quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Dos doces momentos

A vida é feita de momentos grandiosos dos quais guardamos milhões de fotos, de vídeos e de memórias. Recordamos com um suspiro a última ceia de Natal, as últimas férias, o último encontro com aqueles que amamos.

E nesta ânsia das ocasiões empolgantes, acabámos por passar ao lado de uma série de pequenos acontecimentos que, sem serem especialmente vistosos, quando nos focamos neles reconfortam o dia a dia e amparam-nos numa existência que nem sempre corresponde às nossas expectativas.

Ontem, enquanto lavava minuciosamente as tronchudas que os meus pais nos enviaram (porque são, dizem eles, biológicas e inigualáveis a quaisquer outras que pudéssemos comprar no supermercado), o meu filho veio colocar-se ao meu lado para jogarmos a uma espécie de quiz.

As perguntas estão plasmadas nas pequenas cartas que anda a colecionar (sua mais recente obsessão), incidindo, grosso modo, sobre agricultura e produtos locais.

Já não sei se respondi corretamente ou não às 2/3 primeiras perguntas, mas sei que a partir de uma altura ele me veio repenicar um beijo na bochecha porque eu tinha acertado na resposta. Perguntei se era o meu prémio por ter respondido corretamente e ele assentiu. Não podia devolver o beijo, apenas recebê-lo.

Não consigo imaginar recompensa mais gratificante!

Felizmente para mim que as perguntas não eram complicadas, pois jamais me perdoaria de perder uma oportunidade daquelas de receber, assim, espontaneamente, tantos beijinhos do meu pequeno príncipe.
Sim, que do alto dos seus 8 anos, dar beijos à mãe não é quando ela quer, é quando ele decide que lhe apetece e que ela merece.

O papa, que consegue ser pior do que eu nesta cata ao carinho, veio sorrateiramente encaixar-se no jogo e juntos partilhamos um momentinho delicioso que, sem ser estrondoso, conseguiu fazer transbordar os nossos corações de amor.

A três é que é bom!




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