude.
Quando tanto do que nos rodeia é mau, é difícil continuar-se bom.
Sinto-me numa guerra sem tréguas. Verdadeiramente.
Mas, parafraseando aquele grande “poeta” que só quem vê
novela conhece: “eu dou um boi para não entrar numa guerra, mas dou uma boiada
para não sair dela!”.
A três é que é bom!
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