Uma das coisas que não consigo fazer durante a semana, e que lamento, é caminhar. Embora vá a pé levar o meu príncipe à escola e faça pequenos trajetos na hora do almoço, são pouco mais do que meia dúzia de metros e não chega para ser qualificado como caminhada. Tem dias que os passos efetuados não bastam para que não seja classificada como uma pessoa sedentária.
Por conseguinte, ao fim de semana temos de compensar.
A tarefa “ir passear o Mickey” tem, portanto, um significado
muito mais abrangente que o simples facto de levar o cão à rua. É claro que
todos os dias sai: de manhã vai connosco à escola; à tarde vai buscar o dono ao
acolhimento; e à noite dá mais um giro. Mas ao sábado e domingo prevemos sempre
um grande passeio, para que possa esticar as pernas – ele e eu também.
O papa nem sempre nos acompanha – ocupado a cumprir outras
lides – mas o pequeno príncipe não tem escapatória.
Já contei que refila e reclama e faz todo um cinema para
sair, convencido que, se ficasse em casa, poderia alapar o cu no sofá a ver televisão.
Mas não lhe serve de nada. “O cão é teu, tens de te ocupar dele” – frase que uso invariavelmente, para lhe incutir
o sentido da responsabilidade.
Portanto, obrigado a sair, uma parte do trajeto – quando não
todo – é passada a barafustar. Porque isto, porque aquilo, patati, patata.
Embora na esmagadora maioria as nossas saídas acabem por ser,
finalmente, extremadamente agradáveis e gratificantes, é cansativo ouvir a
mesma ladainha, como um disco riscado. Por isso, tento distraí-lo das
barbaridades que diz, arrastando a conversa para outro assunto que não seja o “passear”
e mostrando-lhe as coisas singulares que cruzamos no caminho. Procuro chamar a
sua atenção para detalhes na paisagem, as cores, os sons, as obras de arte que
a natureza cria, sem a mão do homem.
Nos dois últimos fins de semana decidimos apanhar castanhas
(daquelas que não são comestíveis) para fazer o que eu chamei “um projeto de
outono”.
E no domingo à tarde, depois de uma excursão em família pela floresta,
estivemos a conceber, a 6 mãos, a nossa coroa outonal. O pequenote bem que se
divertiu a perfurar, com a ajuda do papa, as castanhas com a máquina de furar.
Não tendo resultado numa coisa espetacular – porque me
faltava algum material – foi elaborada num momento de partilha e isso é que é o
mais importante. O tempo que passamos juntos. O tempo que dedicamos uns aos
outros. O amor.
A três é que é bom!
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