sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Coração partido

No meu último post neste blog prometi que vos falaria da entrada do meu príncipe na dita "Maison Relais" - espécie de ATL, onde os miúdos ficam nas férias e durante os períodos em que não têm aulas e os pais estão a trabalhar.

Como na próxima sexta-feira começa a escola obrigatória para o meu piolho - aos 4 anos! - deixar a creche era inevitável e ingressar na MR uma consequência. 

Assim, e para que não fosse tudo uma novidade ao mesmo tempo, optámos por colocá-lo na MR logo a seguir às férias - para se habituar e para fazer amiguinhos novos, que muito provavelmente (alguns, pelo menos) serão companheiros de turma.

Vai daí que desde o dia 23 de agosto que o meu pequenino está em sofrimento. Sim, sofrimento!

Os 3 primeiros dias frequentou a MR de forma progressiva. Eu fiquei em casa nesse período precisamente para que não fosse uma entrada brusca na nova etapa da sua vida. 

No primeiro dia, quando chegamos, não havia uma alma que nos orientasse. Foi preciso pedir que nos explicassem as regras para deixar e ir buscar as crianças. Lá nos mostraram o cacifo dele e onde deveria deixar o casaco e as sapatilhas.
Feitas as despedidas, dizendo-lhe que tudo iria correr lindamente, lá tive de o empurrar para a sala. É claro que o menino ficou tímido, mas sem chorar - como um grande. 
Quando o fui buscar - 4 horas depois - estava aflito por ir à casa de banho. Não teve coragem de pedir e ninguém foi capaz de o ver "à rasquinha" - sim, que as crianças dão sinais claros quando precisam fazer xixi...No dia seguinte tive de alertar os educadores para esse assunto. 

Logo no segundo dia percebi que a alimentação seria um problema - porque ficou até às 14h00, para poder almoçar lá. 
Não só tem que pegar sozinho na comida como ninguém se preocupa se come ou se não come. A educadora não fazia ideia se ele tinha almoçado bem e foi ele quem me disse que não tinha comido... Chegou a casa capaz de devorar um leão (o que tem acontecido todos os dias!). Aparentemente a comida é sem sabor (palavras de uma educadora) e as crianças, no geral, não apreciam. Não percebo como é que ainda ninguém fez nada... 

No terceiro dia ainda se aguentou. Dizia-me que estava a gostar, embora eu o visse com pouco entusiasmo. 

A partir do momento em que voltei ao trabalho (dia 28 - 4º dia), o discurso mudo. Diz-me que não gosta da MR e que antes queria estar na creche. As educadoras dizem que se porta bem, mas que durante o dia pergunta mil vezes quando a mamã o vai buscar. Ele próprio confidencia-me que chora um bocadinho (as educadoras nunca mo disseram - provavelmente nem vêm - aliás, de manhã tenho de o empurrar sala adentro e não há um paspalho que levante o cu da cadeira para o confortar...). E chega a casa esfomeado.

Se é verdade que lá se comporta como deve de ser, o certo é que chega a casa nervoso e quezilento. Nota-se que ali vive stressado e em contenção. Não consegue ser ele próprio e, portanto, sente-se infeliz. Parte-me o coração!

E então ontem à noite tive de fazer um esforço imenso para não chorar. Antes de dormir pediu-me para ver a tela que lhe ofereceram na creche, no último dia, que tem fotos dos seus 3 anos naquela instituição - com os coleguinhas e com a equipa pedagógica. Vira-se para mim e diz: mamã, tenho tantas saudades das "maîtresses". E eu entendi que o que lhe está a fazer falta naquela porcaria da MR é um pouquinho que seja de atenção daqueles estupores que lá trabalham. 
Bem sei que são muitos miúdos, mas será que não há tempo para criar laços? São apenas números? 

Estou destroçada. 
Tenho sido paciente - mais do que o pai - com as birras dele - que são apenas a exteriorização da angustia que sente. E tenho explicado que a MR tem um monte de coisas boas: meninos da idade dele, saídas ao parque e ao cinema, que o papa ali pode ir buscá-lo (na creche era sempre eu...). Tento animá-lo e convencê-lo. A ele e a mim!

A minha esperança é que, começando a escolinha, ele pouco tempo vai ficar na MR. E torço - com muita força, a ponto de quase rezar - para que a professora seja humana. Basta-me isso para ter a certeza que o resto correrá bem.

Amo-te filho!

Foto: Memória de dias felizes, na creche (14.06.2017)


1 comentário:

  1. Estas mudanças são sempre difíceis, mas sem atenção e mimo ainda pior.
    O Vicente também mudou do Gove para Baião e a adaptação tem sido difícil, diz que os meninos se portam mal e não gosta deles. Felizmente, tem muito apoio e atenção das responsáveis...espero que se adapte aos meninos.
    Beijinhos para vocês ��

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