terça-feira, 7 de setembro de 2021

De um novo recomeço

Ser-me-ia impossível retomar o fio da meada e contar-vos tudo o que vivemos desde a última vez que escrevi neste blog. Há meses que não partilho os nossos momentos e lamento por isso. Lamento porque a minha memória é fraca e o muito que ficou por dizer provavelmente esquecerei.

Há, contudo, episódios que estão bem presentes na minha cabeça e, alguns deles, que me atormentam um pouquinho.

Desde o início do ano que o meu pequeno príncipe tomou consciência da morte e isso tem-no afetado no seu dia a dia. Tenho a certeza que a pandemia já lhe andava a trabalhar na cabecinha, mas a queda de fevereiro, de que vos falei, acabou por despoletar  a coisa e desencadear noites de choro e medo de morrer e só na cama dos pais encontrou conforto. 

Seguiram-se receios de sufocar, receios de ataques cardíacos, receios de ossos partidos... Tudo e durante meses! A tal ponto de quase deixar de comer. Nos dias anteriores a iniciarmos as férias, pensei enlouquecer. Nunca tinha tido problemas com a alimentação. NUNCA. E de repente via-me horas à mesa, a tentar convencê-lo a comer, e a vê-lo dar voltas e voltas à comida na boca, até acabar mastigada na beira do prato. O que fazer? O que fazer?

Pus-me um limite: se as férias (que já não fazíamos desde 2019) não permitissem trazer o meu filho de volta, no regresso a casa procuraríamos ajuda especializada. 

As férias foram imensamente curtas! O que só por si diz muito sobre o quanto foram imensamente maravilhosas.

Embora o meu Matias não tenha voltado a 100%, vi-o feliz e descontraído, a aproveitar o amor dos avós e a liberdade de quem vive no campo, a brincar com crianças que partilham dos seus gostos e do seu bom coração, a superar o receio de andar de motorizada, a permitir-se viver sem o constante medo de morrer.
Nem tudo foram rosas, obviamente: abusou do ecrã, refilou por ir para a praia (porque é que todas as crianças preferem a piscina?), pedinchou porcarias em todas as oportunidades e não se alimentou convenientemente. 
Não obstante, voltamos a casa com a vontade de regressar o quanto antes para os abraços de quem gosta de nós (tal como nós gostamos deles), para o sol e para o mar. 

E como estamos de saúde? 
Fomos à pediatra fazer um check-up para o desporto e, de acordo com a médica, está bem. As questões do medo e fobias ficaram em aberto, para ver se justificam outro tipo de acompanhamento. No demais, constatou que cresceu bastante mas também que emagreceu - não só afinar a silhueta mas no sentido de perder peso. Visto que durante uns dois meses se alimentou horrivelmente, não me chocou. Mas a ele parece que sim, porque desde então voltou a comer como um grande. Que contente que estou! Ufa. Não me consigo conciliar com uma criança que não se alimenta. 

Parece-me, no fim de contas, que estamos perante um novo recomeço - a diferentes níveis, nomeadamente no voltar a escrever no blog e partilhar, para memória futura, o quanto é "dificilogratificante" ser mãe. 

A três é que é bom!






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