Ainda grávida, mais do que a hora H, temia a iniciação à amamentação.
Dona de peitos sensíveis, sem formação de bico, e filha de mãe com experiência negativa no que toca o aleitamento materno, o cenário desenhava-se difícil.
E foi.
Ao segundo/terceiro dia depois do nascimento do pequeno príncipe, tinha os peitos em ferida. As dores eram imensas. O ato de amamentar uma tortura. Recomendaram-me o uso de bico em silicone. Ajudou. Mas ainda assim, e até sarar as gretas, cada mamada era acompanhada de lágrimas a escorrer pela cara abaixo. Nem consentia que me falassem, concentrada naquele momento, a tentar esquecer a dor e a vontade de desistir.
Mas dizia a mim mesma que tinha de "me fazer de forte" porque nada há de melhor para um bebé do que o leitinho da mamã (sem esquecer a praticabilidade e a economia). E que, depois daquele ponto de sofrimento, a coisa só podia melhorar...
Além disso, eu precisava que ele mamasse, para me aliviar do imenso desconforto do peito cheio de leite...
Nessa convicção e persistência, ao fim de uns dias (ainda que longos e dolorosos) amamentar passou a ser um ato natural e reconfortante. Sem qualquer dor ou desconforto.
Amamentei em exclusivo até aos 5 meses do meu filho, altura em que iniciamos a introdução dos legumes.
Quando voltei ao trabalho, depois da gravidez, (já ele tinha 10 meses) , consegui manter a amamentação porque já só mamava de manhã e à noite (às vezes à tarde, quando regressávamos a casa).
Entretanto, desde janeiro último, passou a mamar apenas do peito direito, dizendo que o outro estava seco. Na verdade sempre teve leite, mas, não sei porquê, o pequenito deixou de pegar no peito esquerdo.
Muitos me perguntavam (incluindo o meu médico de família e a pediatra) até quando pretendia amamentar...
Inicialmente tinha estabelecido que amamentaria até aos 2 anos de idade do meu filho - se ele assim quisesse e até porque a OMS recomenda a amamentação até essa idade.
Contudo, chegados a junho passado, e tendo lido sobre o desmame, concluí que seria o pequeno príncipe a decidir quando deveria deixar a mama. Não lhe quis impor a rutura, sendo certo que a mim não me fazia qualquer repugna ou desarranjo amamentar. Os dias difíceis da iniciação ficaram bem lá atrás.
Por conseguinte, e consequência do desinteresse manifestado durante as férias em Palma de Maiorca, foi assim que na sexta-feira passada amamentei pela última vez, quando o meu rebentinho, já com 2 anos e quase 2 meses de idade decidiu largar o peito e encerrar este capítulo.
Sinto-me orgulhosa por ter conseguido resistir à imensa tentação de desistir. Teria sido o caminho mais fácil, na altura. Escolhi o mais difícil.
E valeu a pena. Cada lágrima derramada ficou largamente compensada pela simplicidade/facilidade/comodidade que se tornou amamentar.
Ao meu marido fica o agradecimento pelas tentativas de me dar coragem naqueles primeiros dias. Sei que teria trocado de lugar comigo, se pudesse.
A três é que é bom!
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