Eu sou perentória nesta minha acusação! Os ecrãs são o inimigo número um das nossas crianças e jovens. E até de muitos adultos.
São a televisão, os computadores, as tabletes, as consolas e
os telemóveis. Vale tudo. Com propostas que vão de desenhos animados e séries perfeitamente
inócuos a conteúdos incitando a guerra e a destruição - despertando nas cabeças
dos espectadores/jogadores o pior do ser o humano - há para todos os gostos.
Criam uma dependência tão mas tão incontrolada, que mais
parece uma droga.
E de quem é a culpa? A resposta está-me na ponta dos dedos: dos pais e cuidadores, que para terem momentos tranquilos e se furtarem às suas responsabilidades, dão a “maminha tecnológica” aos miúdos, desde tenra idade, incutindo-lhe o vício. À mingua de ideias para ocupar os filhos, e sem vontade de os aturar, dão-lhe, muitas vezes espontânea e automaticamente, os ecrãs para as mãos – pois assim não há birras.
E por essa via, graças à constante estimulação dos ecrãs, as crianças tornam-se incapazes de momentos de ócio e
inatividade, sempre em busca de mais e mais, não sabendo gerir o tempo morto.
E eu não sou um exemplo neste assunto! E lamento por isso.
Quando o meu filho não queria comer a sopa – por volta dos 2
anos e pouco – para o entreter comecei a mostrar-lhe o Ruca. E funcionou. Conclusão:
durante uns longos meses (2 anos?) só com a porcaria dos desenhos animados
comia a sopa. E isso tornou-se um problema. Não, não podíamos permitir que os ecrãs
se infiltrassem na hora da refeição. Por isso foi feito o desmame e os ecrãs
proibidos à mesa.
Contudo, e porque o vício já lá estava, passou a ver
televisão em horários pré-determinados e com limite de tempo. Escolhíamos criteriosamente
os conteúdos e, devo reconhecer, vários foram os episódios que aproveitei para
lhe “fazer a moral” sobre os assuntos mais variados. Com o crescimento passou a
ver desenhos animados com vertente mais educativa - os Octonautas são um exemplo
de tempo bem aproveitado à frente da televisão – e, forçosa e inevitavelmente, a jogar na
consola. Temos uma Wii, que não teve (felizmente) o poder de o prender. No Natal
passado, e ainda que não tivesse sido uma escolha muito consensual, acabou por
receber uma Switch. E foi um erro. Não é capaz de se controlar e, se o deixasse,
jogava dia e noite. Obviamente que não acontece. Mas ele gostaria. E isso
enerva-me tanto que até dói.
Eu sei que esta guerra não é só minha e que outros pais se
vêm a mãos com problemas de excesso de ecrã e de estupidificação dos filhos. Só
há um caminho: reagir. E reagir com força e perseverança. Impor limites,
controlar conteúdos e estimular as nossas crianças para fazerem outras coisas:
brincar na rua, fazer desporto, aprender musica, ler, pintar, construir,
destruir, experimentar. Mas nunca desistir e em momento algum ceder ao
facilitismo que é dar-lhes a “maminha tecnológica” para as mãos.
A este propósito alerto que o esforço na educação deve ser
conjunto e que os pais têm de seguir lado a lado na prossecução do que é melhor
para os filhos, esforçando-se por serem, eles próprios, um exemplo. Tenho dito.
A três é que é bom!
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