No meu dia a dia desempenho imensas profissões. De uma recebo o salário, de outras louvores e agradecimentos. Da mais exigente de todas recebo de tudo: beijos, abraços, carinho, gratidão e muitos desaforos. Refiro-me, naturalmente, ao meu papel de mãe.
Não há manuais a explicar o funcionamento dos filhos, tal
como não existem livros que expliquem como se faz uma boa mãe.
Acho que é uma carreira que se constrói em conjunto, com avanços
e recuos, adaptações e atualizações. Requer muita paciência, muita compreensão,
resiliência e, acima de tudo, amor, doses extra de amor.
É um caminho para a vida, sem nunca chegar à meta.
Eu não tenho qualquer dúvida de que sou muito importante na
vida do meu filho e de que perderia o norte sem mim. No entanto, custa-me
entender como consegue, em determinadas ocasiões, ser cruel ao ponto de me
dizer: eu não gosto de ti! E pior: eu odeio-te!
Bem sei que são desaforos e a maneira dele de descarregar raivas acumuladas –
muitas vezes noutros contextos, que nada tem que ver comigo e/ou com as nossas “discussões”.
Não fico magoada nem rancorosa, embora me sinta triste – não tanto pelas
palavras (que sei que são mentira) mas pela intenção. Como é que é capaz de
querer magoar-me?
Eu costumo dizer-lhe: se tu dizes que me odeias é sinal que
estou a desempenhar bem o meu papel de mãe. E tenho a certeza de que ao
colocar-lhe limites estou, de facto, a fazer o que é certo.
Esta manhã fui presenteada com um “não me chateies”, só
porque lhe dizia para vestir o casaco em condições e colocar a mochila direita
às costas.
Má educação e arrogância não são bem-vindas na nossa casa pelo que apenas lhe
respondi: “se é isso que tu queres, é o que vais ter”. Para bom entendedor,
meia palavra basta. Não precisei esclarecer o alcance que queria que deduzisse das
minhas palavras (que, obviamente, jamais seria capaz de levar a cabo) e logo me
pediu desculpa, mudando de tom.
Errar é humano. Nem sempre fazemos o certo. Reconhecer as
nossas falhas e saber pedir desculpa é uma virtude que poucos têm.
Tanto orgulho que tenho neste meu filho! E um amor
incomensurável.
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