segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Das deduções hilariantes

Esta é uma daquelas histórias que tenho mesmo de partilhar. Não me quero esquecer que isto aconteceu. Só lamento não ter uma foto para ilustrar o momento em que quase me abafo de tentar conter o riso.

Comecemos.

Na passada sexta-feira, a caminho da escola, o meu pequeno príncipe, enquanto dava mimos ao cão, dizia-me:

- “Mamã, quando o Mickey tiver bebés, e os bebés dele tiverem bebés e depois estes tiverem bebés (sim, são muitas gerações, mas a conversa foi esta e não vou distorcê-la), eu, como vou ser veterinário, vou abrir-lhes a barriga para lhes tirar os bebés.”

Expliquei-lhe que o procedimento normal não é ter de abrir a barriga às mamãs para tirar os bebés e que a cadela deveria conseguir ter os filhos sem a operar. Só seria necessária a ingerência do veterinário se alguma coisa corresse mal.

Neste ponto, o meu pequenito lembrou-me que nascera graças à intervenção do médico que me abriu a barriga – tivemos esta conversa por causa da cicatriz da cesariana. Eu confirmei, dizendo-lhe que fora apenas porque ele não estava a conseguir sair sozinho. Tinha o cordão umbilical à volta do pescoço, o que o impediu de nascer por parto natural.

Após me ter questionado se podia ter morrido e eu lhe assegurei que esteve sempre tudo controlado e que nunca duvidei que sairíamos os dois ilesos daquele parto, o meu filho, ligando as pontas, vira-se para mim e pergunta: “e então, quando não é pela barriga, saem por onde os bebés? Pelo cu?!”

Quase me desmanchava! Ao mesmo tempo que me ocorria que nunca me tinha feito esta pergunta, vi-me obrigada a um esforço descomunal para não rir às lágrimas.

É claro que a sua interrogação tem lógica. Tem de haver a way-out para os bebés.  

Felizmente estávamos a chegar à escola e não havia tempo para muitas explicações, por isso, sucintamente disse-lhe que as senhoras têm uma saída na pombinha que é para os bebés nascerem. Não é por onde sai o xixi. É um buraco especial. E isso faz de nós, mulheres, seres tão mágicos, capazes de dar à luz. Não se pronunciou e seguiu caminho, em direção ao terceiro dia de escola.

No regresso a casa o Mickey olhou várias vezes para mim, a perguntar-se se me estava a dar alguma coisinha ruim… É que me ri tanto, tanto que as bochechas me doíam.

(Ainda não me voltou a falar do assunto – medo!).

A três é que é bom!



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